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sábado, 10 de setembro de 2016

A Contribuição no Novo Testamento e seu objetivo


"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." (2Coríntios 9 . 7).

O Novo Testamento não ensina sobre o dever do crente dizimar e nem ofertar. Fomos acostumados a chamar a contribuição de oferta, assim como chamamos de dízimo aos 10% das rendas que fomos ensinados a dar nas igrejas. Em estudos anteriores, enfatizo que o ato de dizimar era um rito inerente a Lei mosaica que teve seu cabal cumprimento na cruz, onde Jesus, com sua morte pagou todas as nossas dívidas que a Lei e o pecado exigiam, inclusive a morte (Romanos 6. 23 ;Colossenses 2 . 14). E quanto a oferta, o Novo Testamento também não ensina sobre o crente ofertar. Nas poucas vezes que encontramos o termo oferta nos escritos do Novo Testamento, algumas delas são aludindo aos ritos praticados quando o Antigo Testamento ainda vigorava (Mateus 2. 11 ; 8 . 4 ; 15 . 5 ; Lucas 2 . 24 ; 21 . 1 – 4); enquanto que outras estão referindo-se a Cristo, a verdadeira oferta (Romanos 15 . 16 ; Efésios 5 . 2 ; Hebreus 5 . 3 ; 10 . 5 – 8). O ato de ofertar, bem como a própria oferta na bíblia estava relacionado a sacrifícios e, diferente do dízimo, onde os necessitados estavam isentos de praticar, a oferta era obrigatória a todos os hebreus, como ordenava a Lei. Como exemplo disso, temos a ação da viúva pobre que no cumprimento da Lei, depositou no gazofilácio do templo as duas únicas moedas que eram todo o seu sustento (Lucas 21 . 1 – 4). Jesus sabia que a pobre viúva dependia daquelas moedas, e mesmo sendo justo, não a impediu de fazer aquele rito, pois Ele mesmo estava no cumprimento da Lei (Mateus 5 . 17). Porém, cumprindo a Lei na Sua morte, Cristo desobrigou-nos de todo os ritos desta. "Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste;" (Hebreus 10 . 5).

A FINALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Mas, se o Novo Testamento não ensina a dizimar e nem a ofertar, ensina o que? Ensina a contribuir! Mas o contribuir na Nova Aliança não é por força de lei, nem por obrigação como era a oferta levítica e muito menos pela imposição de porcentagem como era o dizimo. Muitos teólogos tentam associar a contribuição na graça com o ato de ofertar e dizimar como era na Lei. Isto como uma manobra para incentivar os cristãos a investirem em construção de templos e suas manutenções, e também a pagar os salários daqueles que ministram nesses. Mas Paulo, o imitador de Cristo e apóstolo dos gentios, ensina que a contribuição na graça deve ser um ato voluntário, levando em conta a boa vontade do doador, que deva fazê-lo com alegria e por amor, visando prioritariamente o bem estar do irmão mais necessitado (2Corintios 9 : 7 – 12).

Não encontramos no Novo Testamento a menor referência que ensine que a contribuição na graça seja para edificar templos ou manter seus clérigos. Todos os versos que falam sobre a contribuição, apontam para o exercício da piedade que é a prática do amor fraternal em obediência aos mandamentos que o Senhor legou à Sua igreja. Amor esse que se constituía na doutrina que à igreja era repassada pelos apóstolos. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (Atos 2 : 42).

A CONTRIBUIÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA

A partir do momento em que a igreja do Senhor foi consolidada como está registrado no livro de Atos dos Apóstolos, vemos que os crentes que a formava, eram ensinados pelos seus líderes a repartir do que tinham com os que não tinham. No início da igreja as arrecadações eram administradas pelos apóstolos. Todos os que tinham o desejo de contribuir com a obra de Deus, tendo suas propriedades as vendiam e levavam o produto da venda aos pés dos apóstolos. Mas convém dizer que a obra de Deus eram as vidas humanas e o destino dessas contribuições eram os mais necessitados. "Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha." (Atos 4. 34 , 35). Dessa forma, a igreja vivenciava o que o Senhor havia ensinado que era a prática do amor a Deus e ao próximo. “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2 . 44 , 45).

Mas, com o crescimento da igreja, os problemas foram aparecendo. E o primeiro problema foi a acepção de pessoas condenada na bíblia. A distribuição de mantimentos que eram adquiridos pelas contribuições da igreja, deveriam ser distribuídos de maneira igual com todos os que tinham necessidade. Mas, os crentes judeus passaram a priorizar o atendimento ao seu próprio povo e passaram a desprezar os gentios, no caso as viúvas gregas. Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (Atos 6 . 1). A partir desse problema, surgiu a necessidade de se constituir na igreja o ministério diaconal. Os apóstolos então entraram num consenso que não deviam abandonar a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus para servirem as mesas. Servir as mesas era repartir o mantimento com o produto das arrecadações da igreja, com os necessitados. Assim, eles delegam à igreja a responsabilidade de escolher do meio dela, sete homens qualificados para que fossem constituídos sobre este importante negócio.Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (Atos 6 . 3). Os diáconos então passaram a administrar os recursos arrecadados pela igreja, enquanto os líderes (apóstolos) dedicavam-se ao ministério da oração e da palavra (Atos 6 . 4). Muito se fala atualmente em voltar ao modelo da igreja primitiva. Mas nenhum líder quer abrir mão da administração das finanças, como os apóstolos fizeram. E os diáconos nas igrejas possuem apenas os títulos eclesiásticos, mas não o ministério diaconal.

A igreja em seu início vivia na prática o maior mandamento que Jesus nos deixou e isso agradava sobremaneira o coração de Deus. A igreja praticava de fato o primeiro amor, de sorte que, agindo assim, ela caia na graça do povo e Deus acrescentava todos os dias a ela, aqueles que deveriam ser salvos (Atos 2 . 47). É bem certo que naquele tempo o templo ainda estava em pé e muitos crentes que eram judeus ainda o frequentavam conforme o seu costume. “E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração” (Atos 2. 46). Atente o leitor que crentes gentios não entravam no templo, visto a lei dos judeus não o permitir para que aquele lugar não fosse profanado (Atos 24 . 6). Por isso, a comunhão do corpo de Cristo no partir do pão era feita nas casas dos irmãos, onde todos tinham a liberdade de servir ao Senhor com alegria e singeleza de coração. Porém, enfatizo: as contribuições da igreja não eram para a manutenção do templo que ainda existia, pois para isso, havia uma oferta específica na Lei para esse fim, que deveria ser obedecida pelos judeus enquanto o templo existisse (2Reis 12 . 4). Creio que os crentes judeus a obedeciam, no entanto quanto a contribuição levantada pela igreja, estas eram levadas aos pés dos apóstolos que as repartiam segundo as necessidades de cada um (Atos 4 . 3 4 -  37).

É certo que o Espírito Santo avisou que nos últimos dias, homens avarentos e gananciosos considerariam essa piedade como fonte de lucro e tirariam proveito disso, como atualmente se vê (1Timóteo 6 . 3 – 5).

A COLETA(CONTRIBUIÇÃO)DAS IGREJAS GENTIAS NA MACEDÔNIA E ACAIA

Depois do evento ocorrido em Atos dos Apóstolos que foi registrado por Lucas, vamos encontrar o apóstolo dos gentios tratando sobre esse assunto em suas cartas. Ao escrever aos crentes de Roma, Paulo manifesta o desejo de ir vê-los quando partisse para a Espanha (Romanos 15 . 24). Porém, Paulo vê como prioridade ir a Jerusalém a fim de ministrar aos irmãos, isto porque, os crentes gentios da Macedônia e da Acaia haviam achado por bem levantar uma coleta para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém (Romanos 15 . 25 , 26). A decisão de Paulo a ir a estes lugares foi relatado por Lucas em Atos 19 . 21: “E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma”.

Jerusalém, lugar onde a Igreja do Senhor nasceu passava por uma grande crise econômica e financeira. Muitos irmãos da igreja em Jerusalém estavam passando por grandes necessidades e as igrejas gentias o na Macedônia (Filipos, Tessalônica e Beréia) e na Acaia (Corinto) propuseram levantar uma contribuição e enviar a Jerusalém a fim de suprir a necessidade daqueles irmãos. A atitude das igrejas gentias em relação a igreja em Jerusalém era um sentimento de fraternidade e de gratidão a Deus, pelo fato de haverem alcançado a salvação que havia saído dos judeus (João 4 . 22). Paulo é enfático em relação ao objetivo daquela contribuição, quando diz que era para os pobres e não para outra causa. “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais.” (Romanos 15 . 26 , 27). Paulo deixou claro aos crentes de Roma que só poderia ir vê-los depois que ele mesmo fosse a Jerusalém administrar a contribuição aos irmãos (Romanos 15 . 28).

A COLETA (CONTRIBUIÇÃO) DOS CRENTES CORÍNTIOS (ACAIA).

Nas duas cartas que escreveu aos crentes de Corinto, Paulo ensina claramente sobre a virtude de contribuir com a obra do Senhor. Mas, o que seria a obra do Senhor no contexto neotestamentário? Vamos entender lendo com cuidado as cartas paulinas.

NA PRIMEIRA CARTA AOS CORINTIOS

No último capítulo da primeira carta aos Coríntios, Paulo fala sobre a coleta que se deve fazer aos santos, que no caso, eram os pobres de Jerusalém, como vimos acima. Lendo cuidadosamente a primeira carta aos Coríntios, observamos que o capítulo 16 inicia no último verso do capítulo 15 que diz: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1Corintios 15 . 58). Com certeza, houve um equívoco daqueles que dividiram as escrituras, pois sabemos que as escrituras sagradas num todo, não foi escrita em capítulos e versículos. Essa divisão foi feita posteriormente para ajudar na leitura da mesma. Quem dividiu a bíblia em capítulos foi o clérigo inglês Stephen Langton no início do século 13 EC. Tempos depois se tornou arcebispo de Cantuária. Ele fez isso, quando era professor na Universidade de Paris, na França. Cerca de 300 anos depois, na metade do século 16, o renomado impressor e erudito francês, Robert Estienne, tornou as coisas ainda mais fáceis ao dividir os capítulos em versículos numerados. Assim, podemos constatar que alguns versos ficaram de fora do contexto de determinados assuntos tratados na bíblia, como as cartas paulinas. Por isso que o capítulo 16 de primeira Coríntios, onde Paulo fala sobre a coleta para os santos tem seu inicio  no verso 58 do capítulo 15, visto ele tratar no capítulo 16 da obra de Deus. Confira Romanos 14 . 15 a 20, onde Paulo demonstra um cuidado com a vida humana como sendo a verdadeira a obra de Deus.

Falando sobre este assunto tão importante para a igreja, que é a contribuição para a obra do Senhor, Paulo deixa entendido que as coletas ou contribuições, não eram recolhidas a cada culto, como se faz atualmente em todas as igrejas, inclusive a católica romana. Há pastores que dizem nas igrejas (já ouvi isso): “culto que não se colhe dízimos e ofertas, não é culto completo”. Mas aqui Paulo ordena que as contribuições devessem ser recolhidas no primeiro dia da semana, onde cada crente deveria por de parte o que pudesse ajuntar, e de conformidade com sua prosperidade, para que não se fizessem as coletas quando ele chegasse (1Corintios 16 . 2). E estas coletas não eram feitas durante o culto. Paulo foi pessoalmente a Macedônia receber essa bênção, para enviá-la a Jerusalém. Essa contribuição ele confiaria a homens honestos, quais a igreja de Corinto deveria avalia-los e aprova-los a fim de levar essa graça até Jerusalém. “Então, quando estiver entre vós, enviarei com carta de recomendação os homens que aprovardes para levarem a vossa contribuição para Jerusalém” (1Corintios 16 . 3 KJA). Observe que no tocante a administração dos recursos dos irmãos, Paulo delegava à Igreja, coluna e apoio da verdade, o direito de escolher os homens certos para cuidarem dessa benção, assim como os apóstolos responsabilizaram a igreja na escolha dos diáconos. Infelizmente, na atualidade a igreja não tem essa voz. Pelo contrário, ela sequer pode questionar a aplicação dos recursos arrecadados. Os poucos que ainda ousam fazer são considerados rebeldes e alguns até são excluídos das instituições.

NA SEGUNDA CARTA AOS CORÍNTIOS

Nesta carta, Paulo continua tratando do mesmo assunto e chega a ocupar dois capítulos inteiros (8 e 9). É certo que muitos crentes e até teólogos tentam associar os escritos de Paulo ao ato de ofertar e dizimar, querendo levar o povo a crer nessa doutrina. Vamos ver se isso procede.

No capítulo 8, Paulo traz novamente a lembrança o que os macedônios fizeram. “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia” (2Corintios 8 . 1). Do verso primeiro ao quinto, Paulo elogia o trabalho dos macedônios que mesmo sendo pobres, doaram-se a Deus e aos irmãos, com alegria e riqueza de generosidade. E mais uma vez deixa bem claro que essas coletas não eram para outros fins, senão para o auxilio dos santos. “Porquanto posso dar testemunho de que contribuíram de livre vontade na medida de seus bens, e até mesmo acima disso! Pois nos solicitaram com muita insistência, o privilégio de participar da assistência em favor dos Santos” (2Corintios 8 . 3 , 4 KJA). Diferente das igrejas da Macedônia que eram pobres, as igrejas da Acaia eram ricas e prósperas. As igrejas da Macedônia, inclusive, chegaram até a suprir a necessidade de Paulo, para ele não ser pesado aos coríntios.  “Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei” (2Corintios 11 . 9). E quando esteve preso, recebeu ajuda da igreja em Filipos (Filipenses 4 . 15).

A partir do verso seis até o vinte e quatro, Paulo dá exortações e aconselhamentos aos coríntios, mencionando a Tito, seu cooperador que foi quem ele enviou aquela igreja, a fim de ajudá-la no ministério de arrecadação de recursos. “De tal maneira que pedimos a Tito que, assim como já havia começado, semelhantemente completasse essa expressão de graça da vossa parte... Agradecemos a Deus por ter colocado no coração de Tito a mesma dedicação por vós; pois Tito não apenas aceitou a nossa solicitação, mas já partiu para vos visitar, com muito entusiasmo e por iniciativa própria” (2Corintios 8 . 6 ; 16 , 17).

Neste capítulo, Paulo ensina claramente que a contribuição deva ser motivada pelo amor ao próximo e por prontidão de vontade, isto é, com disposição de servir a Deus na pessoa do semelhante (versos 7 a 10).No entanto essa contribuição não deva ser de forma irresponsável, onde o crente possa se sacrificar como algumas igrejas ensinam. “Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes. Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” (2Corintios 8 . 11 , 12). É bem certo que os macedônios deram além do que tinham, mas isso foi um ato voluntário da parte deles e que Paulo usou como exemplo para motivar os coríntios a exercerem o mesmo sentimento de amor e piedade. Mas aos crentes coríntios Paulo aconselha-os a contribuir de conformidade com o que eles têm e não com o que não tem, mostrando que a contribuição na igreja deve ser para atender um principio de igualdade entre os irmãos. “Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão, Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade; como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de menos.” (2Corintios 8 . 13 , 15).

Ao falar sobre o principio de igualdade, Paulo faz referência ao episódio que aconteceu no deserto quando Deus enviou o maná pela primeira vez. Deus havia ordenado os hebreus a colherem diariamente a medida de um ômer por cabeça, para que todos igualmente fossem alimentados. Mas uns hebreus gananciosos colheram além da medida, enquanto que outros colheram de menos. Porém, quando o maná foi medido com o ômer, àquele que recolheu de mais não lhe sobrou e àquele que recolheu de menos não lhe faltou (Êxodo 16 . 15 – 18). Com isso, Deus mostrou que "Dois pesos diferentes e duas espécies de medida são abominação ao SENHOR, tanto um como outro." (Provérbios 20 . 10). Deus deseja a igualdade no meio do seu povo e a contribuição na igreja deva seguir esse princípio divino. Mas esta igualdade não é vista nas igrejas, pois apenas uns poucos são beneficiados em detrimento do sacrifício de muitos. E vale lembrar que esses que atualmente são beneficiados pela contribuição da igreja moderna não são os pobres e necessitados, pois até esses são explorados no pouco que tem.

No restante dos versos que é do 16 ao 24, Paulo mais uma vez demonstra um cuidado com aqueles que administrariam essa contribuição, ou seja, com aqueles que levariam a contribuição ao seu destino. Como vimos, Tito foi um deles por ser honesto, desprendido de avareza e de extrema confiança de Paulo. “Evitando isto, que alguém nos vitupere por esta abundância, que por nós é ministrada;Pois zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens” (2Corintios 8 . 20 , 21). Hoje, alguns até evitam prestar contas à igreja daquilo que ela mesma contribui.

A LEI DA SEMEADURA

“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará” (2Corintios 9 . 6).


Muitos utilizam esse texto que fala da lei da semeadura, de forma isolada e distorcida, como maneira de levar os crentes a semearem em “terrenos estranhos”, como: contas de igrejas ou de seus fundadores; programas radiofônicos e/ou televisivos; edificação e manutenções de prédios (templos) e até para pagar viagens de pastores à terra de Israel. Mas não foi esse o ensino de Paulo às igrejas. O principio da semeadura para uma boa colheita é semear no terreno certo que é a vida do irmão necessitado. Esta é a verdadeira obra de Deus. Quem sabe Paulo se utilizou do ensino de Salomão que também falou sobre esse principio no antigo pacto: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra”. (Eclesiastes 11 . 1 , 2). Muitos são ensinados a contribuir nas instituições, objetivando um retorno imediato. Mas, o retorno será “depois de muitos dias”, como diz as escrituras ou no tempo que Deus achar conveniente. Quem semeia segundo o ensino dos homens, não pense que receberá alguma coisa de Deus.
 
Dos versos 7 ao 14 desta epístola, constatamos a grande verdade que a contribuição levantada pela igreja, em momento algum foi para algum tipo de obra humana e sua manutenção. Era exclusivamente destinada a atender a necessidade dos pobres, como diz: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;” (2Corintios 9 : 7 – 10). Ao dizer: “Conforme está escrito”, Paulo fez uso do Salmo 112 que mostra as qualidades do homem que teme a Deus e pratica a justiça, dispondo de seus bens para ajudar o necessitado e sendo por isso abençoado grandemente por Deus com sua família.

Mas alguém pode perguntar: Como vamos manter os templos com suas despesas? Jesus não mandou a sua igreja construir templos, pois este foi um costume do judaísmo. E quanto ao sustento do obreiro na nova aliança? O sustento do obreiro segue um principio, no qual já escrevi sobre ele. Acesse aqui:
http://crentefeliz.blogspot.com/2015/10/digno-e-obreiro-de-seu-salario-mas-qual.html

Finalizo afirmando que a contribuição nada tem a ver com dízimos e ofertas. Porém, assim como o dízimo na lei era um principio de Justiça, Misericórdia e Fé, principalmente em favor da causa dos necessitados (Mateus 23 . 23); assim é também a contribuição. Na igreja primitiva homens íntegros, honestos eram escolhidos para administrarem a contribuição da igreja no seu objetivo. Mas e hoje?

"Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" (Gálatas 4 : 16).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará
                                                                                                                                                
Fontes: Bíblia Sagrada Almeida Corrigida Fiel ao texto original (ACF)
                Bíblia King James Atualizada.