No próximo domingo encerra-se o segundo trimestre de lições bíblicas da
escola dominical (CPAD) que tratou do tema “Maravilhosa Graça”, com base na
carta de Paulo aos romanos. Eu tive a oportunidade de estudar junto aos irmãos
todas as lições abordadas no trimestre. Parabenizo ao comentarista pastor José
Gonçalves e a equipe de editores da CPAD pelo oportuno tema, cujas lições nos
deram a oportunidade de entender mais profundamente a diferença que há entre a
Lei de Moisés e a graça e a verdade de Cristo. Neste artigo irei comentar o
tópico II da lição que fala sobre a ameaça às relações interpessoais. Tecerei o
comentário com base nos estudos das lições ministrados durante o trimestre,
onde farei algumas considerações dentro do contexto da epístola.
O primeiro sub-tópico fala sobre o individualismo daqueles que promoviam
dissensões. Quem seriam estes? Leiamos o verso 17 do capítulo 16 de Romanos:
“E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”. (Romanos 16 . 17).
Conforme
a palavra de Paulo havia na igreja em Roma crentes que ameaçavam a comunhão dos
santos por promoverem dissensões e escândalos contra a doutrina que a igreja em
Roma havia aprendido. Mas estes não agiam individualmente. Então, quem seriam estes com a qual Paulo demonstra tanta preocupação?
Para conhecermos quem são primeiramente é preciso saber qual era a doutrina que
havia sido ensinada à igreja que estava em Roma.
Como
tivemos a oportunidade de aprender nestas lições, em toda a epístola escrita
aos romanos, Paulo doutrina a igreja sobre a salvação pela graça e a
justificação pela fé em Cristo, sem as obras da Lei que foi dada aos judeus por
meio de Moisés. A igreja em Roma era formada de judeus, sendo a sua maioria de gentios.
Mas muitos judeus que congregavam com os gentios ainda se sentiam
compromissados em seguir os ritos da Lei mosaica e entendiam que sem a
obediência a estes não poderiam alcançar a salvação. Esses não haviam entendido
e compreendido a plenitude da graça de Deus revelado pelo evangelho. Nos
capítulos 14 e 15 da carta aos romanos, Paulo mostrou que aqueles que ainda não
tinham se libertado dos dogmas da Lei eram os fracos na fé. Mas que a igreja,
sendo o corpo de Cristo não deveria desprezá-los ou excluí-los, porém suportá-los
no amor de Cristo. Contudo, apesar de todo cuidado e exortação, na igreja havia
alguns que eram insensíveis e irredutíveis quanto a doutrina da graça. Paulo viu
que estes representavam um perigo a doutrina e aconselha aos irmãos a se
desviarem deles. Quem seriam estes e o que faziam? Não há dúvidas que eram os
maus obreiros, que apesar de todo ensino e admoestação da parte de Paulo, os
mesmos insistiam em permanecer nas tradições que herdaram do judaísmo.
Na igreja em Filipos eles agiram da mesma forma. "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da circuncisão" (Filipenses 3 : 2).
Sim, esses que promoviam a dissensão e escândalo contra a doutrina não eram
outros, senão os judeus legalistas, que defendiam a justificação pela Lei, como
a circuncisão e outros mandamentos da lei mosaica e como sendo necessários à
salvação (Atos 15 : 1). Estes eram os que apesar de serem crentes, não
haviam nascidos de novo por não aceitarem que a fé no Senhor fosse suficiente
para justificá-los de seus pecados diante de Deus. Eles eram os que
disseminavam na igreja em Roma e também nas outras igrejas cristãs o fermento
do judaísmo que era a doutrina dos fariseus, conforme alertou Jesus. “E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e
saduceus... Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento
do pão, mas da doutrina dos fariseus”. (Mateus 16 : 6 ; 12).
Essa
doutrina (fermento) defendida pelos legalistas judeus era permissiva, pois ela
negava o sacrifício efetuado por Cristo no calvário. A doutrina dos fariseus e
saduceus que ensinava a obediência às obras da Lei visava inutilizar a doutrina
da salvação pela fé. Quando lemos as cartas de Paulo às outras igrejas,
vemos a ação destes causando também dissensões contra a doutrina em muitas
igrejas por onde Paulo passou pregando o evangelho.
O
segundo sub-tópico fala que esses facciosos que promoviam dissensões e
escândalos faziam parte de um movimento sectário que
tinha como prática o sensualismo e o antinomismo. Preciso discordar, pois não
foi isto que aprendemos no estudo deste trimestre. Leiamos o verso 18 do
capítulo 16 de Romanos: “Porque os tais não servem a
nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas
enganam os corações dos simples”. (Romanos 16. 18).
O
“ventre” em apreço não se refere a sensualidade, mas ao cuidado com o próprio
ser, pois este era o principal objetivo dos maus obreiros ao espalharem seu
fermento (vil doutrina). Paulo deixa claro que estes eram os mesmos judeus
legalistas do verso 17 que causavam dissensões e escândalos contra a doutrina.
Podemos entender assim quando lemos a mesma recomendação de Paulo aos
filipenses, quanto ao cuidado que a igreja deveria ter em relação a eles, os
quais Paulo o denominou de cães e maus obreiros que defendiam a circuncisão,
uma obra da Lei. "Guardai-vos dos cães, guardai-vos
dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão... Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo,
chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo deus
é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas
terrenas" (Filipenses 3 : 2 ; 18 , 19). Atente que esses se tornaram inimigos da Cruz de
Cristo por justamente defenderem a Lei como a circuncisão e por se apegarem as
coisas desta vida. Ora, se estes defendiam a Lei, não podiam ser antinomistas.
O
cuidado de Paulo tinha sérios motivos, pois se a igreja aderisse às doutrinas e
costumes do judaísmo, então o sacrifício de Cristo se tornaria sem nenhum
valor. "Não aniquilo a graça de Deus;
porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas
2 : 21). Isto porque se os maus obreiros
com suaves palavras e lisonjas conseguissem inchar a igreja com o seu fermento,
então, seria fácil convencer os crentes a sustentá-los da forma como a Lei
ordenava aos judeus sustentarem os sacerdotes levitas com dízimos e ofertas.
Assim, eles não teriam de trabalhar como Paulo e seus companheiros trabalhavam
e isto sim, era uma das maneiras de trazer escândalo e dissensão a doutrina que
a igreja havia aprendido. Em seu testemunho de vida ministerial, Paulo fazia
questão de dizer que era um imitador de Cristo (1Corintios 11 : 1).
E como imitador de Cristo Paulo entregou de graça, o que de graça recebeu,
conforme ensinou o Senhor Jesus (Mateus
10 : 8 ; 1Corintios 9 ; 18). Ainda como
imitador de Cristo, Paulo trabalhou com suas próprias mãos para seu sustento e
de seus companheiros (Atos 20 : 34 , 35). Jesus era carpinteiro e Paulo fazedor de tendas.
O
trabalho honesto e digno foi praticado por Paulo no exercício da pregação do
evangelho e foi um dos ensinos (doutrina) que ele, como apóstolo dos gentios
legou à igreja cristã como tradição. "Mandamo-vos,
porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o
irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos
houvemos desordenadamente entre vós, nem de graça comemos o pão de homem algum,
mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a
nenhum de vós" (2Tessalonicenses
3 : 6 - 8). E esse andar desordenadamente é
justamente o não querer trabalhar para viver à custa do povo, conforme o ensino
de Paulo sugere. E atente que em relação a estes que também são chamados de
irmãos, Paulo ensina a se apartar, assim como ensina a se desviar em Romanos 16
: 17, pois são estes os que causam dissensões e escândalos contra a doutrina
que Jesus, os apóstolos e Paulo ensinaram à igreja.
Se
nos dias atuais alguém age a semelhança dos fariseus e saduceus e dos maus
obreiros, quais querem introduzir na igreja o seu fermento, que são costumes do
judaísmo e doutrinas da antiga aliança, que consiste nas obras da Lei e que não
dizem respeito a igreja do Senhor; então são desses que devemos nos desviar,
pois são estes que causam divisões e escândalos contra a doutrina.
"Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus." (1Coríntios 10 : 32)
Em
Cristo,
Reginaldo
Barbosa
Santa Bárbara do
Pará.
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