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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Onde fica a sinagoga de Satanás?

 
“E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu:Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2 : 8 , 9).

Sinagoga Judaica
Para começar, vamos entender o que é uma sinagoga. Nos tempos bíblicos as sinagogas eram pequenos templos onde os judeus se reuniam para realizarem seus cultos e estudarem a lei. São mencionadas sessenta e oito vezes no Novo testamento e equivaliam as congregações locais das igrejas evangélicas atuais. Por duas vezes no livro do Apocalipse, Jesus faz referência à sinagoga de Satanás, deixando subtendido que ela existe e que Satanás tem toda a liberdade de agir nela (Apocalipse 2 : 9 e 3 : 9). É bem certo que nos dias atuais há movimentos satanistas declarados, espalhados pelo mundo que não escondem sua devoção ao maligno. Seriam destes que Jesus estava se referindo no livro das revelações? Com certeza não! Então, o que seria a sinagoga de Satanás e onde ela estaria situada? Vamos às Escrituras.

Observe que nas duas referências que Jesus faz sobre ela, Ele claramente diz que são aqueles que se dizem ser judeus e não o são. “...e a blasfêmia dos que  SE DIZEM JUDEUS, e NÃO O SÃO, mas são a sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2 : 9). “Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que SE DIZEM JUDEUS, e NÃO SÃO, mas mentem” (Apocalipse 3 : 9).

Para que possamos entender com clareza sobre este assunto, precisamos primeiramente saber quem são os judeus? O termo "judeu" aparece pela primeira vez em 2Reis 16 : 6 e, originalmente era usado para designar os descendentes da tribo de Judá, um dos filhos de Jacó. Foi depois do retorno do cativeiro na Babilônia, que todos hebreus, de uma maneira geral, passaram a ser chamados de judeus (Esdras 4 : 12). Também era chamado de judeu aquele que professava  o judaísmo, religião oficial dos judeus (João 3 :25). Logo, judeu é todo aquele que é israelita, descendentes carnais de Abraão (2Corintios 11 : 22).

Com os judeus (israelitas) Deus estabeleceu a antiga aliança com seus ritos, pactos, leis e estatutos (Romanos 9 : 4). Lei essa que Jesus veio para cumpri-la (Mateus 5 : 17). E cumpriu! (Lucas 24 : 44). Mas, como a maioria dos judeus não reconheceram ainda o senhorio do Messias, pois isto só acontecerá na segunda vinda de Jesus em glória (Apocalipse 1 : 7); estes ainda continuam na observância das leis que a eles foram entregues por Moisés. Sim, os judeus que não reconhecem a Jesus como Senhor ainda estão debaixo da lei e se vêem na obrigação de observá-las, exceto aquelas que diziam respeito ao templo, como ofertas, dízimos, primícias e sacrifícios de animais, pois o templo foi destruído e tais cerimoniais só podiam ser praticados nele, segundo a lei (Deuteronômio 12 : 11 ; 14 : 23).

Jesus veio para os judeus, mas estes o rejeitaram (João 1 : 11). Então, a salvação foi estendida a um povo que não era judeu, conhecido como gentios, quais, pela fé, foram adotados por Deus como filhos (João 1: 12). O povo gentio não recebeu mandamento de observar as leis que foram dadas aos judeus, mas no inicio da era da igreja, houve um problema, quando alguns judeus que se haviam convertido a Cristo, entenderam que os gentios deveriam observar as mesmas leis que eles observavam. Buscando solucionar esse problema, os líderes da igreja se reuniram e buscaram a orientação do guia da igreja que é o Espírito Santo, o qual determinou o seguinte: “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá” (Atos 15 : 28  , 29). Além destas ordenanças, Jesus deixou prioritariamente dois principais mandamentos que é amar a Deus e ao próximo como a sí mesmo (Marcos 12 : 30 , 31). E quem cumpre o segundo, cumpre toda a lei (Gálatas 5 : 14 ; Tiago 2 : 8).

Mas, o que a história dos judeus com seus costumes e suas leis têm a ver com a sinagoga de Satanás mencionado por Jesus? Tudo!

Conforme prometeu, Jesus edificou a Sua igreja, que é formada por todos aqueles que o aceitam pela fé e abandonam seus pecados (Romanos 9 : 23 -25). Desde então, Satanás tem feito de tudo para destruí-la (1Pedro 5 : 8). A maior ameaça contra a igreja ao longo dos séculos não foi a cruz; não foi Roma martirizando os crentes e nem mesmo a morte (Romanos 8 : 35 , 36). Também não foi a perseguição externa que conseguiu deter o avanço do evangelho, pois quanto mais perseguida, mas a igreja crescia e se fortalecia. Podemos ver isso na vida de Paulo que após se converter, de perseguidor, tornou-se perseguido (Gálatas 1 : 13). Mas, por onde passou, Paulo pregou o evangelho que lhe foi confiado e plantou igrejas. Igrejas essas que na ausência de Paulo, começaram a sofrer a influência dos judaizantes, que eram judeus que se convertiam, principalmente do farisaísmo a fé cristã, mas que não abandonavam suas milenares tradições. É justamente aqui que começa o problema e que abre a porta para Satanás estabelecer sua sinagoga. Jesus havia alertado seus discípulos a respeito do fermento dos fariseus e este sim foi a maior ameaça à igreja, como ainda o é nos dias atuais (Mateus 16 : 6 – 12).

Não podendo combater a igreja com a violência e nem mesmo com a morte, Satanás mudou de estratégia e passou a usar a religião para alcançar seus objetivos. Como um exemplo temos a igreja em Corinto foi tão influenciada pela doutrina dos fariseus que até no ato da ceia se cometia heresia (1Corintios 11 : 19 , 20). Outro exemplo semelhante vemos nos crentes da Galácia que, inchados pelo fermento dos judaizantes, chegaram ao ponto de retroceder do Espírito para a carne; da graça para as obras da lei que em Cristo foram cabalmente cumpridas na cruz (Gálatas 3 : 1 – 3). Paulo, como pastor dessa igreja censura a incoerência desta: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.Um pouco de fermento leveda toda a massa.Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação” (Gálatas 5 : 7 – 10). Se formos ler toda a carta aos gálatas, vamos observar que entre outros preceitos, os judeus queriam impor a circuncisão como obrigatoriedade para os gentios. Eles entendiam que apenas a fé em Jesus não era o suficiente para alcançar a salvação.

Sobre a circuncisão, ressalto que esta foi estabelecida como mandamento antes da lei para Abraão e sua descendência, onde o próprio Cristo foi circuncidado (Lucas 2 : 21). A circuncisão, entre outras, é uma das obras da lei dos judeus, que é observada até hoje pelos descendentes de Abraão como judeus e árabes, mas que não diz respeito aos crentes gentios, como eu. Paulo diz que: "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las."  (Gálatas 3 : 10). Se quiserem conferir outras obras da lei, leiam Neemias 10 : 28 a 39.

O anjo da igreja em Esmirna foi avisado pelo próprio Senhor do perigo que essa igreja corria. O problema lá era mais grave, pois não eram judeus que estavam prejudicando aquela igreja, mas crentes gentios se fazendo passar por judeus. Satanás havia plantado sua sinagoga no meio da congregação dos santos em Esmirna. Como podia ser isso? Simples! Eram crentes gentios trazendo costumes, ritos e regras do judaísmo para dentro da igreja comprada pelo sangue de Jesus. Fica entendido que a semelhança dos gálatas, os crentes de Esmirna tentavam se justificar diante de Deus e ensinavam a outros as práticas da Lei que eram e são exclusivas do povo judeu. ”Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada."(Gálatas 2 : 16). Por isso, alguns crentes gentios da igreja em Esmirna blasfemavam contra Deus se fazendo passar por aquilo que não eram: se dizem judeus, e não o são”.

Também, não se pode esquecer que Satanás é o acusador dos santos e, aqueles que fazem parte de sua sinagoga não serão diferentes (Apocalipse 12 : 10).

Nas inúmeras igrejas existentes hoje, vemos movimentos tentando judaizar o cristianismo, inserindo em suas congregações símbolos do judaísmo como: a bandeira de Daví, a menorah, a arca do concerto, além de usarem indumentárias típicas dos judeus como o kipá e o talit e óleo de oliveira para ungir objetos e pessoas. Alguns até se apresentam como levitas da casa do Senhor (não existem levitas gentios), enquanto outros se identificam como sacerdotes, exigindo o direito de serem sustentados como eram os sacerdotes da linhagem de Arão, filho de Levi (hoje todos somos sacerdotes por Jesus). E não esquecendo da prática de construir templos  chamando-os de igreja como se estes fossem a casa do Senhor, pois Deus não mais habita nesse lugares .
Arca da Aliança
Talit - Manto judeu

Porém, o pior de tudo é quando se resgatam leis e preceitos da antiga aliança e ensinam o povo a praticá-las, sob o argumento de que se está escrito na Bíblia é para se cumprir. São cegos que guiam a outros cegos (Mateus 15 : 14 ; Lucas 6 : 39). Ora, quem age dessa maneira e induz outros a fazê-lo, não só nega o sacrifício de Cristo como pisa no Filho de Deus, profana o sangue da aliança e faz agravo ao Espírito da graça, pela qual Cristo nos salvou (Hebreus 10 : 29). Não foi sem razão que Jesus denominou quem tem tal comportamento como sendo a própria sinagoga de Satanás, pela mentira daqueles que se passam por judeus sem serem judeus.

Não somos judeus! Somos gentios e Jesus nos salvou para sermos templo do Espírito Santo de Deus (1Corintios 3 :16 , 17). Portanto, vigiemos para não nos tornarmos sinagoga de Satanás.


Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará