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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Que denominação é esta?


Esta é uma pergunta que de um modo geral se faz quando se dá um folheto, ou quando convidamos a alguma reunião para o estudo da Palavra de Deus. Sem dúvida é uma pergunta sábia, especialmente nestes dias de tanta confusão.

Mas, o que teria acontecido se a mesma pergunta houvesse sido feita nos dias dos apóstolos? Suponhamos que você tivesse vivido naquela época, e um dia se encontrasse com o apóstolo Pedro e lhe perguntasse: 

-- Pedro, que denominação é esta? 

Você pode imaginar a resposta? Pedro, sem dúvida, teria coçado a cabeça completamente perplexo, porque não haviam denominações na sua época. O crente procurava seguir a ordem divina.

Deus tem uma Igreja neste mundo, mas não é uma organização da qual você pode por si próprio tornar-se membro. É possível fazer-se membro de uma "igreja" feita por homens, e depois "deixá-la" se você não ficar satisfeito. Mas você nunca poderia fazer a si mesmo membro da Igreja de Deus, a qual é chamada "a Igreja do Deus vivo" (1 Timóteo 3.15).

Temos que voltar ao fundamento, o qual é Cristo. "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11). A Palavra de Deus nos diz que somos pecadores culpados diante dEle, perdidos em nossos pecados e "por natureza filhos da ira" (Efésios 2.1-3). Mas Deus, em Seu amor e misericórdia, enviou Seu próprio Filho a este mundo para pagar por nossos pecados na cruz.

Primeiro o Senhor Jesus veio a Seu próprio povo terreno, Israel. "Veio para o que era Seu e os Seus não O receberam" (João 1.11). Então, foi entregue para morrer na cruz pelos pecados de todo o mundo. Triunfante, Se levantou de entre os mortos, ascendeu à destra do Pai, e enviou o Espírito Santo ao mundo no dia de Pentecostes.

Com Sua ascensão e a vinda do Espírito Santo, havia chegado o tempo, no programa eterno de Deus, de colocar de lado a nação de Israel, e trazer uma coisa completamente nova -- Sua Igreja. É chamada "Igreja, que é o Seu Corpo" (Efésios 1.22,23).

Sua Igreja não é "denominada". Isto é, não tem nome dado pelos homens, nem é uma organização humana, porém é composta de pessoas salvas, tanto judeus como gentios. Não tem lista de membros na terra, e ninguém pode fazer-se membro dela. Mas quando alguém vem a Deus como um pecador culpável, e recebe ao Senhor Jesus Cristo em seu coração como seu Senhor e Salvador, seu nome está escrito no Céu e imediatamente é "acrescentado" à Igreja pelo próprio Senhor (Atos 2.47). Passa a levar, então, o nome de seu Salvador, e é feito uma "nova criatura" em Cristo (2 Coríntios 5.17). Não necessita outro nome e nem precisa fazer-se membro de algo inventado pelo homem.

Durante o tempo primitivo da Igreja, os crentes se reuniam simplesmente para estudar a Palavra. Não tinham nomes ou organizações denominacionais, e nem o mecanismo da atualidade. Mas as idéias mundanas penetraram mais e mais, e a simplicidade devida a Cristo desapareceu (2 Coríntios 11.3). O homem religioso sempre está acrescentando algo à ordem simples de Deus.

Deus não é o autor de nenhuma denominação. Algumas delas abraçam algumas verdades bíblicas muito sadias, e têm muitos crentes, nascidos de novo, em suas organizações. Mas os crentes são assim divididos uns dos outros por seus nomes. Isto é um pecado contra Deus.

Os crentes primitivos não se "denominavam" ou tinham nomes postos por eles. Eram conhecidos por termos como "discípulos", "crentes", "santos", "cristãos", ou qualquer nome que pudesse ser levado por TODOS os crentes. Não temos nenhuma base bíblica para levar um nome que não possa ser levado por todos os filhos de Deus neste mundo. Fazer isto é querer dividir o "um só Corpo" de Cristo (1 Coríntios 12.12).

O Filho de Deus deve ter um sadio e inteligente conhecimento da Palavra de Deus. Não deve estar em jugo desigual tendo comunhão com os inconvertidos, mas deve "sair do meio deles" como nos diz 2 Coríntios 6.14-18.

O crente deve honrar o Senhorio de Cristo, reconhecendo-O como Senhor. O mundo religioso Lhe nega esta honra e quase universalmente se refere a Ele como "Jesus", o nome de Sua humanidade. Vemos como Paulo, em suas epístolas, cuidadosamente O trata honradamente como "O Senhor Jesus Cristo".

Os crentes devem tratar de, a qualquer custo, se reunir para estudar a Palavra a fim de se edificarem uns aos outros na fé. Muitas vezes isto tem que ser feito em pequenas reuniões caseiras, porque a verdade não é aceita em lugares humanamente elevados. "Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério" (Hebreus 13.13).

Fonte: Mário Persona via Libertos do Opressor

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Posições de Lideranças


Por: Dennis Allan

Hoje, ouvimos muitos comentários sobre posições de liderança. Algumas destas posições são legítimas. Por exemplo, Deus ordenou que homens governassem suas famílias, presbíteros guiassem igrejas, pais criassem filhos e autoridades regessem nações. Muitos, porém, almejam posições de liderança por motivos egoístas e ambiciosos, tornando-se líderes que prejudicam as pessoas por eles dominadas.

Na leitura de Números 16, fico impressionado com as posições de liderança apresentadas. Neste caso, os líderes legítimos, Moisés e Arão, foram criticados injustamente pelos israelitas, começando com parentes da tribo de Levi, que os acusaram de ter se exaltado sobre a congregação (16:3). Esta seria uma crítica válida sobre alguns líderes que exercem autoridade sobre igrejas sem ter as qualificações que Deus exige, no entanto, isso não foi o caso de Moisés e Arão.

Agora, vamos observar as “posições” destes líderes:
Posição 1: Prostrados sobre seus rostos. Três vezes nesta história, Moisés e/ou Arão se prostraram diante do Senhor (16:4,22,45). Nos momentos críticos, a primeira reação de Moisés foi humildemente suplicar a Deus. Bons líderes precisam ser humildes, e precisam se dedicar à oração.
Posição 2: Esperando diante de Deus. Eles se puseram perante o tabernáculo, junto com os outros envolvidos, para ouvir a determinação de Deus sobre o assunto (16:18). Bons líderes precisam ouvir o que Deus diz e aceitar suas determinações.
Posição 3: Em pé intercedendo para proteger o povo. Arão correu e se colocou em pé entre os vivos e a morte que vinha por causa do pecado do povo (16:46-48). Esta parte da história mostra uma qualidade ausente em muitos que se consideram líderes hoje. Ao invés de brigar para se defender dos ataques feitos contra eles, Moisés e Arão se arriscaram para salvar as pessoas que os atacavam. Não foram motivados por ambição e egoísmo e, assim, eram bons líderes do povo de Deus.

Podemos aprender muito do exemplo destes servos fiéis. A liderança que agrada a Deus, nas diversas esferas de relações humanas, é sempre um serviço cumprido com humildade e com o amor que procura o bem das pessoas guiadas. Pessoas ambiciosas que querem destaque e honra não fazem parte dos planos de Deus. Jesus avisou sobre o perigo de pessoas que procuram sua própria exaltação, esquecendo que toda a honra e toda a glória pertencem ao Senhor (Mateus 23:6-12).
Hoje, precisamos de menos pessoas almejando cargos de destaque e de mais pessoas ocupando “posições” de serviço como fizeram Moisés e Arão.

terça-feira, 14 de maio de 2013

O Renascimento de Israel - Edição histórica da Revista VEJA de maio de 1948


Depois de uma espera de 1.878 anos, os judeus ganham
um país. Mas a independência de Israel não encerra a longa marcha:
a diplomacia fracassou e a guerra com os árabes continua
O nascimento de uma nação: palco improvisado, estrelas de Davi e a histórica declaração do patriarca David Ben-Gurion


As cadeiras vieram emprestadas de cafés vizinhos. Os microfones, de um empório musical. Dois carpinteiros chamados às pressas ergueram o palco de madeira em tempo recorde. Um retrato do pioneiro sionista Theodor Herzl foi colocado em posição de destaque no salão principal, ladeado por duas bandeiras gigantes com a estrela de Davi (símbolo ancestral do povo judeu), lavadas e passadas de forma expedita para a ocasião. Em um piscar de olhos, o Museu Nacional de Tel-Aviv transformou-se para sediar uma cerimônia aguardada pelos hebreus há exatos 1.878 anos – desde que a destruição do Segundo Templo pelos romanos, em 70 d.C., acabou com a soberania dos judeus em Jerusalém e deu início à segunda diáspora dos seguidores de Isaac. No compromisso deste 14 de maio de 1948, porém, a história seria finalmente reescrita: a terra prometida estava voltando às mãos dos judeus.

Os convites para a reunião, marcada para as 16 horas, foram impressos na véspera e distribuídos apenas na manhã do dia do evento, com um pedido de segredo aos cerca de 250 convidados para evitar qualquer interferência externa. Entre os locais, porém, foi impossível segurar a alvissareira notícia, que rapidamente se espalhou por Tel-Aviv e levou, já por volta do meio-dia, uma multidão a cercar o local da congregação. De qualquer forma, poucas horas depois de o mandato britânico na Palestina ter se encerrado, sem maiores sobressaltos, em uma cerimônia célere, demarcada pelas firmes batidas do martelo de nogueira de David Ben-Gurion, presidente do Conselho Provisório de Estado sionista, a criação da nação judaica na Palestina – o estado de Israel – foi solenemente anunciada aos quatro ventos.
O Troco Árabe em Tel-Aviv
Lida por Ben-Gurion e assinada pelos 24 dos 37 membros da assembléia presentes ao histórico evento, a declaração de independência do mais novo país do globo buscou no passado histórico e no presente político as bases morais e legais para sua fundação. O documento notificava que a Terra de Israel era o local de nascimento do povo judeu e que o movimento sionista era testemunho do papel representado pela Palestina em sua história e religião. Dizia também que a declaração de Balfour e a partilha das Nações Unidas, além do sacrifício dos pioneiros sionistas e da tormenta sofrida com o Holocausto, davam aos judeus o direito inalienável de estabelecer seu estado no Oriente Médio. A cerimônia, transmitida pela Kol Yisrael, "a voz de Israel", tornada rádio oficial do novo estado sionista, provocou uma explosão incontida na população hebraica em todos os rincões da Palestina. Enquanto dentro do Museu Nacional de Tel-Aviv o público, emocionado, entoava a plenos pulmões a Hatikvah (tradicional canção judaica que celebra a esperança), do lado de fora do recinto, assim como em diversas cidades da nova nação – à exceção de Jerusalém, que se encontrava sem eletricidade –, populares ganhavam as ruas para congratular-se uns aos outros.

Combates ferrenhos - Em meio aos festejos, contudo, era possível notar no semblante de David Ben-Gurion que o calejado líder não comungava do regozijo de seus pares. Antes de sair do local, acompanhado da mulher, Paula, confidenciou, diligente, a um de seus auxiliares: "Não sinto alegria dentro de mim. Apenas uma ansiedade profunda, como no último 29 de novembro [data do anúncio da partilha da ONU, aceita pelos judeus mas rejeitada pelos países árabes], em que eu mais parecia um lamentador num banquete." Se, para muitos, o dia 14 de maio marcava o fim de um périplo de dois mil anos por um lar nacional, para Ben-Gurion era apenas o começo. E a história não demorou a prová-lo correto.

Os ataques árabes vieram de imediato. Exércitos de cinco países – Líbano, Síria, Egito, Iraque e Transjordânia (a Legião Árabe, treinada pelos britânicos) – acometeram, naquela mesma tarde, o território então dominado pelos judeus em diversos pontos de suas fronteiras. Combates ferrenhos se seguiram nas duas últimas semanas deste mês, com os defensores buscando manter suas posições contra as investidas na maioria das vezes desorganizadas dos vizinhos. A diferença na quantidade e qualidade de armamentos é abismal – o arsenal judeu é escasso e antiquado, por conta da restrição britânica de importação de armas durante o mandato, enquanto o árabe é mais moderno e volumoso, arrematado em boa parte da própria Grã-Bretanha. Ainda assim, os hebreus, com suas forças bem coordenadas, lograram importantes êxitos militares, frustrando a previsão de um acachapante massacre árabe.
Conde Bernardotte - Missão espinhosa
No calor da guerra, com a comunidade internacional clamando por uma solução pacífica e os exércitos chegando ao limite de suas forças, o Conselho de Segurança das Nações Unidas apresentou, no dia 20, uma proposta de trégua – bem recebida por ambos os lados e aprovada nove dias depois. O cessar-fogo, negociado pelo conde sueco Folke Bernardotte, mediador da ONU, entra em vigor no dia 11 de junho e é válido por um mês – período em que nenhum imigrante poderá ser recrutado, e que todos os combatentes estarão proibidos de receber qualquer tipo de armamento. Enquanto isso, o Conselho de Segurança prepara um novo plano de conciliação – que, seja qual for, miseravelmente estará fadado ao fracasso. A partir de agora, não há dúvidas, apenas as armas falarão por árabes e judeus.

Corrida contra o tempo - Legitimada tanto pela declaração de Balfour, em 1917, como pela partilha aprovada pelas Nações Unidas, no ano passado, a instalação de um estado judeu na Palestina esteve perigosamente ameaçada nos dias que precederam o anúncio em Tel-Aviv. E não somente por conta da batalhas entre árabes e judeus pelo controle das cidades deixadas para trás pelos britânicos, às vésperas do encerramento do mandato. Nem por causa da ameaça de invasão dos países árabes, cuja oposição à idéia já era conhecida de cor e esperada pelos sionistas. Reunidas em palácios de governo e nas Nações Unidas, as grandes potências mundiais buscaram até o último suspiro evitar a independência de Israel – cada uma, claro, visando resguardar seus interesses no Oriente Médio.

A Grã-Bretanha, que desde o anúncio da partilha havia adotado uma política de não-cooperação com as Nações Unidas na questão Palestina para não melindrar seus aliados árabes, recorreu de forma esbaforida ao órgão no final de abril, quando os hebreus consolidaram sua vitória em Haifa. A mera sugestão de ameaça à soberania árabe trouxe arrepios aos súditos da rainha, que, poucas semanas antes, ainda manifestavam a certeza de que os árabes rapidamente conquistariam os territórios destinados às comunidades judaicas. No início daquele mesmo mês, o comandante das forças britânicas na Palestina, general sir Gordon Macmillan, havia dito que os árabes "não teriam dificuldade em dominar todo o país". (De forma menos técnica, o secretário das Relações Exteriores bretão, Ernest Bevin, prevera ainda no ano passado que os judeus teriam suas "gargantas cortadas".)

Com a demonstração de força dos judeus nas batalhas pré-14 de maio, porém, Arthur Creech-Jones, secretário colonial da Grã-Bretanha, propôs em 23 de abril que a Assembléia Geral da ONU pensasse em um objetivo "mais modesto" do que a partilha – uma solução paliativa sem a pretensão de resolver o conflito entre árabes e judeus. Desta vez, garantia o dignitário, a coroa ofereceria todo seu auxílio. Os diplomatas consideraram que o súbito desejo de engajamento britânico era por demais tardio e ignoraram o apelo.
Na resistência: integrantes da Haganá resgatam homem ferido em bombardeio egípcio.

As ações de bastidores dos Estados Unidos da América, por sua vez, geraram desdobramentos até à véspera da retirada britânica – e reverberaram, curiosamente, menos nas Nações Unidas do que entre o Conselho Provisório de Estado sionista. Até o início deste ano, os americanos acreditavam que a divisão da Palestina aconteceria de forma cirúrgica. Contudo, a escalada das hostilidades e a pressão da Liga Árabe em Washington e nas companhias de petróleo – que controlavam, em dados do ano passado, 42% das reservas do Oriente Médio e desenvolviam planos de expansão – levaram os americanos a rever paulatinamente sua posição pró-sionista e recomendar, em 19 de março, a suspensão da partilha, para horror da Agência Judaica. Warren Austin, embaixador dos EUA no Conselho de Segurança, sugeriu que fosse adotada uma administração conjunta da ONU na Palestina.

Mal recebido pelas outras delegações, o plano foi considerado um ataque à autoridade das Nações Unidas. A União Soviética, mantendo sua posição pró-partilha, protestou, argumentando que os Estados Unidos estavam preocupados apenas com o petróleo árabe e que não havia bases legais para sustar o plano aprovado em novembro. Indignado, o secretário-geral da ONU, o norueguês Trygve Lie, propôs que tanto ele como o representante americano renunciassem aos respectivos postos em protesto à afronta – ação negada por Austin. Na virada do mês, a Liga Árabe e a Agência Judaica rechaçaram oficialmente o plano de administração conjunta por um ano – mas os Estados Unidos não desistiram, clamando ainda por uma trégua temporária.

Pulga atrás da orelha - No início de maio, Dean Rusk, secretário-assistente de Estado, mandou um recado aos sionistas. A declaração de independência deveria ser ao menos protelada; caso contrário, Washington poderia bloquear as transferências de fundos filantrópicos dos judeus americanos para a nação caçula. Impressionado, o chefe da Agência Judaica na América, Nahum Goldmann, transmitiu as informações à central – Ben-Gurion, contudo, não se deixou intimidar, e, no dia 4, devolveu um cabograma a Rusk negando o adiamento. Quatro dias depois, o secretário de Estado George Marshall e o subsecretário Robert Lovett encontraram-se na capital com Moshe Shertok, ministro das Relações Exteriores da administração provisória judaica. Desta vez, não houve ameaças: os americanos apenas ponderaram que a invasão dos árabes era iminente, e que, se os judeus insistissem na emancipação imediata, não deveriam recorrer à ajuda dos Estados Unidos – que ainda mantinham, apesar dos protestos em diversas cidades, o embargo de armas ao Oriente Médio.
O norueguês Lie, da ONU: uma afronta
Shertok lamentou o fato de os americanos não terem mantido o apoio à resolução da partilha, e atribuiu de antemão boa parte do futuro derramamento de sangue na Palestina ao recuo dos Estados Unidos, que teria encorajado os árabes em sua beligerância. E, nesse ponto, a resposta de Marshall colocou uma pulga atrás da orelha do judeu. "Compreendo o peso de suas palavras. Não sou eu quem devo dizer-lhe o que fazer. Porém, como militar, gostaria de alertá-lo: não confie em seus consultores militares. Sim, eles acabaram de registrar alguns sucessos. Mas o que acontecerá se houver uma invasão prolongada? Isso irá enfraquecê-los. Tive esta experiência na China. No começo, foi uma vitória fácil. Agora eles estão lutando há dois anos e perderam a Manchúria". As palavras de Marshall ainda ecoavam nos ouvidos dos líderes sionistas na Palestina quando os membros da Administração Nacional – embrião de um gabinete recém-criado pelo conselho provisório – reuniram-se para decidir, em 12 de maio, pela proclamação imediata ou não do estado judeu. As deliberações duraram nada menos do que onze horas. Golda Meyerson, diretora do departamento político da Agência Judaica, relatou o fracasso de sua negociação com o rei Abdullah da Transjordânia, em uma viagem secreta àquele país – a derradeira tentativa de um compromisso pacífico entre as partes.

O jovem oficial Yigael Yadin, comandante de operações da Haganá, força de defesa judaica, apresentou seu relatório sobre o teatro de operações aos membros. As tropas hebraicas haviam garantido o controle das linhas de comunicação no interior da Palestina, mas em algumas regiões a situação era crítica. Metade de Jerusalém, por exemplo, estava nas mãos dos árabes – incluindo a malha rodoviária dos arredores, pela qual a Legião Árabe naquele momento marchava rumo à cidade. Yadin também demonstrava preocupação quanto à escassez do arsenal judeu. Pessoalmente, o comandante acreditava que, com a evacuação britânica programada para dali a dois dias, armas e material humano poderiam ser rapidamente integrados às tropas, com 50% de chances de sucesso contra o assalto árabe. Cauteloso, não descartava que uma trégua temporária fosse interessante, para possibilitar o reforço das tropas judaicas sem sacrificar os objetivos políticos.

Ben-Gurion, porém, acreditava que a proclamação da independência fortaleceria o ânimo e o espírito não somente dos combatentes, mas também da população, que precisaria estar preparada para a inevitável perda de territórios e vidas. Já o adiamento poderia representar um anticlímax e abalar o moral das tropas. Ao final da assembléia, convocou-se o sufrágio que definiria o próximo passo. Por uma apertada margem de seis votos a quatro, o gabinete decidiu rejeitar a proposta americana de trégua e declarar, assim que a Union Jack fosse baixada em Jerusalém, dali a dois dias, a criação do estado judeu na Palestina. Contatado por telefone em Nova York, o tarimbado Chaim Weizmann, chefe da Agência Judaica, assentiu. "Proclamem o estado, não importa o que aconteça." Após dar sua sentença, o veterano explodiu, em iídiche. "O que estão esperando, os idiotas?"
Presidentes: Truman e Weizmann (à dir.)
Êxitos e temores - Horas depois da cerimônia de proclamação de independência em Tel-Aviv, Chaim Weizmann foi nomeado presidente de Israel, e Ben-Gurion, primeiro-ministro. Em seguida, o Conselho de Estado revogou por unanimidade o Livro Branco de 1939, documento inglês que regulava a imigração de judeus para a Palestina. Ainda no dia 14 de maio, por intercessão direta do presidente Harry Truman, os EUA, apesar de toda a oposição à independência, foram os primeiros a reconhecer o estado de Israel, causando surpresa entre os diplomatas das Nações Unidas. Andrei Gromyko, representante da União Soviética, criticou os americanos, por colocar a assembléia em uma "posição ridícula". Fontes próximas a Truman garantem que o comandante-em-chefe andava descontente com as trapalhadas de seus assessores e que sentiu a importância estratégica de se antecipar a Moscou no reconhecimento dos sionistas – além de tudo, não custa lembrar que este é um ano eleitoral na América, e os votos da enorme comunidade judaica podem ser decisivos.

A União Soviética reconheceu Israel dois dias depois – a confirmação dos comunistas já era esperada, tendo em vista que a criação de um estado judeu moderno, com forte espírito nacionalista, era mais interessante para as pretensões históricas de Moscou de ter uma base no Oriente Médio do que a consolidação de um regime árabe retrógrado, dependente da Grã-Bretanha. A Coroa, por sua vez, comunicou apenas que a Palestina não mais fazia parte da Comunidade Britânica, e, acenando seu pendor em direção aos antigos aliados, garantiu que iria cumprir seus tratados de fornecimento de armas aos árabes – a menos que as Nações Unidas afirmassem que estes estivessem agindo ilegalmente de alguma forma.

Crucial para a nação caçula, a batalha diplomática só não era mais importante do que a contenda bélica que se descortinava na Palestina. Desde a aprovação da partilha, a Haganá concentrava-se em dois objetivos: o primeiro, a segurança da comunidade judaica durante o período da retirada britânica, e o segundo, a defesa do território contra a possível e provável invasão árabe em larga escala a partir do dia 14 de maio. O êxito das tropas judaicas na primeira questão, registrado ao longo das últimas semanas com a tomada de cidades estratégicas como Haifa – subjugada em 21 de abril após três dias de embates contra os árabes – foi coroado com a conquista da Galiléia setentrional, no início de maio. Na última peleja, em Safed, remota comunidade montanhesa em que 1.400 judeus viviam cercados por dez mil árabes, as tropas do comandante Yigal Allon repeliram os mercenários sírios comandados por Adib al-Shishakli, causando a fuga dos habitantes árabes.
Sob nova direção: judeus trocam placa
Dessa forma, o norte da Palestina estava controlado, assim como o litoral: Jaffa, última cidade dominada pelo inimigo, caiu na manhã do dia 14 de maio – mais uma vez, 70.000 árabes deixaram suas casas em terror. Livre da responsabilidade de proteger seus enclaves (à exceção de Jerusalém, o cenário parecia todo favorável aos judeus), a Haganá pôde finalmente concentrar todas as suas forças na contenda contra os exércitos invasores.
Rumo à Galiléia - Às vésperas do início da guerra, as forças árabes, somadas, eram pouco maiores que as de Israel – aproximadamente 32.500 homens contra 30.000. A vantagem dos atacantes, porém, era seu maior poder de fogo, que incluía forças aéreas à disposição. Divididas em nove brigadas pelo chefe da Haganá, as forças de Israel foram distribuídas em quatro fronts: três unidades no norte, duas na costa (para proteger Tel-Aviv), duas no sul e duas nas montanhas da Judéia, a fim de defender Jerusalém e conquistar a posse das estradas nas redondezas da cidade.

No norte, os libaneses que seguiam rumo à Galiléia, assim como os iraquianos e sírios que atacaram colônias judaicas no vale do rio Jordão, não têm se mostrado ameaças sérias para as forças da Haganá. Suas investidas estão sendo facilmente controladas pelos israelenses. As mais duras batalhas são disputadas na Judéia – onde permanece o cerco da Legião Árabe do rei Abdullah a Jerusalém – e no sul. Ali, os egípcios, avançando com duas brigadas, já conquistaram Gaza, e agora seguem, a despeito de feroz resistência, a passos largos rumo a Tel-Aviv. Pelos últimos relatos do front, o brigadeiro Muhammad Naguib, comandante da Segunda Brigada egípcia, está a perigosos 25 quilômetros da periferia da urbe.

Perder o controle da espetacular cidade de 250.000 habitantes, berço e sede do recém-criado estado de Israel, será um golpe quase fatal para os judeus, em que pese todo e qualquer outro sucesso no teatro de operações. Por isso, o general Yadin já convocou reforços vindos de Jerusalém, e, de acordo com fontes militares israelenses, poderá a qualquer momento engendrar uma emboscada noturna contra os egípcios, extraindo da escuridão e da surpresa a força necessária para derrotar os inimigos. Manter Tel-Aviv em segurança antes da trégua programada para 11 de junho é condição sine qua non para que, no período de cessar-fogo, Israel reorganize seu exército e planeje com cautela os próximos passos na guerra contra os árabes. Sem isso, o estado de Israel corre o risco de se esvair pouco tempo depois do nascimento – e David Ben-Gurion e seus pares sionistas estarão mais distantes do sonho de desfrutar do solo sagrado que, acreditam, foi prometido por Deus a seus antepassados.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Por que Jesus odeia as obras dos NICOLAÍTAS?




Quem ou o que eram os nicolaítas? 

Quais obras realizavam ou que doutrina eles ensinavam que levou o Senhor a dizer abertamente que odiava as mesmas? Eles existiram somente na era apostólica ou estão ainda entre nós? A bíblia não nos fornece detalhes sobre eles. As duas únicas passagens que falam sobre os nicolaítas encontramo-la no livro das revelações – o Apocalipse.

Descortinando o futuro da humanidade, o Senhor se manifesta a João na ilha de Patmos e lhe revela as coisas que deveriam acontecer nos últimos dias. No livro que encerra o cânone sagrado, o Senhor manifesta o cuidado que tem sobre a Igreja que Ele resgatou com seu sangue, ordenando a João escrever sete cartas aos anjos das sete igrejas que estão na Ásia. Nas cartas endereçadas aos anjos dessas igrejas, Jesus elogia as virtudes destes ao mesmo tempo em que os admoesta sobre suas faltas, chamando-os ao arrependimento e abandono de práticas que poderão comprometer suas entradas no reino dos céus.

Em duas destas cartas - Éfeso e Pérgamo – chama-nos a atenção o repúdio do Senhor quanto as obras e doutrina dos nicolaítas. Jesus elogia o anjo da igreja de Éfeso dizendo: "Tens, porém, isto: que ODEIAS as obras dos nicolaítas, as quais EU também ODEIO." (Apocalipse 2:6). Mas repreende o da igreja de Pérgamo dizendo: "Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que EU ODEIO." (Apocalipse 2:15). A diferença entre os anjos das duas igrejas era que o da igreja de Éfeso, à semelhança de Jesus, também odiava e não compartilhava das ações dos nicolaítas. Já o da igreja de Pérgamo relaxou quanto a esse cuidado, deixando a igreja a vontade com alguns deles. Podemos entender que havia uma certa tolerância desta igreja quanto aos nicolaítas, permitindo a ação deles no seio desta. Afinal, quem eram esses?

Historiadores como Jerônimo, Epifânio, Teodoreto, Irineu, Hipólito e Clemente de Alexandria afirmam serem estes seguidores de Nicolau, prosélito de Antioquia que foi separado para o diaconato na igreja primitiva (Atos 6:5). Deduzem estes que Nicolau havia se desviado do caminho, pervertendo-se e tornando-se herege, de onde surgiram os nicolaítas. Porém, não há fundamento histórico e nem bíblico para se fundamentar essa tese.

Para poder se formular algo em relação a eles é necessário que primeiramente conheçamos o significado etimológico da palavra, bem como ser essencial estudarmos cuidadosamente o conteúdo da carta endereçada particularmente aos anjos de cada uma destas igrejas, atentando para o contexto bíblico-histórico, para assim chegarmos a um entendimento concreto sobre quem ou o que eram os nicolaítas.

Sentido Etimológico: Em hebraico: Nicolau=Vitorioso sobre o povo. Em Grego Nikolaos: adjetivo formado da junção de duas palavras que é "Nikao" cujo significado é: "conquistare "laíta" que é uma derivação de "laikos", que vem de "laos" que significa: "os "leigos", o povo, a massa ou a plebe. 

Em resumo, etimologicamente Nicolaíta é: AQUELE QUE DOMINA SOBRE O POVO.

Partindo desse conhecimento, fica mais fácil entendermos quem eram e o que ensinavam os nicolaítas.

A igreja de Éfeso (Apocalipse 2:1-11). Após se apresentar ao anjo dessa igreja, o Senhor diz conhecer usas obras, seu trabalho e sua paciência e, que por assim proceder, ele não poderia sofrer os maus (Verso 2). Em seguida, o elogia pela sua cautela e vigilância quanto àqueles que usurpavam para si o título de apóstolos, desmascarando-os pelas suas mentiras. É justamente a partir daí que passamos a ter uma imagem do que seriam os nicolaítas. Pelo contexto, vemos que estes eram homens que se autodenominavam apóstolos sem terem sido escolhidos ou elegidos pelo Senhor e que também não possuíam o fruto do Espírito e caráter cristão, virtude necessária para quem tem uma chamada divina (Gálatas 5 : 22; Efésios 5 : 9). Estes ainda usavam de mentiras, querendo, com certeza, tirar proveito da igreja do Senhor. A bíblia ainda hoje fornece os meios para a igreja atual detectar quem tem ou não uma chamada para o exercício episcopal. É só observar se o tal se enquadra no requisito exigido pelo Espírito Santo no que concerne ao exercício ministerial, principalmente se este tem sua família como exemplo a ser seguido. (1Timóteo 3 : 1 - 11).

Contexto histórico da igreja de Éfeso

A igreja de Éfeso teve como seu primeiro pastor o apóstolo Paulo, pois foi ele quem plantou a igreja nesta cidade. No capítulo 20 do livro de Atos, vemos Paulo se preocupar com a integridade dessa igreja. Ele estava na Macedônia e preparava-se para retornar, trazendo a coleta que os irmãos macedônios arrecadaram para ajudar os irmãos que passavam necessidade em Jerusalém. Ele sabia que ao chegar a Jerusalém seria preso e não mais veria os irmãos (Atos 20 : 25). No caminho para Jerusalém, Paulo precisou passar pela Ásia para dar as últimas instruções aquela igreja. Ali chegando aportou em Mileto, e, de lá mandou chamar os presbíteros (anciãos) que governavam a igreja de Éfeso e, entre muitos testemunhos, exortações e conselhos, Paulo dá as seguintes admoestações às lideranças da igreja: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20 : 28 - 30).

Paulo tinha o Espírito Santo e este lhe revelava o que aconteceria, tanto a sua pessoa como a igreja, por isso, Paulo fez questão de alertar às lideranças da igreja de Éfeso quanto a entrada dos lobos (nicolaítas), que na sua ausência, iriam querer tirar proveito das ovelhas, não poupando o rebanho. Estes eram crentes de dentro da própria igreja que perverteriam os ensinos de Paulo e que se autodenominariam apóstolos querendo atrair a confiança da igreja, para assumir o primado nesta. Paulo relatou aos irmãos de Éfeso a sua constante preocupação com eles e que durante o tempo em que foi pastor ali por três anos, não cessou noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um deles (Atos 20 : 31). Paulo sabia o quanto a igreja é preciosa para Deus, pois custou um alto preço e ele mesmo levava sobre o seu corpo as marcas de Cristo que por amor a igreja adquiriu (Gálatas 6 : 17). Portanto, era inconcebível que outros, que nada sofreram ou fizeram pela igreja, viessem a seu bel-prazer dominá-la e subjugá-la.

Agora, na sua última visita aquela comunidade, Paulo encomenda os irmãos a Deus e à Palavra de Sua graça, lembrando que durante o tempo em que foi pastor dessa igreja, em momento algum se fez valer de sua chamada para tirar proveito dos irmãos quando diz: De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (Atos 20 : 33 - 35).

Sim, a igreja de Éfeso foi bem doutrinada quanto ao realizar a obra do Senhor, recebendo todo o conselho de Deus que lhe foi repassado pelo seu amado pastor (Atos 20 : 27). Vemos que essa igreja guardou o conselho de seu pastor até o momento em que Cristo se revelou a ela no Apocalipse. O próprio Senhor elogia o anjo da igreja efésia, quando disse que ele pôs a prova aqueles que diziam serem apóstolos, desmascarando a mentira deles. É certo que por causa disso, ele sofreu perseguições, pois lutar pela defesa da verdade consiste em angariar inimigos (Gálatas 4 : 16). Mas ele perseverou na paciência e continuou trabalhando pelo Seu Nome (Apocalipse 2 : 2 , 3). Um grande exemplo para ser imitado pelas lideranças de igrejas da atualidade.

Algo semelhante também aconteceu nos tempos do apóstolo João antes de ele ser enviado a Patmos. Alí, Diótrefes, um membro da igreja cobiçava a liderança. Ele a todo o custo queria o primado, isto é, queria ser o primeiro e estar acima dos demais membros. Conhecedor que João não concordava com tal arrogância, não permitia que este fosse recebido na igreja, como se esta fosse sua propriedade particular. “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe”. (3João 1 : 8). Temos aqui um nítido exemplo de nicolaísmo, pois Diótrefes, movido de tal sentimento de poder, falava palavras maliciosas contra os servos Deus, e, além de não receber os irmãos que com certeza não apoiavam suas idéias, impedia aqueles que queriam recebê-los, chegando ao ponto de expulsá-los da igreja (Verso 10). A doutrina dos nicolaítas não achou guarida na igreja de Éfeso, mas, infelizmente, encontrou apoio na igreja de Pérgamo.

Ao anjo da igreja de Pérgamo (Apocalipse 2:12-17).

Jesus se apresenta como aquele que tem a aguda espada de dois fios (Sua Palavra fiel), tece elogios pela sua obra, resignação e fé, mas mostra também a sua falha que é tolerar aqueles que seguem a doutrina de Balaão e também os que seguem a doutrina dos nicolaítas que Ele odeia. Alguns defendem que os nicolaítas seriam os mesmos que seguem a doutrina de Balaão, qual seria a difusão da imoralidade dentro da igreja de Deus. Não são! Mas a doutrina ensinada por Balaão que tem base na avareza é tolerada pelos nicolaítas. Pedro em sua segunda epístola se refere a eles como aqueles que deixaram o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça (2Pedro 2 : 12 - 15). Judas, o irmão do Senhor alude às obras destes, quando se refere aqueles que entraram pelo caminho de Caim, foram levados pelo engano de Balaão e pereceram na contradição de Coré, sendo manchas nas nossas festas de amor, banqueteando conosco, mas apascentando-se a si mesmos sem temor (Judas 1 : 10 , 11). Jesus conclama o anjo da igreja de Pérgamo a se arrepender dessa falha, pois se isso não acontecer, Ele mesmo virá e batalhará contra ele com a espada da Sua boca.

O pedido da mãe dos filhos de Zebedeu
Em Mateus 20: 21 a 28 temos uma situação, onde a mãe dos filhos de Zebedeu faz um pedido ao Mestre que despertou a indignação dos demais discípulos. Ela pediu que seus dois filhos (Tiago e João) se assentassem ao lado do Senhor, um a esquerda e outro a direita quando da instauração do Seu reino. Após Jesus falar que não competia a Ele essa decisão, mas ao Pai, Ele mostra a realidade que deve prevalecer entre os seguidores do Messias: Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios SÃO ESTES DOMINADOS, e que os grandes EXERCEM AUTORIDADE sobre eles. NÃO SERÁ ASSIM ENTRE VÓS; mas todo aquele que quiser entre vós FAZER-SE GRANDE seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser O PRIMEIRO, seja vosso servo; Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20 : 25 - 28).

Jesus deixa transparecer que Sua vontade em relação a Sua igreja é que esta jamais fosse dominada por quem quer que seja e Ele nos ensina pelo seu próprio exemplo que todos somos iguais perante Ele e que somente Ele é o cabeça e Senhor da igreja. Nele, todos fomos feitos sacerdotes, sendo Ele próprio o nosso Sumo-Sacerdote para sempre (1Pedro 2 : 9 ; Hebreus 8 : 1).

Ainda em Mateus 23: 8-11, o amado Mestre reforça esse ensino: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo”.

O apóstolo Pedro ao aconselhar aqueles que, igualmente a ele, seriam chamados a cuidar do rebanho do Senhor, diz: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: APASCENTAI o rebanho de Deus, que está entre vós, TENDO CUIDADO DELE, NÃO POR FORÇA, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como TENDO DOMÍNIO SOBRE A HERANÇA DE DEUS, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória”. (1Pedro 5 : 1 - 4). Observem que mesmo sendo escolhido pelo próprio Cristo para liderar os crentes judeus, Pedro não usurpou para si este título, preferindo ser chamado de presbítero. E presbítero não é cargo ou título episcopal como se ensina em muitas igrejas, mas a idade madura de um homem. O apóstolo João também se considerava um presbítero, visto ele já ser uma pessoa idosa, um ancião (2João 1 : 1 ; 3João 1 ; 1). Em outra ocasião, quando Pedro e João foram questionados a respeito da cura do coxo na porta do templo, chamada Formosa, atribuíram os devidos créditos a quem de direito – Jesus – que é digno de toda a glória e honra e poder (At 4 : 8 - 16).

Jesus constituiu homens dando-lhes dons ministeriais para que estes apascentem Sua igreja, conduzindo-a na verdade e em amor para que ela cresça em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Efésios 4 : 11 - 16). Assim sendo, ninguém tem o direito de exercer o domínio sobre a herança de Cristo, que é a Sua igreja resgatada por Seu sangue. Somos preciosos para Deus e Seu Filho. Por causa disso é que vemos Jesus manifestar repúdio e ódio pelas obras e doutrinas dos nicolaítas. Isto nos faz refletir no cuidado que Ele tem para conosco que somos Sua igreja, por quem Ele deu Sua própria vida.

Que os líderes da igreja de hoje possam seguir o exemplo do anjo da igreja em Éfeso e procure, pela revelação da Palavra discernir os nicolaítas quais se encontram infiltrados no meio dos verdadeiros homens de Deus. Que também a igreja refute suas doutrinas e obras, ainda que por causa disso, venha a sofrer afrontas, sabendo que todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições (2Timóteo 3 : 12). Nosso conforto e recompensa estão reservados nos céus, onde uma coroa de justiça aguarda aqueles que combatem o bom combate e amam a Cristo e Sua vinda, e não se deixam corromper pelo sistema religioso alienado da verdade que quer manchar a noiva do Cordeiro (2Timóteo 4 : 7 , 8).

Que fiquemos na vocação em que fomos chamados (1Corintios 7 : 20) e tenhamos o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Filipenses 2 : 5 , 6).

Em Cristo,


Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O modelo de Jesus para a Sua Igreja

Por que há tantas igrejas? Qual é a certa, ou são todas certas? Devo participar de uma igreja para agradar a Deus? Por causa da desnorteante quantidade de opções no mundo religioso, mais e mais pessoas estão fazendo perguntas como estas.

Para responder, vamos voltar ao começo e examinar o Novo Testamento. Por enquanto, esqueça o que você sabe a respeito de religião e considere, de novo, o padrão do evangelho pregado por Cristo e seus apóstolos.

Durante sua vida na terra, Jesus escolheu 12 homens, chamados apóstolos, para revelar e espalhar a mensagem depois de sua ascensão. Começando em Atos 2, estes homens pregaram e ensinaram o evangelho em Jerusalém. Logo, outros seguidores de Cristo estavam indo de lugar a lugar, ensinando a mesma mensagem. Olhemos para a cidade de Antioquia na Síria como um modelo do que aconteceu quando o evangelho foi recebido (Atos 11:19-26). Vários cristãos foram a Antioquia. Eles pregaram o evangelho do Senhor Jesus (v. 20). Muitos foram convertidos ao Senhor (v. 21). Os novos convertidos foram exortados a permanecer no Senhor (v. 23). Como resultado, muitas pessoas foram unidas ao Senhor (v. 24). O que é ressaltado, em tudo isto, é claramente o Senhor: Pregando o Senhor, conversão ao Senhor e lealdade ao Senhor. A próxima coisa que lemos no texto é a igreja se reunindo lá. Evidentemente, aqueles convertidos ao Senhor se juntavam, reuniam-se e trabalhavam juntos, como uma igreja (congregação). Esta igreja logo recolheu dinheiro para mandar aos irmãos pobres em outra cidade (Atos 11:27-30). Mais tarde, a igreja mandou dois de seus cinco profetas e mestres para espalhar o evangelho em outras áreas (Atos 13-14). Estes dois, Barnabé e Paulo, pregaram a Jesus em muitas outras cidades e assim logo, nelas também, haviam igrejas. (Atos 14:23). Enquanto Paulo e Barnabé, alegremente, relatavam à igreja de Antioquia sobre o trabalho do Senhor durante a viagem (Atos 14:27), não há nenhuma indicação de que a igreja de Antioquia exercesse qualquer controle sobre estas outras igrejas. Ao contrário, presbíteros (também chamados bispos e pastores, na Bíblia) foram apontados dentro de cada uma destas próprias igrejas para superintender a congregação (Atos 14:23). Nunca, na Bíblia, os presbíteros foram autorizados a superintender mais do que a congregação dentro da qual haviam sido selecionados (Atos 20:28; 1 Pedro 5:1-3).

Como é típico na história dos homens, algumas mudanças entraram gradativamente e desviaram os Cristãos deste modelo original. Pouco a pouco, o desenvolvimento de uma organização foi se extendendo acima das igrejas. Grupos de homens e igrejas mais importantes começaram a controlar as outras igrejas. As igrejas começaram a se tornarem parte de uma hierarquia. A lealdade a Cristo foi substituída pela lealdade à "igreja". Uma extrema reação contra este erro levou o outro abuso ao plano de Deus. Alguns decidiram que não era necessário fazer parte de qualquer congregação e tentaram servir a Deus sozinhos, sem adoração ou trabalho com outros cristáos. Como podemos servir a Deus em um mundo cheio de tais desvios da vontade de Deus?

Voltemos

Que os homens pudessem apartar-se do padrão de Deus, não é surpresa. Repetidamente, no Velho Testamento, o povo se extraviou de sua palavra. Cada vez, profetas de Deus como Isaías (44:22; 55:6-7), Jeremias (3:12-14; 6:16; 35:15), Ezequiel (14:6; 18:30-32) e Joel (2:12-13) chamaram o povo de volta ao plano original de Deus. Cada vez que os israelitas se desviavam de seu padrão, homens devotos conduziam a nação a abandonar as alterações e retornar à vontade revelada por Deus. Davi (1 Crônicas 13), Ezequias (2 Crônicas 29-31), Josias (2 Reis 22-23), Esdras (9-10) e Neemias (8-10, 13), todos ajudaram o povo a voltar ao plano original de Deus. Cada vez, a meta foi uma imitação completa do padrão revelado.

A solução para um mundo religioso, que nestes dias está  por demais extraviado da vontade de Jesus Cristo, é voltar ao padrão da Bíblia. Jesus chamou a palavra de Deus: a semente (Lucas 8:11). Uma das qualidades interessantes da semente é que a planta que dela resulta, quando é plantada, é sempre a mesma, não importa quando ou onde ela é semeada. Se plantarmos hoje a semente pura (a palavra de Deus), conseguiremos o mesmo efeito que a palavra produziu no primeiro século. Quando o resultado for grupos religiosos e organizações desconhecidos no Novo Testamento, a causa é que foram semeados outros ensinamentos, além do puro evangelho.

Imagine que você e eu sejamos abandonados numa ilha desabitada. Não temos nenhum conhecimento de religião. Um dia, uma Bíblia chega na praia e começamos a lê-la, estudá-la e decidimos seguir o que ela ensina. Sem qualquer conhecimento de religião, apenas com a pura semente do evangelho plantada em nossos corações, o que faríamos? Decidiríamos seguir a Jesus em nossa vida, submetendo-nos a seu ensinamento. Reunir-nos-íamos como uma congregação para adorar juntos e servir o Senhor. Talvez decidíssemos ir a outros lugares para ensinar pessoas a seguir a Jesus. Mas que tipo de igreja decidiríamos tornar-nos? Esta questão jamais passaria pela nossa mente. Sem conhecimentos das modificações humanas, jamais pensaríamos em ser qualquer outra coisa que não fosse uma igreja de Jesus Cristo, servindo-o independentemente e seguindo seu ensinamento. Para nós, que bem sabemos das modificações que os homens têm feito no evangelho, nosso alvo deveria ser igual: servir ao Senhor exatamente do mesmo modo que as Escrituras ensinam, sem se importar com o que outros fazem.

Princípios básicos

Mantenha a ênfase em Cristo. Em nossa sociedade, a lealdade às igrejas toma o lugar da lealdade a Cristo. Algumas pessoas colocam a igreja acima de Jesus Cristo e servem a igreja acima de tudo. Estas pessoas pensam sobre seu serviço a Deus em termos de encontrar a igreja, juntar-se à igreja, e permanecer fiéis à igreja. Apostasia, para eles, é deixar a igreja. Em termos bíblicos, a igreja é simplesmente aqueles que estão seguindo a Jesus, a família de Deus. Nosso foco, ênfase, e lealdade são com o Cristo. Outras pessoas colocam a igreja entre Cristo e o homem, pensando nela como uma instituição através da qual Deus fala ao homem e o homem a Deus. Mas Cristo é o único mediador entre Deus e o homem (1 Timóteo 2:5). Eu não procuro Deus através da igreja; a igreja é o povo que está procurando e seguindo a Deus. Cristo, não a igreja, tem que dominar nossas vidas.

Veja o lugar da igreja (congregação) no plano de Deus. Deus planejou que os cristãos haveriam de servi-lo com outros cristãos, como uma parte de um grupo de discípulos. Ele esperou que as igrejas se reunissem para adorar, juntar seus recursos para trabalhar, procurar homens qualificados para ensinar, e encorajar uns aos outros à fidelidade (Atos 2:42-47; 4:32-37; 11:26-30; 14:23; 20:7; 1 Coríntios 16:1-2; Hebreus 10:24-25; etc.). Eu sou parte de uma igreja porque Cristo ordenou. Tentar ser um cristão sozinho, sem ser parte de uma congregação, é ignorar as instruções de quase todos os livros, desde Atos até o Apocalipse, todos os quais foram escritos para as igrejas, ou para dar instruções sobre a determinação de Deus para as igrejas. Não podemos colocar a igreja no lugar de Cristo como Senhor. Mas, antes, em obediência a Cristo, submetemo-nos ao plano que ele revelou a respeito das atividades dos cristãos.

Evite pensamentos errados. O conceito de uma estrutura hierárquica entre igrejas, de tal maneira penetra em nossa sociedade que é difícil de evitar. A Bíblia não ensina o conceito de uma igreja sendo parte de um grupo de igrejas. Assim como não devemos pensar que a igreja seja a mediadora entre o homem e Deus, não devemos pensar em alguma organização como mediadora entre a congregação e Deus. Cada igreja, que segue a Cristo, segui-lo-á diretamente, sem lealdade a qualquer grupo ou rede de igrejas.

Seja parte de uma igreja que siga o padrão da Bíblia. Já no tempo em que João escreveu o livro do Apocalipse, algumas igrejas estavam se extraviando do padrão (Apocalipse 2-3). Visto que eu não posso participar, nem encorajar práticas fora das Escrituras (Efésios 5:11; 2 Coríntios 6:14-7:1; 2 João 9-11), eu não posso fazer parte de uma igreja que não é fiel à palavra de Deus. Graças a Deus, temos, ainda, a semente pura. É possível a uma igreja seguir a palavra de Deus e voltar ao caminho de Deus, como os israelitas fizeram em muitas ocasiões. É ainda possível para indivíduos se reunirem e começarem uma igreja que se conforme com a vontade de Deus. Os apelos e exemplos de muitos homens de Deus foram relatados na Bíblia, para ensinar-nos e motivar-nos a seguir o caminho de volta ao padrão do Senhor.

Voltemos e sirvamos a Deus exatamente como os cristãos o fizeram no primeiro século.

Por Gary Fisher em Estudos da Bíblia