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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dízimo - Promessas que nunca se cumprem na vida do dizimista fiel





Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Malaquias 3:10).

Quantos já não ouviram que o segredo para ser próspero e se receber as bênçãos de Deus consiste no ato de se “ser fiel” nos dízimos e nas ofertas, conforme preceituado no livro de Malaquias? Quantos que por acreditar nessa tese estão por anos a fio a dar a décima parte (dízimo) do suado salário e nunca viram se cumprir o que foi prometido? O que estaria errado se o que acredita cumpre fidedignamente sua parte, a ponto de ser considerado um “dizimista fiel” por parte de quem recebe os dízimos? Estaria Deus sendo infiel falhando com sua promessa para com seus filhos? Afinal onde está o problema?

Com base na minha própria vida, posso afirmar que o problema não está no ato da doação e muito menos em Deus, mas sim na falta de conhecimento em relação ao assunto, tanto da parte que o ensina quanto daquele que o dá. Desde minha conversão, em julho de 1987 aprendi - porque fui ensinado - que para ser abençoado tinha de praticar esse principio e, por 25 anos fui fiel a esse ensino, às vezes dando muito mais que a décima parte do que me vinha às mãos, mas nunca houve bênção tal que eu precisasse construir um lugar a parte para guardar essas bênçãos. Também conheço muitos outros, que há muito tempo são fiéis a essa doutrina, mas nunca receberam aquilo que se promete na interpretação do texto em voga.

Em 26 anos de serviço ao Senhor alcancei de Suas mãos muitas bênçãos, como: a ressurreição de minha primeira filha, a cura de meu segundo filho qual três médicos o desenganaram, um bom emprego mesmo não havendo concluído o segundo grau, casa própria; minha cura do diabetes, que segundo a medicina não existe solução e muitas outras bênçãos que não enumerarei neste espaço. Mas, nenhuma destas bênçãos acima relacionadas se deveu ao ato de dizimar, mas sim primeiramente pela grande misericórdia de Deus  e por outras atitudes, quais aprendi na própria Palavra de Deus que, entre outros, é ser solidário com meu semelhante, qual é a verdadeira vontade Deus (Sl 41:1-3).

É certo que por eu haver defendido muito tempo essa doutrina e hoje negá-la, sou considerado apóstata e herege, onde alguns que se diziam meus irmãos se afastaram de mim e me têm como uma ameaça a igreja e outros já me tem como um condenado ao inferno. Mas, tenho aprendido que não tenho o direito de alterar a Palavra, indo além do que está escrito, mas sim batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 1:3).

Mas, voltando ao assunto, vamos ver porque essa promessa não se cumpre na vida do “dizimista fiel”.

Primeiramente, precisamos saber o que é dízimo (ou o que era) e o que de fato o texto de Malaquias 3:10 se refere:

O dizimo:  (Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa...)

O dízimo consistia na décima parte da colheita e nas primícias do rebanho, quais os judeus após a posse da terra prometida, deveriam entregá-las para o sustento dos levitas e dos necessitados de Israel, como órfãos, viúvas e estrangeiros (Deuteronômio 12:1-12). O dízimo jamais foi para a manutenção do templo ou para pagar o salário do sacerdote, pois este sobrevivia do dízimo dos dízimos que era a oferta alçada (Números 18:26).  A manutenção do templo era das ofertas que os hebreus entregavam para essa finalidade (Neemias 10:32). Ambos, dízimos e ofertas era entregues apenas uma vez ao ano, onde na ocasião havia uma solenidade todo especial no ato da entrega destes (Deuteronômio 14:22; 26:1-15). Apenas os levitas (da tribo de Levi) foram autorizados por Deus a receberem os dízimos das mãos de seus irmãos. Os sacerdotes que também eram da tribo de Levi só recebiam a décima parte de todos os dízimos das mãos dos levitas unicamente (Números 18:24-26) .

Casa do tesouro

Não era tesouraria como se ensina, mas uma câmara no templo que foi construída para armazenar os dízimos (2Crônicas 31: 4-11). Os dízimos consistiam em cereais e outros produtos, mas nunca em dinheiro, pois este não era aceito como dízimo (Deuteronômio 14:22-29). Nesta câmara não deveria faltar mantimento, que era os dízimos, pois estes eram para suprir a necessidade, não do templo, mas daqueles que trabalhavam nele, como levitas, cantores, porteiros e também dos necessitados (Neemias 10:39; 12:44-47). Os templos (casas de orações) onde a igreja congrega não é casa do tesouro, pois dízimo não era dinheiro e isso não mudou. Pensar desta forma é transformar as casas de orações em casas de negócios, como de fatos vemos acontecer em nossos dias. Jesus condenou veementemente este ato por parte dos sacerdotes que permitiram que tal profanação ocorresse no templo (Mateus 21:12,13; Marcos 11:15-17; Lucas 19:45,46; João 2:15).

Fazer prova de Deus: (...e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos...)

Nós crentes, povo da Nova Aliança firmada pelo sangue de Cristo, não devemos fazer prova de Deus, pois esta ação demonstra falta de confiança em Deus (Hebreus 3:8-10). Fazer prova de Deus hoje, soa como alguém que coloca Deus na parede exigindo que Ele cumpra a sua parte no contrato. Apesar de estar assim escrito, devemos ter a consciência que Deus estava tratando com um povo rebelde e contumaz que apesar de inúmeras vezes contemplarem as obras de Deus os mesmos não o honraram como Deus, antes o provocaram (Romanos 1:19-23; Hebreus 3:15-17). E além do mais, este povo vivia pela lei e não pela fé (Romanos 9:31-33). Por falta de fé, parte deste povo pereceu e não pode herdar as promessas que Deus lhes fez e mais tarde, todos eles foram dispersos pelo mundo, deixando de existir como nação. Paulo diz que a lei não é da fé (Gálatas 3:12) e a lei serviu de aio (tutor) até que viesse a fé (Gálatas 3:23-25). A igreja é um povo que foi chamado a viver, não pela lei, mas pela fé (Hebreus 10:38), pois sem esta é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6). Somente os que não têm fé põem Deus à prova, mas nós somos instados a dar graças a Deus em tudo, independentemente das circunstâncias (1Tessalonicenses 5:18). O texto é bem claro quando diz que Deus pediu para fazer prova dele somente NISTO: Ele abriria as janelas do céu e não outra coisa. Leia abaixo o que isso significa.

Abrindo as janelas do céu: (..se eu não vos abrir as janelas do céu... )

"Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se."  (Gênesis 8:2).

Alguns por falta de entendimento criaram até um “slogan” que diz: “As janelas do céu estão abertas para o dizimista fiel”. Quando Deus prometeu que abriria as janelas dos céus, Ele não estava prometendo casa, carro do ano e muito menos riquezas, como alguns “profetas” insinuam. Ele simplesmente estava prometendo enviar a chuva para regar a terra, pois, assim como a praga do gafanhoto devorador a retenção da chuva também era uma maneira de punir os hebreus pela sua infidelidade (Levítico 26:3-5; 1Reis 17:1; 2Crônicas 7:13; Jeremias 3:2,3). E, na verdade a chuva é um tesouro do céu que Deus nos envia: "O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado." (Deuteronômio 28:12).

Uma bênção tal (...e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes... )

Que bênção maior para aquele povo, senão a abundância da produção da lavoura em virtude da terra que foi regada pela chuva? Essa foi a promessa que Deus fez, os campos produziriam em abundância que no momento da colheita não haveria lugar para recolher essas bênçãos.

"Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como também pão da novidade da terra; e esta será fértil e cheia; naquele dia o teu gado pastará em largos pastos."  (Isaías 30:23).

Deus não precisa nos abençoar por alguma obra que fazemos ou devemos fazer, pois, por termos aceitado seu plano redentor recebendo a Seu filho como nosso Salvador, Ele já nos abençoou com toda a sorte de bênçãos nos lugares celestiais (Efésios 1:3). Só precisamos agradecê-lo.

E você que é um dizimista fiel (assim como pensei ser por 25 anos), mais nunca viu se cumprir essa promessa na sua vida, não responsabilize a Deus por isso. A culpa é daqueles que por ignorância, quem sabe, interpretaram a Palavra fora de seu contexto e também de você mesmo por não examinar as Escrituras, conforme os bereanos faziam para não serem enganados (Atos 17:11). Em toda a Bíblia há inúmeras passagens explicando com clareza o que era o dizimo, pra que servia e de quem era a responsabilidade de administrá-lo e reparti-lo. Infelizmente muitos só se prendem em Malaquias 3:8-10.

Estudemos a Palavra, pois esta é fiel e digna do toda aceitação (1Timóteo 4:9).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Liderança Cristã: Um chamado para cuidar

Pr. Altair Germano


A fé verdadeira, no âmbito das relações humanas, encarna-se no cuidar do próximo. A essência da vida em sociedade é o cuidado mútuo, expressão concreta do amor verdadeiro.
Ao criar a família, Deus estabeleceu uma relação de cuidado, onde os cônjuges cuidariam um do outro, os pais dos filhos, os filhos dos pais e os irmãos entre si. Nas demais relações sociais o cuidado deverá estar presente, norteando pensamentos e atos.

O pecado fez com que o ideal de cuidado fosse negligenciado, para que o ciúme, a ira, a inveja e o egoísmo promovessem a violência, e esta a morte do próximo.

Todas as vezes, que na condição de líderes e pastores cuidamos do nosso próximo, retornamos ao ideal de Deus, e o glorificamos com as nossas ações. Somos salvos e lideramos para as boas obras, para o cuidado.
Há muitas pessoas que se dizem cristãs, que afirmam que nasceram de novo, que frequentam e até lideram igrejas, mas que as suas omissões para com o cuidado ao próximo fazem com neguem a fé verbalizada e professada.

Em alguns casos, há quem lidere e cuide, mas com critérios pré-definidos, do tipo seletivo ou preconceituoso, onde apenas algumas pessoas são qualificadas com dignas de seus cuidados.

A parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37) expressa de forma magistral a vontade de Deus para com as relações de cuidado entre as pessoas. Observemos algumas das lições que podem ser extraídas desta belíssima narrativa bíblica.

Em primeiro lugar, devemos viajar na estrada da vida observando bem os acontecimentos e as pessoas ao longo do caminho. Mas, não basta ver, é preciso sensibilidade para que diante da percepção da miséria e da desgraça alheia possamos interromper um pouco a jornada, e nos determos aos pés dos que estão por algum motivo caídos, prostrados e quase mortos. É preciso investir atenção.

Em segundo lugar, não há cuidado que glorifique a Deus se não for movido por íntima compaixão. É a compaixão que nasce do mais profundo do nosso ser o combustível que deve mover nossas ações em direção aos necessitados. Sem amor não há que tenha valor diante do Pai celestial. É preciso investir amor.

Em terceiro lugar, é preciso se aproximar daqueles que precisam de cuidado. As feridas do corpo, da alma e do espírito precisam ser cuidadosamente e delicadamente atadas. Ao cuidar do próximo, fazemos bem para todo o seu ser. É preciso investir ação.

Em quarto lugar, nossos bens precisam ser percebidos como provisões de Deus para socorrer o nosso próximo em suas necessidades. Teremos sempre em abundância quando investirmos nossas provisões sem sentimentos mesquinhos no cuidado com o próximo, quando a generosidade fundamentar nossas ações, quando a liberalidade promover paz e gozo em nossa alma. É preciso investir recursos materiais.

Em quinto lugar, nossa força será de grande valia ao próximo, na medida em que a utilizarmos para o colocar em nossos braços, para carregá-lo sobre nossos ombros ou em nosso meio de transporte. É preciso investir energia.

Em sexto lugar, nosso tempo deverá ser utilizado e otimizado de tal maneira, que um dia de cuidado ao próximo precisará ser compreendido como tempo investido, em vez de gasto ou perdido. O samaritano da parábola levou-o para uma estalagem e cuidou dele, dedicando-lhe um dia inteiro. É preciso investir tempo.

Em sétimo lugar, cuidaremos do nosso próximo quando não formos escravos da avareza, quando as coisas não consumirem nossas economias, quando não formos consumidos pelo consumismo. Quanto dinheiro se gasta com futilidades, com superfluidades, com vaidades loucas, com caprichos desenfreados, enquanto há próximos mendigando tratamentos clínicos e medicamentos. É preciso investir dinheiro.

A fala do samaritano ao hospedeiro é digna de ser destacada: “CUIDA DELE, e tudo o que demais gastares eu to pagarei, quando voltar” (Lc 10:35).

Se levantarmos os olhos neste exato momento, é possível que contemplemos alguém prostrado na estrada da vida, a espera de um cuidador que possa lhe socorrer.  O que faremos? Passaremos de largo ou investiremos os cuidados necessários?

Outra parábola que enfatiza o cuidado pastoral é a da ovelha perdida (Lc 15:1-7), onde a ênfase recai sobre o valor individual das pessoas. Em tempos onde os olhos de muitos líderes se voltam para os grandes ajuntamentos, existe a urgente necessidade de se pensar e agir em favor daqueles que se desgarraram, que precisam de misericórdia e amor em forma de cuidado pastoral.

O líder ou pastor é um apascentador de ovelhas. Apascentar implica em alimentar, proteger, guiar, buscar as perdidas e curar as feridas das machucadas ou chagadas. Apascentar é cuidar:

Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:  apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória. (1 Pe 5:1-3)

Jundiaí-SP, 29/01/2012
http://www.altairgermano.net/2013/01/lideranca-crista-um-chamado-para-cuidar.html