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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O que significa NÃO ABANDONAR A NOSSA CONGREGAÇÃO?




O autor da carta aos judeus convertidos a Cristo (hebreus) aconselha: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hebreus 10.25).

Uma leitura superficial e desatenta do texto, pode levar o leitor a entender que o crente não deve abandonar a denominação ou o lugar (prédio) onde congregam. De fato, é exatamente isso que os muitos religiosos entendem. Mas, na época em que a carta foi escrita não haviam denominações, cada uma com seus templos e nomenclaturas. Havia uma igreja, formada inicialmente de judeus e que era perseguida por falar no Nome de Jesus. Por isso, estes viviam fugindo e se escondendo dos seus algozes. Não possuíam bens, casas e muito menos um lugar fixo para se reunirem em Nome de Jesus. Então, o que significava “não abandonar a nossa congregação?”.

A palavra congregação é citada 343 vezes em toda a bíblia, de acordo com a versão Almeida Corrigida Fiel (ACF). Só no Antigo testamento quando nem igreja havia, a palavra congregação é citada 340 vezes. E, no Novo Testamento onde nasceu a igreja, a palavra é mencionada somente 3 (três) vezes. Então, a palavra congregação na bíblia não remete a lugar e/ou espaço físico, mas a pessoas reunidas, da mesma forma que a palavra igreja no Novo Testamento se refere a pessoas reunidas em o Nome de Jesus, independente do lugar onde se reúnam ou estejam. A seguir, vou colocar alguns textos do antigo testamento que corroboram essa verdade:

"Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família."  (Êxodo 12.3). É importante salientar que neste tempo nem tabernáculo existia, pois este só foi fabricado a partir do capitulo 25 de Êxodo.

"E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto."  (Êxodo 16.2). Aqui fica bem claro que a congregação era o povo.

Mas, quando o tabernáculo foi construído, este foi chamado de TENDA DA CONGREGAÇÃO (Êxodo 27.21). Mas não era permitido o povo entrar nele para adorar a Deus. Somente os da tribo de Levi tinham permissão para entrar no tabernáculo e os que não fossem levitas morreriam (Números 18.7). O mesmo era no templo que substituiu o tabernáculo, onde nem mesmo Jesus pode entrar. O máximo que Jesus ia era no pátio do templo, onde o povo se aglomerava. Jesus ia ali para ensinar, curar e libertar as pessoas, mas quando precisava orar, se dirigia ao monte das Oliveiras.

Assim, o conselho do autor aos hebreus em 10.25 era referente a crentes que estavam desistindo da caminhada cristã e voltando aos velhos rudimentos da lei, negligenciando a graça salvadora. Estes, corriam um grave perigo de se perderem eternamente, pois voluntariamente estavam abandonando a comunhão da congregação (povo/igreja) e servindo de tropeço, pisando o Filho de Deus e profanando o sangue da aliança que no madeiro foi derramado e fazendo agravo ao Espírito Santo, como diz os versos 28,29: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hebreus 10.28,29)

Reginaldo Barbosa.
Santa Bárbara do Pará



sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Céu e Inferno - Quem já foi pra esses lugares?


"Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu." (João 3.13). "Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus." (Salmos 9.17).

INTRODUÇÃO

Quando uma pessoa que julgamos ser boa morre, afirmamos que esta foi para o céu, ou que foi para a glória estar com Deus. Da mesma forma, quando uma pessoa que julgamos ser má também morre, dizemos que esta foi para o inferno. Será que este pensamento está correto? Temos o direito de fazer um juízo antecipado escolhendo quem vai para o céu o quem vai para o inferno? O que é o céu e o que é o inferno segundo as escrituras? Vamos analisar as sagradas letras e ver o que ela tem nos ensinar a respeito, para não cometermos mais estes erros.

O QUE É O CÉU SEGUNDO A BÍBLIA?

A bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) fala de céu (singular) 327 vezes e céus (plural) 374 vezes.

O céu (no singular), geralmente se refere ao firmamento que é a parte que contemplamos com nossos olhos, cuja cor predominante de dia é o azul, podendo mudar de cor de acordo com o tempo e sendo escuro a noite ou iluminado pelas estrelas. Exemplos do céu como firmamento: "E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos." (Gênesis 7.19); "O SENHOR vosso Deus já vos tem multiplicado; e eis que em multidão sois hoje como as estrelas do céu." (Deuteronômio 1.10).

Os céus (no plural) dá a entender que existe mais de um céu, onde um deles é céu da glória ou o lugar onde Deus habita na companhia do Filho, dos anjos, arcanjos, querubins e serafins. É o lugar que até hoje nenhum mortal teve acesso. "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." (Salmos 19.1). Neste salmo, podemos notar a diferença de CÉU (firmamento) para CÉUS (morada/habitação Divina). Mas também encontramos nas Escrituras a palavra céu no singular se referindo ao céu da glória que é o lugar invisível a nossos olhos e onde Deus habita e os anjos. Diferente do firmamento esse céu é o céu dos céus (céu da glória), conforme declaram as escrituras: "Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora."  (Neemias 9.6). Leia também 1Reis8.27 e 2Crônicas 6.18.

O QUE É O INFERNO SEGUNDO A BÍBLIA?

Para termos um entendimento correto sobre este lugar, é necessário analisarmos várias versões de bíblias e procurarmos uma que se aproxime dos escritos originais. Isso, porque algumas versões chamam esse lugar de “Seol” ou “Sheol”, outras de “Geena”, outras de “Tártaro” e outras de “Hades”. Essa desarmonia que há entre as várias versões da bíblia tem contribuído para a confusão que muitos fazem a respeito do inferno e até criem doutrinas estranhas sobre o assunto. Vamos conhecer o que são estes lugares acima citado:

1 – Seol ou Sheol: Não é o inferno, mas na língua hebraica é o lugar que se refere a sepultura, onde os mortos são sepultados (Gênesis 42.38 ; 44.29 ; 1Samuel 2.6 ; Eclesiastes 9.10). É a mesma definição para o termo grego Hades que designa HABITAÇÃO DOS MORTOS e se referem ao estado intermediário dos mortos até o julgamento que se dará no juízo final. Era o lugar de cativeiro onde desciam os espíritos dos mortos no antigo testamento, antes da vinda do Messias. Na passagem do rico e Lázaro ensinado por Jesus em Lucas 16.20-25, temos a ideia que o sheol ou hades ficavam num plano paralelo, sendo apenas divididos por um grande abismo. Jesus ao morrer desceu a este lugar (Salmo 16.10). A versão fiel ao original diz que Jesus desceu ao “hades” enquanto que outras versões dizem que Ele desceu ao inferno, mais não foi. Pedro diz que Jesus foi alí pregar aos espíritos em prisão, àqueles que no período de Noé foram rebeldes e desobedientes a pregação da palavra de Deus (1Pedro 3.19,20). Foi a este lugar que Paulo diz que o Senhor desceu as partes mais baixas da terra e depois subiu, como está em Efésios 4.8-10:

“8  Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens.
9  Ora, isto  ele subiu  que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?
10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas”.

Observe que Paulo explica que Jesus ao subir das partes mais baixas da terra (hades - mundo dos mortos) levou cativo o cativeiro. O que significa isso? Significa que o seio de Abraão, onde os espíritos dos justos jaziam, foi transportado para o terceiro céu, onde atualmente é o paraíso, lugar de descanso para os fiéis que dormem no Senhor, aguardando momento de o Senhor os trazer de lá na Sua segunda vinda (1Tessalonicenses 4.14). Mas, os ensinos de Paulo levam a crer que o hades continua no mesmo lugar e os que vão para lá, já se encontram em tormentos, conforme a narrativa de Jesus na parábola do rico e Lázaro.

2 – Geena: Também não é o inferno. Geena era uma espécie de lixão fora das portas de Jerusalém, onde eram lançados dejetos, corpos de animais que morriam e às vezes até de malfeitores e indigentes. Alí um fogo queimava constantemente sem se apagar. O que não era consumido pelo fogo, era devorado pelos vermes que alí se acumulavam. Jesus utilizou o que acontecia neste lugar para exemplificar o sofrimento eterno que se dará no inferno que na verdade é o lago de fogo (Marcos 9.43-48). Algumas versões chamam esse lugar de inferno, mas não é. Geena é uma referência ao lago de fogo que nunca se apaga, como veremos mais a frente.

O QUE SERIA O INFERNO?

O inferno existe de fato ou é fruto da imaginação das pessoas? Sim, o inferno existe e este lugar é o mesmo lago de fogo, como frisei acima e que é mencionado em Apocalipse.
Vamos analisar alguns versos em diferentes versões de bíblias:

"E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte." (Apocalipse 20.14 ARA). Se o inferno é lugar de tormento eterno como encontramos nesta versão, como ele poderá ser jogado junto com a morte para dentro do lago de fogo? Estranho não é? Mas, quando lemos a versão fiel ao original, olha o que encontramos: "E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte." (Apocalipse 20.14 KJA). Entendam que o hades não é o inferno, mas o lugar onde estão atualmente os mortos sem Cristo. No dia do juízo eles ressuscitarão desse lugar a prestar contas de seus atos diante do trono branco, onde serão julgados conforme o que está escrito nos livros (Apocalipse 20.12).

PARA ONDE VÃO OS ESPÍRITOS DOS JUSTOS QUE MORREM?

Se não vão para o céu ou para a glória perto de Deus, para onde vão? Escrevendo aos Coríntios, Paulo testemunha de sua experiência que teve ao ser arrebatado ao terceiro céu. "Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu." (2Coríntios 12.2). E, conforme seu relato, esse terceiro céu é o paraíso. “Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (2Corintios 12.4). O paraíso então foi o lugar para onde Lázaro foi levado pelos anjos, também conhecido como seio de Abraão, antes de Cristo descer alí (Lucas 16.20-25). Acredita-se esse lugar foi levado cativo por Jesus quando ressuscitou como foi explicado acima. Foi no terceiro céu (paraíso) que Jesus prometeu que o ladrão arrependido estaria com Ele. "E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23.43). É neste lugar onde atualmente os santos descansam. Não confundir com o paraíso citado em Apocalipse 2.7, onde está plantada a árvore da vida, pois tudo leva a crer que após o juízo final e o estabelecimento da nova ordem, o paraíso seja implantado na nova terra, onde habita a justiça. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus." (Apocalipse 2.7).

OS QUE ESTÃO NO PARAÍSO ESTÃO CONSCIENTES OU NÃO?

Vejamos o que diz a bíblia em Apocalipse 6.9-11:

“9  E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.
10  E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
11  E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram”.

O texto deixa transparecer que o paraíso seja o lugar que está debaixo do altar, o mesmo terceiro céu (paraíso), onde Paulo foi arrebatado. Os mortos em Cristo estão ali e conscientes. Eles anelam o momento de Deus fazer justiça contra aqueles que em vida os maltrataram e os mataram. No momento em que for dada a ordem, e tocar a última trombeta, o Senhor Jesus se levantará do seu trono que está no céu dos céus para vir reinar, ocasião em arrebatará os escolhidos que subirão a encontra-lo nas nuvens. Na sua vinda Ele passará no paraíso e trará consigo o espírito daqueles que nEle dormem e que ora repousam lá (1Tessalonicenses 4.13-18).

Então, podemos concluir que no céu dos céus ou na glória de Deus não tem ninguém, a não ser os anjos, arcanjos, querubins e serafins que incansavelmente adoram a Deus dia e noite.

ONDE ESTÃO OS ESPÍRITOS DOS MORTOS SEM CRISTO?

É comum se afirmar que eles estão no inferno. Mas, como bem expliquei, esses estão no mundo dos mortos que é o heol ou hades. Diferentes dos salvos que estão repousando no paraíso, estes já sofrem um tormento, onde aguardam também a ressurreição para serem julgados, como ensinou Jesus: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (João 5.28,29).

Somente após o julgamento é que esses mortos serão lançados no inferno que é o lago do fogo eterno, onde também será jogado o diabo e seus anjos. "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;" (Mateus 25.41).

CONCLUSÃO

Ninguém entrou no céu e nem no inferno (lago de fogo). Na verdade, não encontramos nas Escrituras alguma promessa de irmos ou entrarmos no céu, com exceções dos que morrem em Cristo e vão para o paraíso (terceiro céu). A promessa para os crentes é que estes farão parte do reino dos céus, e este reino parcialmente já está pela presença do Espírito Santo na igreja, operando sinais e maravilhas e será definitivamente implantado na nova terra, quando esta terra for desfeita, juntamente com os céus que ora existe. "Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." (2Pedro 3.13).
Nossa habitação eterna não será no céu, mas na Cidade Santa que Jesus foi preparar no céu e que descerá na nova terra. "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo," (Filipenses 3.20); "E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido." (Apocalipse 21.2). Em ambos os casos, tanto a entrada no reino dos céus, como ser lançado no fogo eterno (inferno), o ser humano será lançado vivo. Por isso é que haverá duas ressurreições, a dos bons para entrar no reino dos céus e a dos maus para serem lançados no inferno que é o mesmo lago de fogo.

“Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Apocalipse 20.5,6).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará

sexta-feira, 23 de março de 2018

Lei e Graça - As duas Alianças



"Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." (João 1.17)

INTRODUÇÃO

A bíblia é o livro sagrado dos cristãos. É um conjunto de livros inspirados que formam as Sagradas Escrituras. Como um livro, a bíblia tem duas grandes divisões - a histórica e a teológica. Historicamente a bíblia está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. E, teologicamente ela se divide em Lei e Graça.  O Antigo Testamento revelou a Lei que veio desde Gênesis até a morte de Cristo no Calvário. O Novo Testamento que começou com a morte de Cristo, revelou a graça salvadora que trouxe salvação a todos os homens (Tito 2.11). A graça se revela em sua plenitude na Nova Aliança que foi inaugurada pelo sangue de Cristo derramado no madeiro, quando Ele cumpriu toda a Lei. Ambas as alianças foram seladas com sangue; a primeira com sangue de animais e a segunda, com o sangue do Cordeiro de Deus – Jesus. Neste estudo, estarei comentando a respeito das duas grandes alianças que Deus fez com o homem.  
     
DEFINIÇÃO DO TERMO ALIANÇA

A bíblia menciona o termo Aliança 279 vezes de Gênesis a Apocalipse. Em hebraico é “berith” e em grego é “diatheke”. É uma palavra que define um pacto, um acordo ou contrato firmado entre duas partes, como o matrimônio, por exemplo. Há alianças que os homens firmam entre si, mas aqui trataremos de alianças no sentido bíblico que são as firmadas entre Deus e os homens. Na bíblia encontramos Deus estabelecendo alianças particulares com homens, como: com Noé (Gênesis 6.18); com Abraão (Gênesis 15.18 ; 17.2-14); com Isaque (Gênesis 17.19-21) ; com Daví (Salmos 89.3) e outros. Mas em termos gerais, Deus fez duas grandes; a primeira somente com os hebreus no Sinai e a segunda com judeus e gentios no monte Calvário. A primeira escrita em tábuas de pedras (Êxodo 24.12); a segunda e última escrita nas tábuas de carne do coração e na mente dos crentes (2Corintios 3.3 ; Hebreus 10.16,17). Todas as alianças, tanto as que Deus fez particularmente com os patriarcas, como as com o povo hebreu e com a humanidade em geral foram firmadas em promessas.

A PRIMEIRA ALIANÇA REVELADA NO ANTIGO TESTAMENTO

A primeira Aliança foi feita ao pé do monte Sinai com o povo de Israel, quando este havia saído do Egito, depois de um cativeiro de 430 anos e caminhava rumo à terra prometida. Moisés, o levita, foi o mediador dessa aliança, quando este escreveu no livro os estatutos e juízos ditados por Deus e os entregou ao povo, assim como também entregou as tábuas com os dez mandamentos, escritos pelo dedo do próprio Deus (Êxodo 31,18 ; Deuteronômio 9.10). Por isso, a Lei de Deus é também chamada de a Lei de Moisés (Deuteronômio 4.44 ; Josué 23.6 ; Malaquias 4.4 ; Lucas 2.22 ; Atos 13.39, etc). Antes de subir ao monte para receber de Deus as tábuas da primeira aliança, Moisés leu a Lei aos ouvidos do povo, que já haviam sido escritas por ele próprio no livro, por determinação de Deus, onde o povo se comprometeu a obedecer tudo o que nele estava escrito (Êxodo 24.3,4). Diante de tal juramento e comprometimento, Moisés ordena alguns jovens sacrificarem animais, pois até então, Israel não havia transgredido os mandamentos e todas as 12 tribos eram uma nação e um reino sacerdotal. Assim, qualquer hebreu, sem distinção, poderia sacrificar ao Senhor (Êxodo 19.6). Moisés pegou o sangue desses animais imolados e pôs uma parte em bacias e a outra aspergiu sobre o altar (Êxodo24.6). Em seguida, Moisés mais uma vez lê a Lei aos ouvidos de todo o povo que reitera o compromisso de obedecer tudo o que o Senhor havia falado (Êxodo 24.7). Então, Moisés sela a primeira Aliança com sangue de bezerros. "Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras." (Êxodo 24.8).

OS DEZ MANDAMENTOS

Os dez mandamentos escritos em tábuas de pedra, fazem parte da primeira aliança e que são o resumo das 613 leis, estatutos e juízos dados por Deus, por intermédio de Moisés ao povo hebreu (Malaquias 4.4). Paulo, o apóstolo dos gentios ensina que os dez mandamentos vieram como um ministério de condenação e morte (2Corintios 3.7-9). E de fato foi assim, pois quando os filhos de Israel quebraram pela primeira vez a aliança, fazendo o bezerro de ouro para adorar, uns três mil israelitas foram mortos pela espada dos próprios irmãos levitas (Êxodo 32.27,28). Foram mortos por violarem os dois primeiros mandamentos que diz: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Êxodo 20.3-5). Assim, qualquer violação de algum dos dez mandamentos incorria na morte do transgressor. Como exemplo, cito mais três, além dos dois primeiros já mencionados, como: 1. A violação do dia de sábado: "Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo." (Êxodo 31.14); 2. A violação do mandamento de não adulterar: "Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera." (Levítico 20.10);e 3. A violação do mandamento de não honrar pai e mãe: "O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto." (Êxodo 21.15). Estes são alguns dos exemplos que mostram porque os dez mandamentos vieram como ministério de condenação e morte.

A LEI ERA UM CONJUNTO DE 613 PRECEITOS, ESTATUTOS E JUÍZOS.

"Guardai, pois, todos os meus estatutos, e todos os meus juízos, e cumpri-os, para que não vos vomite a terra, para a qual eu vos levo para habitar nela." (Levítico 20.22).

A primeira aliança tinha como base a Lei composta de 613 mandamentos e não apenas 10. Ela foi uma aliança exclusiva com o povo de Israel que haveria de tomar posse da terra prometida - a terra de Canaã. Estrangeiros que vieram do Egito e que peregrinaram com os hebreus, passaram também a habitar na terra de Canaã. Contudo, eles só seriam participantes das promessas feitas a Israel, caso também obedecessem estes estatutos.  "Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós;" (Levítico 18.26). E a primeira regra para um estrangeiro ser participante das bênçãos dadas a Israel, seria a aliança da Circuncisão, conforme Deus fez com o patriarca Abraão uns 400 anos antes de instituir a Lei (Gênesis 17.11,12). E uma das bênçãos que os estrangeiros passariam a ter como observadores da Lei de Moisés era o direito a serem sustentados pelos dízimos dados pelos hebreus, como um ato de justiça e misericórdia, pois semelhantes aos levitas, eles não tinham herança na terra. (Deuteronômio 14.29,29 ; Malaquias 3.5). Saliento que entre o povo de Israel, a circuncisão é o sinal externo que define a antiga aliança com uma marca no corpo (Gênesis 17.11).

A PROMESSA DA ANTIGA ALIANÇA E O PACTO DA CIRCUNCISÃO

"Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais;" (Romanos 15.8).

Como já antecipei ambas as alianças foram firmadas em promessas. Com o povo de Israel, a aliança seria mediante o rito da circuncisão que é um ato do homem em resposta ao pedido de Deus. Ao povo de Israel Deus prometeu a Abraão e a Isaque a posse da terra de Canaã (Êxodo 6.4). A circuncisão seria a marca que identificaria o povo de Israel como propriedade e tesouro peculiar de Deus entre todas as nações (Êxodo 19.5). A obediência ao pacto da circuncisão era tão importante a ser obedecido pelo israelita, que o próprio Deus quis matar o primogênito de Moisés, no caminho para o Egito. Isto porque, ele não teve o cuidado de circuncidá-lo, conforme a aliança feita com Abraão. Ele só não morreu porque sua mãe, Zípora entendeu a vontade de Deus e circuncidou seu primogênito (Êxodo 4.24-26). Antes de entrar na terra prometida, conforme a promessa de Deus, Josué, sucessor de Moisés, é instruído pelo próprio Deus a circuncidar todos os hebreus que haviam nascidos no deserto. Somente tomariam posse da promessa de entrar na terra prometida quem se submetesse ao pacto da circuncisão (Josué 5.2-8).

As promessas feitas a Israel não dizem respeito aos gentios ou a igreja. Eis o motivo que o próprio Cristo que veio para cumprir a Lei foi circuncidado ao oitavo dia, conforme o mandamento (Lucas 2.21). Por isso que Paulo, o apóstolo dos gentios advertiu aos crentes gentios da Galácia que estavam se deixando seduzir pelos judaizantes a se circuncidarem, dizendo: "E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei." (Gálatas 5.3). Somente Jesus cumpriu toda a Lei.

A NOVA ALIANÇA

"Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar." (Hebreus 8.13).

A Nova Aliança também conhecida como Novo Testamento foi inaugurada na Cruz. Ela não começou na manjedoura com o nascimento do Messias, mas na cruz que foi o último altar, onde foi oferecida a última e perfeita oferta, o Filho Unigênito do Pai (Efésios 5.2). Do seu nascimento até sua morte, Jesus viveu debaixo da Lei e no cumprimento da Lei (Mateus 5.17). Assim, o Novo Testamento só passou a valer quando Ele expirou após bradar na cruz: ESTÁ CONSUMADO! “Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9.16,17). Assim como Moisés foi o mediador da primeira e Antiga Aliança que expirou na cruz, Cristo foi o mediador da Nova que foi selada com o seu próprio sangue, o que a torna superior a antiga. “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hebreus 9.15).

PARALELOS ENTRE A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA

Vamos traçar um paralelo entre a Antiga e a Nova Aliança, como:

a). Na primeira e Antiga Aliança as Leis de Deus foram dadas em tábuas de pedras como ministério de morte e condenação e quem violasse um só de seus preceitos morreria (2Corintios 3.7); na segunda e Nova Aliança as leis de Deus foram gravadas nas tábuas de carne do coração e nas mentes dos crentes. "Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta:" (Hebreus 10.16).
b). Na primeira e Antiga Aliança exigia um selo de compromisso que era a Circuncisão (Levítico 12.6); na Nova Aliança a circuncisão é no coração pela fé. "No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo;"  (Colossenses 2.11).
c) Na primeira e Antiga Aliança, os ministros eram os descendentes de Levi apenas (Números 18.6); na segunda e Nova Aliança, todos somos ministros. "O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."  (2Coríntios 3.6).
d). Na primeira e Antiga Aliança, somente os descendentes de Arão da tribo de Levi exerciam o ministério sacerdotal (Êxodo 28.41); na segunda e Nova Aliança, todos são feitos sacerdotes. "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo." (1Pedro 2.5).
e). A primeira e Antiga Aliança necessitava de um santuário terrestre físico para adoração (Hebreus 9.1); na segunda e Nova Aliança, somos o templo e habitação de Deus. "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Coríntios 3.16).
f) Na primeira e Antiga Aliança, somente o sumo sacerdote descendentes de Arão tinha acesso à presença de Deus e uma vez ao ano (Hebreus 9.7); na segunda e Nova Aliança todos os que creêm tem acesso ao Pai a qualquer momento, pelo véu que foi rasgado. “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10.19,20).
g). Na primeira e Antiga Aliança era preciso levar oferta no altar para ter os pecados cobertos (Levítico 5.5-13); na segunda e Nova Aliança a dívida com a Lei foi paga no altar da Cruz de uma vez por todas. “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Colossenses 2.14).
h). A primeira e Antiga Aliança precisava de um sacerdote humano para mediar entre Deus e os homens (Hebreus 5.1); na segunda e Nova Aliança Cristo é nosso sumo sacerdote celestial eterno. "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão."  (Hebreus 4.14).

Ainda poderia mostrar outros exemplos de diferenças entre a Antiga e a Nova Aliança, mas vamos parar por aqui, por enquanto.

AS PROMESSAS DA NOVA ALIANÇA

"Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda." (Hebreus 8.6,7).

As Escrituras que são as fiéis Palavras de Deus não mentem, elas afirmam que a Nova Aliança está firmada em melhores promessas. Em relação a Antiga cuja promessa era a posse da terra de Canaã, na Nova Aliança temos:

a). A promessa da presença constante de Cristo onde estivermos seja em que lugar for. "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mateus 18.20).
b). A promessa da presença do Espírito Santo. "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;" (João 14.16). “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa."  (Efésios 1.13).
c). A promessa de sermos arrebatados e de reinarmos com Ele. "Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1Tessalonicenses 4.17).
d). A promessa de participarmos de Sua Natureza divina. "Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo." (2Pedro 1.4)
e). A promessa de habitarmos na nova terra onde habita a justiça: "Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." (2Pedro 3.13).
f). A promessa da Vida Eterna. "E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna." (1João 2.25).

Muitas gloriosas promessas a Nova Aliança ainda nos garante por meio de Jesus o autor e consumador de nossa fé, pois As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.”  (1Coríntios 2.9)

CONCLUSÃO

A Nova Aliança não nos faz promessas de nos tornarmos ricos e prósperos materialmente neste mundo. E isso, só conseguimos com trabalho honesto e esforço. As promessas da Nova Aliança neste mundo estão relacionadas a uma vida de comunhão e plena paz, mesmo em meio às tribulações e perseguições que sofremos por amor a Cristo, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.  (Atos 14.22). As promessas da Nova Aliança estão relacionadas ao mundo vindouro que nos foi preparado (Hebreus 11.39,40). Por isso, os falsos profetas amantes do dinheiro e das riquezas deste mundo, se valem das promessas do Antigo Concerto para criarem suas teologias sobre prosperidade e ainda torcendo os textos para conseguirem seus intentos, pois não encontram base para isso nos escritos do Novo testamento.

O velho Testamento teve sua lição por Cristo abolida no que diz respeito aos ritos e cerimoniais (2Corintios 3.14). No entanto, a Lei onde o velho testamento foi firmado não foi abolida. Ela continua em pleno vigor, devendo ser obedecida pelo povo ao qual ela foi dada – o povo judeu. Somente as leis relativas ao templo, como o sacerdócio levítico, os sacrifícios, as ofertas, os dízimos e primícias não podem ser obedecidas, pois o templo não mais existe e, segundo a lei, somente no templo esses ritos deveriam ser praticados.

"Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas 2.21).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará