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sexta-feira, 15 de abril de 2011

PÁSCOA, SUA IMPORTÂNCIA, SIMBOLOS E SIGNIFICADO




Aproximamo-nos de mais um período festivo, onde se comemorará a paixão, morte e ressurreição do Senhor que também se dará no domingo da Páscoa. O comércio está preparado e as propagandas nos meios de comunicações já invadem os lares oferecendo o que há de mais apetitoso e tentador como os ovos de chocolate, conhecido como "ovo de páscoa".

Outro dia, fui solicitado a ajudar um aluno na confecção de um trabalho relacionado à Pascoa, onde fora solicitado que o mesmo levasse um cartaz com gravuras de símbolos que aludisse a Páscoa. Ele me pediu que desenhasse em uma folha de cartolina um coelho segurando alguns ovos e com a frase "Feliz Páscoa". Eu lhe perguntei o que significava o coelho e os ovos ou mesmo a Páscoa e ele não soube me responder. Só disse que nessa época todo mundo fala disso e que achava que era o correto. 

Isso me fez refletir na responsabilidade de cristão e que me levou a procurar esclarecer o verdadeiro sentido da Páscoa e o que ela representa para nós cristãos. Elaborei um pequeno informativo em forma de revistinha e comecei a distribuir entre os amigos e vizinhos. O resultado é que fui chamado a dar palestras em escolas e até mesmo na Câmara Municipal de minha Cidade de Santa Bárbara do Pará fui, pela graça de Deus, ministrar entre os legisladores de meu município sobre o que é a Páscoa.

 “E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da PÁSCOA ao SENHOR, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou. (Êxodo 12:26,27).

O QUE É A PÁSCOA?

A PÁSCOA é uma das três principais festas do povo judeu, também comemorada por muitos cristãos. Sua origem deu-se no final do período em que o povo hebreu encontrava-se escravizado no Egito sob o domínio de faraó. Foi instituída pelo próprio Deus, com o intuito de libertar o seu povo do jugo egípcio (Ex 12). A PÁSCOA deveria ficar na história do povo hebreu, como um marco da libertação do povo judeu do cativeiro egípcio. Quando, nas gerações futuras alguém perguntasse: “que culto é este?” O povo deveria estar apto a responder as razões pelas quais ela foi instituída.

No Novo Testamento Jesus Cristo, como hebreu, cumpriu toda a Lei em que se incluía o cerimonial da Páscoa. Ao estabelecer a nova aliança no seu sangue, Jesus mostrou qual era o verdadeiro sentido deste cerimonial que é a PÁSCOA. Hoje, como muitas outras verddaes da bíblia, o verdadeiro sentido da PÁSCOA foi desvirtuado e assim ensinado a humanidade. Por influência de culturas pagãs no seio do Cristianismo, os símbolos originais foram substituídos por outros, que nada tem a ver com o verdadeiro simbolismo da PÁSCOA como: ovos de chocolate, coelho e etc... Quando se pergunta o que é a PÁSCOA ou o que ela representa, poucos são os que sabem responder. Porém, a luz da Bíblia Sagrada veremos o que é a PÁSCOA, o que ela representa ainda para os hebreus, quais as razões de sua instituição e qual o verdadeiro significado para nós cristãos.

I - A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA.

No Antigo Testamento, vemos que Deus havia escolhido um povo exclusivamente para si, este povo era a nação de Israel. Israel deveria honrar sua escolha e ser obediente ao seu criador e não decepciona-lo. As nações estrangeiras tinham costumes e rituais pagãos que não agradavam a Deus e o povo de Israel não deveria jamais imita-las. Porém, foi exatamente o que a nação de Israel fez. Por isso, Deus permitiu que eles servissem a uma nação estrangeira para depois liberta-los, mostrando assim o seu grande poder. “Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza". (Gênesis 15 : 13 , 14)”.

Deus cumpriu a sua Palavra, e por um espaço de 430 anos Israel serviu como escravo no Egito. Para libertá-los, Deus escolhe Moisés e o capacita para realizar esta grande tarefa. Moisés é enviado ao Egito com a missão de convencer Faraó a libertar o povo hebreu. Faraó por sua vez não fez caso da reivindicação de Moisés, teve o coração endurecido e não deixou o povo ir. Então, Deus ordena que sejam derramadas sobre o Egito dez pragas como veremos:

1ª - As águas tornam-se sangue (Ex 7:19-21).
2ª - A praga das rãs (Ex 8:1-15).
3ª - A praga dos piolhos (Ex 8:16-19).
4ª - A praga das moscas (Ex 8:20-32).
5ª - A praga das pestes nos animais (Ex 9:1-17).
6ª - A praga das sarnas (Ex 9:8-12).
7ª - A praga das saraivas (Ex 9:13-35).
8ª - A praga dos gafanhotos (Ex 10:1-20).
9ª - A praga das trevas (Ex 10:21-29).
10ª - A morte dos primogênitos (Ex11:1-10; 12:29-31).

As primeiras nove pragas visavam afligir somente os egípcios, porém, esta última, era a mais terrível de todas, pois consistia na morte de todos os primogênitos, desde os homens até os animais e atingiria a todos. Para poupar o seu povo, Deus chama a Moisés e Aarão seu irmão e os instrui a respeito da instituição da PÁSCOA.

Esta deveria ser observada pelo povo hebreu nos seus mínimos detalhes, caso contrário também seriam afligidos por esta terrível praga, assim como foram os egípcios.

O SENTIDO ETIMOLÓGICO DA PALAVRA

O termo PÁSCOA deriva do verbo hebraico “PESACH”, cujo significado é; “PASSAR POR CIMA”, dando-nos a idéia de LIVRAMENTO, PROTEÇÃO. “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, PASSAREI POR CIMA de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Ex 12:13)

A ORDENAÇÃO, O RITO E SEUS SÍMBOLOS.

Êxodo 12:3-24:

13  E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.
14  E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.
15  Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel.
16  E ao primeiro dia haverá santa convocação; também ao sétimo dia tereis santa convocação; nenhuma obra se fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós.
17  Guardai pois a festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egito; pelo que guardareis a este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo.
18  No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde.
19  Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, aquela alma será cortada da congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra.
20  Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos.
21  Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa.
22  Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã.
23  Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.
24  Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre.


Conforme o texto acima, observamos a ordenação de Deus em relação à instituição da PÁSCOA. Agora, observaremos seus símbolos e significados em relação a Jesus Cristo o CORDEIRO de Deus, visto que a PÁSCOA dos judeus no passado apontava para o futuro, onde o próprio filho de Deus seria sacrificado como um CORDEIRO para trazer-nos a libertação definitiva. Jesus é o CORDEIRO que foi morto desde a fundação do mundo. “E adoraram-no todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi MORTO desde a fundação do mundo” (Ap 13:8).

CARACTERÍSTICAS DO CORDEIRO PASCAL (Ex. 12: 5-8)

O Cordeiro ou cabrito para o sacrifício devia atender a essas exigências:

a) SEM MANCHAS. Não era apenas um capricho ou gosto estético, a escolha de um cordeiro sem manchas. Deveria ser assim, pois aquele animal, que seria levado ao sacrifício, representava CRISTO, Cordeiro de Deus, imaculado e incontaminado (I Pe 1:19).

b) UM MACHO DE UM ANO. Poderia ser um cordeiro ou um cabrito. O fato de ter um ano era requerido, tendo em vista a sua inocência. Nesse aspecto, o cordeiro representava Cristo, que foi entregue por nós, sendo totalmente inocente, quanto à culpa pelos nossos pecados (Mt 27.4a).

c) GUARDADO ATÉ O 14º DIA. O cordeiro PASCAL deveria ser tomado no 10º dia do mês de Abibe (abril) e guardado até o 14º dia, em observação pela família que o iria sacrificar. JESUS, como Cordeiro de Deus, também foi examinado pelos que o crucificaram, e nele não se achou falta alguma (Lc 23.4).

d) UM CORDEIRO PARA CADA CASA. O cordeiro da PÁSCOA deveria ser tomado para cada casa. Isso nos indica que Cristo, nosso Cordeiro PASCAL, deve estar presente em cada casa, para que, pelo sangue, tenhamos a proteção divina. Se a família fosse pequena, poderia compartilhar do cordeiro com outra. Assim também, temos o prazer de compartilhar CRISTO com outras pessoas.

e) A MORTE DO CORDEIRO. O cordeiro, com as características já mencionadas era morto, em todas as casas, à tarde. O tempo em que o cordeiro era sacrificado, ocorria entre as 15 e 17 horas (pôr-do-sol). JESUS CRISTO, nosso Cordeiro Pascal, foi morto entre a hora nona (15 hs.horário judaico) e 17 horas (horário romano), e o pôr-do-sol (Mt 27.45,46).

f) O SANGUE DO CORDEIRO. Não era desperdiçado. Tinha grande valor e significado para os israelitas. O sangue deveria ser posto sobre ambas as ombreiras (partes verticais da porta) e na verga (parte horizontal, sobre as ombreiras). Nessas partes o sangue seria visto por todos. Não seria posto nas soleiras para não ser pisado. Por esse sangue eles seriam salvos, quando da passagem do anjo exterminador na terra do Egito (Ex 12:23). Da mesma forma, é pelo sangue de JESUS que somos salvos da ira de Deus (Rm 5:9).

g) A CARNE ASSADA NO FOGO. Em todo o procedimento da celebração da PÁSCOA, vemos um tipo de CRISTO. A carne assada no fogo representa o fogo da ira de Deus, que JESUS suportou em nosso lugar, a ponto de ser abandonado na cruz (Mt 27:46).

h) COM PÃES ASMOS. Eram pães sem fermento. Seria um memorial, relembrando a pressa com que eles sairiam do Egito. E isso ocorreu, de fato, pois, quando da partida, o povo saiu antes que a massa levedasse ou fermentasse (Ex 12:34). Para nós, cristãos, significa que, para nos apossarmos de CRISTO, precisamos despojar-nos do fermento da hipocrisia, da malícia, da maldade, bem como dos pecados da velha vida (I Cor 5:7).

i) COM ERVAS AMARGOSAS. Ao comer a PÁSCOA, esses ingredientes relembrariam as amarguras sofridas no Egito. Para nós, significa o arrependimento dos pecados, muitas vezes amargo para a natureza humana, mas indispensável para servir a CRISTO. “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16:24).

 A NOVA ALIANÇA

Na PÁSCOA, temos um memorial a ser observado pelos israelitas, tendo em vista a sua libertação do Egito (Ex 12:14). Na Nova Aliança estabelecida por Jesus, temos outro memorial a ser celebrado, pois a Páscoa judaica fazia parte da lei que na cruz foi cumprida por Cristo (Mt 5.17). JESUS como CORDEIRO de Deus cumpriu todo o ritual da antiga aliança, com seus ritos e cerimoniais, inclusive a Páscoa que consistia na morte de um cordeiro que deveria ser comido com pães asmos e ervas amargas.


Ao cumprir toda a lei do antigo concerto, Jesus estabeleceu um novo e eterno, firmado no seu próprio sangue. “E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta PÁSCOA, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lhes, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22:15-20).


Na PÁSCOA judaica, o cordeiro, a vitima, estava ali, sobre a mesa. Era um símbolo de CRISTO. Na CEIA (eucaristia) quem está presente é o próprio CRISTO, o CORDEIRO de DEUS que tira os pecados do mundo. A sombra ou o símbolo foi substituído pela realidade, pois CRISTO nossa PÁSCOA foi sacrificado por nós (I Cor 5:7b). O cordeiro como animal, não precisa mais ser imolado, pois o CORDEIRO de DEUS - JESUS - já se manifestou para tirar os pecados do mundo (I Jo 3:8). JESUS ordenou que durante a ceia cristã o pão fosse comido em memória dEle (Lc 2:19), e não mais o cordeiro em memória da saída do Egito. JESUS tomou o cálice do “fruto da vide” (vinho sem fermento) e disse que era o sangue do Novo Testamento, ou seja, a Nova Aliança, para remissão dos pecados, e que ele deveria ser tomado em sua memória (I Co 11:26).


Na CEIA, todos os cristãos em comunhão com Cristo devem ser participantes desses dois emblemas: PÃO e VINHO. Devem por obediência ao Senhor comer o pão e tomar o vinho, conforme Ele ordenou, pois por eles celebramos a nossa liberdade do pecado, pela morte vicária que passou JESUS em nosso lugar, ao mesmo tempo em que alimentamos a esperança de um dia participarmos com Ele, no reino de Deus (Lc 22:16). “Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.  Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6:53-56).

CONCLUSÃO

O fato de Jesus ter morrido na Sexta-feira e ressuscitado no Domingo de PÁSCOA, não foi coincidência. Tinha de ser assim para se cumprir tudo o que dele estava escrito “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprissem tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).
Coelhos e ovos de chocolate nada têm a ver com a verdadeira Páscoa. É uma das muitas tradições que veio do paganismo e que, infelizmente foi abraçada pelos cristãos, onde os mercenários e comerciantes da fé se aproveitam desse engodo e da ignorância do povo para obter lucro com a venda dos mesmos. É uma tradição sem fundamentos, sem valor algum para os verdadeiros cristãos e que desvirtua o verdadeiro significado da PÁSCOA. Veja como surgiu essa tradição pagã:

 Os autênticos cristãos vêem na PÁSCOA, um significado redentor. A maioria das igrejas cristãs comemoram a nova Páscoa, não uma vez por ano, mas todos os meses no rito da SANTA CEIA que consiste no “alimentar-se” do PÃO (corpo) e VINHO (sangue), símbolos autênticos da Verdadeira PÁSCOA, conforme o mandamento do Senhor à sua Igreja: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19).
"Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós."  (I Coríntios 5:7)
Em Cristo,

Reginaldo Barbosa

Santa Bárbara do Pará.