INTRODUÇÃO
"E
quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim
mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." (João
14 : 3).
Cristo prometeu voltar outra
vez. Pela bíblia, entendemos que a volta de Cristo apresenta duas finalidades
que dar-se-á em dois eventos distintos. Em um dos eventos que envolvem sua
volta, encontra-se a doutrina do arrebatamento da igreja que ao longo dos
séculos foi a mola propulsora para que a mensagem da salvação, pelo Espírito
Santo, rompesse os continentes e chegasse até aos confins da terra (Atos 1 : 8). Muito embora o novo testamento fale claramente sobre esse tão
esperado momento, o arrebatamento da igreja não é uma doutrina unânime entre os
que se dizem seguidores de Cristo. Há alguns que até no início creram, mas que
pela aparente demora em Jesus voltar, perderam a fé e passaram a crer que isso
não acontecerá. Esses tais ainda passaram a escarnecer desse ensino e até daqueles
que acreditam na vinda do Senhor (2Pedro 3 : 3 , 4). Mas, entre
aqueles que acreditam também há os que se divergem no tempo em que ocorrerá o
arrebatamento. Neste comentário estarei abordando sobre isso.
I – TODOS OS SALVOS SERÃO
ARREBATADOS.
1. A reunião dos salvos no
encontro com Cristo. "Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor." (1Tessalonicenses 4 : 17). O arrebatamento é uma doutrina genuinamente bíblica que ensina que os
crentes vivos, por ocasião deste evento, subirão a encontrar o Senhor nos ares,
para assim estarem para sempre com o Senhor, sem nunca mais se separarem.
Infelizmente, há alguns crentes que discordam e há outros que acreditam que o
arrebatamento se dará conforme a interpretação que tiveram das escrituras. Daí
surgiu três doutrinas quanto ao arrebatamento da igreja que são: a) Arrebatamento
pré-tribulacional; b) Arrebatamento meso-tribulacional ou
midi-tribulacional e; c) Arrebatamento pós tribulacional.
a) Arrebatamento
pré-tribulacional: É a doutrina que ensina que a igreja será
arrebatada antes da grande tribulação. Este é o ensino defendido pela maioria
dos cristãos, porque se harmoniza perfeitamente com as profecias escatológicas.
Por ela, entendemos que a igreja do Senhor não passará pela grande tribulação
pelos seguintes motivos:
1. A grande tribulação será o período mais negro da história humana, pois
será o tempo onde Deus irá derramar a sua ira sobre aqueles que deliberadamente
blasfemam contra Seu santo Nome e aceitam o plano de Satanás na pessoa do
anticristo (Apocalipse
14 : 10). A igreja do Senhor é formada de judeus, mas
na sua maioria de gentios que pela fé foram justificados no sangue de Jesus.
Por esta fé a igreja será salva da ira (Romanos 5 : 1 - 9).
2. Como gentios, pela fé nos convertemos dos ídolos a Deus para servirmos
o Deus vivo e verdadeiro. Assim, agora estamos esperar dos céus a seu Filho, a quem
ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura (1Tessalonicenses 1 : 10).
3. Temos a promessa do próprio Senhor de não sofrermos a grande tentação
que virá sobre todos os que habitam na terra (Apocalipse 3 : 10).
4. O período da grande tribulação é um plano de Deus para com Israel
exclusivamente, como profetizou Daniel: "Setenta semanas estão determinadas sobre o
teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar
fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar
a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo." (Daniel
9 : 24). A igreja remida não faz parte desse plano
que terá seu cumprimento na grande tribulação e que será consumado quando Jesus
vier em glória visivelmente; momento em que Israel reconhecerá aquele a quem
rejeitaram, matando-o numa cruz (Apocalipse 1 : 7).
5. A igreja, pelo arrebatamento antes da grande tribulação entrará na
glória primeiro que Israel, por ela haver aceitado o plano da salvação que por
eles foi rejeitado. “E virão
do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no
reino de Deus. E eis que derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há
que serão os derradeiros” (Lucas 13 : 29 – 30).
6. O arrebatamento pré-tribulacional é a prova do grande amor de Deus
revelado ao mundo na pessoa de Seu filho Jesus (João 3 : 16).
7. Jesus mesmo ensina sobre esse evento, exortando a Sua igreja a
vigilância e ao preparo quando diz: “Então, estando dois no campo, será levado um, e
deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada
outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mateus
24 : 40 – 42).
Esta é a doutrina na qual eu
também acredito, na qual Jesus virá antes da grande tribulação para aqueles que
o aguardam e amam a sua vinda.
"E agora, filhinhos, permanecei nele; para
que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos
por ele na sua vinda." (1João 2 : 28).
b) Arrebatamento
meso-tribulacional: É a doutrina defendida por um grupo de cristãos em que
o arrebatamento se dará em meio ao último período da grande tribulação, ou seja,
no meio dos últimos três anos e meio. Segundo este ensino, a Igreja passaria
pela ira e a perseguição do anticristo na primeira metade da Tribulação. A doutrina
meso-Tribulacionista se embasa na profecia das duas testemunhas em Apocalipse
11 : 12 para apontar que o arrebatamento ocorreria no meio da Tribulação, como
diz: “E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia:
Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram”. O termo "Subi
para aqui" seria o momento do Arrebatamento da Igreja, mas nesse versículo fica
claro que quem sobe são somente as duas testemunhas, e não a Igreja como um
todo.
c) Arrebatamento pós-tribulacional. É a doutrina que ensina que
a igreja só será arrebatada após a tribulação, quando Jesus vier em glória. Os
defensores desta doutrina colocam a igreja e Israel no mesmo patamar e
consideram os santos da grande tribulação como se fossem a igreja (Apocalipse 13 ; 7). Mas esses santos são aqueles que se converterão nesse
período, pois o evangelho será pregado pelos 144.000 judeus e pelos anjos (Apocalipse 14 : 6 , 7). Essa tese ainda defende que
a fé da igreja terá de ser provada pela grande provação sob o domínio do
anticristo e que somente os que perseverarem até o fim é que serão salvos ou
arrebatados. Tal ensino vai de encontro as profecias que mostram Jesus
retornando em glória acompanhado dos santos que é a sua igreja. Judas cita que
Enoque profetizou esse dia: "E destes profetizou também Enoque,
o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus
santos;" (Judas 1 : 14).
Os defensores das doutrinas
meso e pós-tribulacionistas condenam a doutrina pré-tribulacionista alegando
não haver base escrituristica para tal. Dizem que ela foi inventada em meados
de 1800 por um inglês chamado John Nelson Darby e que se tornou febre entre os
protestantes devido a comentários de rodapé da bíblia Scofield. Mas nossa fé
não é baseada em comentários de rodapé de bíblias, mas na revelação divina das
Escrituras. "Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir,
para corrigir, para instruir em justiça;" (2Timóteo
3 : 16).
2. Quem será arrebatado. Certamente que
aqueles que acreditam e que purificam suas vidas, como dizem as Escrituras: “Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim
como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si
mesmo, como também ele é puro” (1João
3 : 2 , 3). O arrebatamento será a ocasião em que se verá a diferença entre o
justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não serve (Malaquias 3 : 18 ; Mateus 7 : 21 – 23). Atualmente o justo e o
ímpio ocupam o mesmo espaço, assim como o joio está entremeado entre o trigo (Mateus 13 : 24 – 41). O ímpio não é o pecador alienado da comunhão e
da presença de Deus como muitos pensam. Não, o ímpio, assim como o justo, professam
servir a Deus. Muitos deles oram, profetizam, expulsam demônios, falam em
línguas e até operam maravilhas em Nome de Jesus. Mas cometem injustiça contra
o próximo que é a prática da iniquidade. A estes o Senhor dirá: "E
então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniqüidade." (Mateus
7 : 23). Estes não serão arrebatados, mas somente aqueles que praticam a
justiça e amam o seu próximo, pois o Senhor conhece os que são seus, e qualquer
que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade (2Timóteo 2 : 19).
II – O ARREBATAMENTO E A
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
1. A ignorância acerca dos
mortos. "Não quero, porém, irmãos, que
sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como
os demais, que não têm esperança." (1Tessalonicenses 4 : 13).
Paulo
havia instruído as igrejas sobre a doutrina da ressurreição, pois, por onde
passou, ele nunca deixou de ensinar todo o conselho de Deus (Atos 20 : 27). Mas na sua ausência os falsos cristos distorceram seus ensinos levando
o povo a duvidar das promessas de Deus. Como exemplo temos Himeneu e Fileto que
na igreja em Éfeso desviaram a fé de alguns, asseverando que a ressurreição já
havia acontecido. “E a palavra desses roerá como gangrena;
entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo
que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns” (2Timóteo
2 : 17 , 18). Esses falsos ensinos se disseminaram pelas
igrejas a ponto de levar Paulo novamente a exortá-las quanto a essa gloriosa
promessa. Tal ensino permissivo chegou a igreja de Corinto, onde Paulo chama de
bestas àqueles que espalharam heresias a respeito da ressurreição em Éfeso e em
Corinto: Vejam o que Paulo diz: “Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas,
que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que
amanhã morreremos. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons
costumes. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o
conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa” (1Corintios
15 : 32 – 34).
Semelhantemente
nos dias de hoje, há muita ignorância a respeito de vários assuntos pertinentes
a nossa salvação, por culpa de ensinos distorcidos de falsos mestres agindo no
seio da igreja.
2. A primeira e a segunda ressurreição. "Porque
o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro." (1Tessalonicenses 4 : 16).
A bíblia nos fala de duas
ressurreições; uma para os salvos e outra para os perdidos. Daniel profetizou: "E
muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e
outros para vergonha e desprezo eterno." (Daniel 12 : 2). Muitos entendem
que haverá apenas uma ressurreição simultânea de salvos e perdidos, assim como
interpretam a segunda vinda de Cristo como sendo apenas uma. Isso porque
interpretam erroneamente o que Jesus disse: “Não vos
maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros
ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e
os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (João 5 : 28 , 29). Mas a Paulo a quem o Senhor escolheu como
apóstolo dos gentios, foi revelado àquilo que ficou oculto aos judeus. E é
Paulo quem nos fornece detalhes sobre a doutrina da ressurreição, conforme a
vemos no capítulo 15 de 1Corintios. No Apocalipse João alude a duas
ressurreições (Apocalipse 20 : 5 , 6).
Porque a ressurreição? Ao
entrar na eternidade, todos entrarão vivos; tanto na eternidade ao lado de Deus
como longe dele. A entrada no reino dos céus se dará com pessoas vivas, assim
como no juízo final todos deverão comparecer vivos na presença do juiz do trono
branco (Apocalipse 20 : 13).
3. A transformação dos crentes que estiverem vivos quando Jesus voltar. "Eis
aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados;" (1Coríntios
15 : 51).
A carne e o sangue não
herdarão o reino de Deus. Por isso, por ocasião do arrebatamento, ante o toque
da trombeta conclamando os salvos a se reunirem com o Senhor, os corpos dos
crentes que estiverem vivos passarão por uma radical transformação. Aquilo que
é mortal se tornará imortal, o que corruptível se tornará incorruptível. Nosso
corpo se tornará glorioso semelhante ao do Senhor, pois assim como Ele é nós
seremos (1João 3 : 2). Para entrar na cidade santa
que está nos céus, nosso corpo deverá ser igual ao do Senhor e Ele mesmo será
quem efetuará essa transformação. “Mas a nossa cidade está nos céus, de
onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o
nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Filipenses 2 : 20 , 21).
III – ANTES DO ARREBATAMENTO E
DEPOIS DELE
1. Antes, é preciso
vigilância. Como foi bem enfatizado nos comentários das lições anteriores,
enquanto Jesus não vem é preciso cuidado e muita vigilância. Lucas registrou as
palavras do Senhor no seu evangelho que diz que esse dia virá como um laço
sobre os que habitam na terra. Além de vigilância, o Senhor nos pede cautela em
algumas áreas da vida.
“E olhai
por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de
embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia.
Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a
terra. Vigiai, pois, em todo o tempo,
orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão
de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem” (Lucas
21 : 34 – 36).
2. Depois viveremos felizes
para sempre. Não é um conto de fadas, mas depois de vencido os embates da vida,
enfim, estaremos para sempre com o Senhor. Como igreja, por amor de Jesus
sofremos as mais diversas aflições. Por pregarmos Sua Palavra, muitas vezes
somos incompreendidos. Por amor de seu nome amigos e até parentes se afastam e
nos desprezam. Mas, enquanto esse dia não chega àquele que nos prometeu o reino
dos céus nos conforta: “Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus” (Mateus 5 : 10).
CONCLUSÃO
Jesus arrebatará a Sua igreja.
Não uma igreja, mas a Sua igreja. Aquela que lhe foi fiel e suportou as
adversidades e perseguições por causa de seu Nome. No arrebatamento estaremos
com o Senhor e também com nossos entes queridos que ora domem no seio de Abraão.
Quando a trombeta tocar o Senhor descerá dos céus. Trará consigo aqueles que
nEle dormem e os ressuscitará. Simultaneamente nosso corpo será transformado e
juntos subiremos a encontrar o Senhor nos ares. Essa é a nossa esperança.
Em Cristo,
Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.