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terça-feira, 10 de outubro de 2017

Não façam da Casa de meu Pai, uma casa de negócios


"E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." (2Pedro 2.3)

Em dois artigos anteriores esclareci que Deus não habita em templos feitos pelas mãos dos homens, conforme afirmam as Escrituras neotestamentárias (Atos 7.48 ; 17,24). Ele habita na casa que Ele mesmo fez, e que foi edificada pelo Filho, quando na cruz inaugurou a Nova Aliança pelo Seu sangue derramado. Essa casa, somos nós, os que cremos. Assim como Israel foi a Casa de Deus no concerto antigo, a Igreja é a Casa da habitação de Deus na Nova Aliança. (Hebreus 3.4-6).

Sim, somos a Casa de Deus, a morada do Santo Espírito (1Corintios 3.16). Por esta Casa, o Dono tem um zelo consumidor, a ponto de destruir, aquele que corromper esta Casa "Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo." (1Coríntios 3.17).

O ZELO DE CRISTO PELA CASA DO PAI

João, no seu evangelho registra sobre o zelo de Jesus sobre a casa do Pai. Mas esta casa não era o templo de Salomão? Como expliquei nos artigos anteriores, aquele templo que não existe mais, foi considerado como a casa de Deus, somente pelo motivo de a arca do concerto estar guardada alí dentro. A arca foi uma representação da presença de Deus entre os hebreus até a vinda do Emanuel (Deus conosco). Com a vinda do Messias, tanto a arca, como o templo que a abrigava perderam seu sentido e utilidade. O Espírito agora estava presente e agia no verdadeiro templo que é o Messias, o Cristo de Deus. "Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu Espírito, E anunciará aos gentios o juízo." (Mateus 12.18). Assim, o Pai passou a habitar no Filho e não mais na arca ou mesmo no templo. "Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras."  (João 14.10). E essa habitação foi prometida a todos quantos crerem e amarem o enviado de Deus e obedecerem os seus mandamentos. "Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada." (João 14.23).

No entanto, enquanto Cristo não consumasse a obra que veio fazer, a Lei e seus ritos precisavam ser obedecidos, inclusive os ritos inerentes ao templo ministrados pelos descendentes de Levi.

JESUS EXPULSA OS VENDILHÕES DO TEMPLO

O templo como casa de Deus, deveria ser um lugar da mais alta reverencia e temor. E isso era responsabilidade dos sacerdotes levitas, cuidar para que esse lugar não fosse profanado e vilipendiado, como fizeram os levitas no tabernáculo no deserto. "Mas os levitas armarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do testemunho." (Números 1.53). Porém, os sacerdotes movidos de sórdida ganancia, permitiram que se armasse uma espécie de feira livre no pátio do templo, onde o comércio ali feito gerava grandes lucros para eles. Convém dizer que o comércio feito no templo, consistia tanto na venda de animais, como no câmbio, isto é, na troca por dinheiro das ofertas e dos dízimos que o povo levava ao templo, conforme a Lei ordenava. O momento era propício para conseguir uma boa receita, pois em Jerusalém se comemorava a maior festa do povo judeu que é a pascoa. Judeus que vinham de outras regiões e países que não podiam trazer suas oferendas aproveitavam a promoção que se realizava no pátio do templo, com a autorização dos sacerdotes.
Ao chegar alí, o Senhor manifestou seu repúdio e indignação pelo comércio que se fazia naquela casa.
“E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará” (João 2.14-17).

Apesar do Pai não está alí (o comércio lá feito era uma prova disso), o Senhor, no entanto estava no cumprimento da Lei e da justiça. (Mateus 3.15 ; 5.17). Qualquer um poderia concordar com aquilo, e justificar que o dinheiro arrecadado daria para fazer grandes reformas no templo e embelezá-lo ainda mais. Mas Jesus sabia que o objetivo era outro e Ele não podia concordar com os sacerdotes por estarem violando a Lei que Ele veio cumprir, ao fazerem negócios e lucrarem com o sacrifício do povo, como aconteceu nos tempos de Jeremias. “Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram; Engordam-se, estão nédios, e ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa do órfão; todavia prosperam; nem julgam o direito dos necessitados” (Jeremias 5.27,28); e de Oseias. "Comem da oferta pelo pecado do meu povo, e pela transgressão dele têm desejo ardente." (Oséias 4. 8).

Ao rejeitar aquele ato dos sacerdotes, expulsando os comerciantes daquela casa, o Senhor deixa uma grande lição a ser entendida, que Ele nunca há de apoiar ou concordar com as ações daqueles que fazem de Sua Casa, uma casa de negócios, ou covil de ladrões (Marcos 11.17). Em João 10, Jesus ensina por meio de uma parábola, que este tipo de ladrão que é o mercenário, estaria no meio das Suas ovelhas, por este haver subido por outra parte e não pela porta (João 10.1-12). E este é o ladrão que veio para roubar, matar e destruir as ovelhas (João 10.10). E Ele também sabia que isso aconteceria no decorrer dos tempos, onde muitos tentariam fazer negociata com Sua Casa que somos nós, Suas ovelhas. Por isso, pelo Seu Espírito Eterno usou Pedro para advertir seu rebanho.

“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.  E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2Pedro 2.1-3).


Mas infelizmente, muitos tem se deixado enganar e outros até defendem os atos dos lobos devoradores que se infiltram no rebanho, com o fim de extorquirem e se apropriarem dos bens das ovelhas. Paulo, usado pelo mesmo Espírito de Cristo, alertou a igreja do Senhor em Éfeso. “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20.29,30).

Os “sacerdotes modernos” estão fazendo negócios com a Casa de Deus, vendendo suas “bugigangas espirituais”, que são objetos supostamente ungidos, como; sal ungido, azeite, rosa ungida, água do rio Jordão, areia de Israel e muitos outros. Isso, sem falar nos CD’s, DVD’s, apostilas e livros que se vendem nos templos por ocasião de grandes festas. Mas não é somente isso, além do comércio que é feito, os sacerdotes modernos estão também destruindo o templo de Deus, levando o crente a apostatar da fé na pessoa do Salvador e a crer na “energia positiva” advinda desses objetos supostamente ungidos. Porém, chegará o momento que o próprio Senhor destruirá aqueles que destroem seu templo, como Pedro profetizou: “...sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2Pedro 2.3b). Não está longe o tempo em que todos aqueles que abusam da noiva do Cordeiro, fazendo dela uma casa de comércio, hão de chorar e lamentar, pois a Igreja tem um dono e Ele está vendo tudo. A grande prostituta com seus cafetões que é a Babilônia religiosa que promove essas coisas vai cair por terra e sua queda já teve inicio. “E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém mais compra as suas mercadorias” (Apocalipse 18.11).


Igreja de Cristo, você foi comprada com um preço muito alto, não se faça serva dos homens. Você é livre e não deve nada a ninguém (1Coríntios 7.23). Jamais permita que alguém venha fazer negócios com a sua fé, pois você é a Casa da habitação de Deus.

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará