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quarta-feira, 26 de março de 2014

O legado de Moisés


Definição de Legado: Herança, disposição feita por testamento em benefício de alguém; aquilo que uma pessoa deixa quando morre.

Moisés foi o grande legislador de Israel, escolhido por Deus para libertar seu povo da escravidão do Egito e conduzi-lo a terra de Canaã, onde pudessem adorar ao Senhor em liberdade. Para os judeus Moisés foi o maior profeta que já existiu e, quando de sua morte, Deus precisou esconder o seu corpo, visto que até o próprio diabo requereu a posse deste, certamente para fazer dele um ídolo (Judas 1:9).

A vida e o ministério de Moisés foram marcados por desafios de fé e pelo sobrenatural de Deus. Quando do seu nascimento havia um decreto de morte para todos os meninos hebreus e o primeiro desafio era conservá-lo com vida, uma vez que a ordem do rei não podia ser desobedecida (Êxodo 1:16). O primeiro desafio de fé partiu de seus pais que não temeram o mandado do rei e o esconderam por três meses (Hebreus 11:23). Certamente que não foi somente o amor pelo filho que fez com que os pais de Moisés agissem assim, pondo em risco suas próprias vidas, mas a fé que aquele menino seria um instrumento nas mãos de Deus os impulsionou a fazerem isso. Isso mostra que o relacionamento de amor em família é o elemento essencial para a formação de bom líder.

Certamente que Moisés como homem teve suas falhas e fraquezas, mas Deus o escolheu para cumprir os seus desígnios na vida de faraó e mostrar a sua glória aos egípcios. Veremos algumas qualidades que evidenciaram sua chamada e ministério, quais devemos ter com um legado deixado por ele para as futuras gerações.

FIDELIDADE.

“E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar (Hebreus 3:5).

Moisés foi aquele em quem Deus confiou para liderar seu povo, entregando-lhe as leis que regeriam aquela nação (Gálatas 3:19,20). Como medianeiro, Moisés não poderia aumentar ou diminuir nada do que Deus lhe outorgara. Moisés, como servo foi fiel em cumprir e em ensinar a lei ao povo eleito de Israel. De igual modo, hoje, todo aquele que é chamado e escolhido a guiar o povo de Deus precisa fazê-lo na condição de servo e fiel. A fidelidade do ministro consiste essencialmente em alimentar o rebanho de Deus com a Palavra genuína e sem mistura. Fazendo assim, o tal será grandemente galardoado, pois os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.  (1Timóteo 5:17)

FÉ!

Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado;” (Hebreus 11:24,25).

A fé é uma virtude indispensável a quem é chamado a liderar. Ao ser recolhido do rio Nilo, a filha de Faraó adota o menino como seu filho e dá-lhe o nome de Moisés, cujo significado é “tirado das águas”. Mesmo na condição de filho adotivo, Moisés galga a posição de príncipe do Egito, tendo o direito a todas as regalias da família real. Como príncipe, Moisés freqüentou as melhores faculdades da época, sendo instruído na ciência dos egípcios. Conhecendo suas origens, Moisés recusou o título de filho da filha de Faraó, isto é, não aceitou o título de príncipe em uma nação idolatra e abominável, preferindo sofrer como um servo de Deus. 

Eis aqui um grande exemplo para muitos líderes da atualidade que juram que tem a chamada divina, mas que não possuem fé suficiente para realizarem a obra para a qual alegam terem sido chamados. Quando chega o pleito eleitoral alguns até abandonam o rebanho para concorrerem a cargos públicos na justificativa de representarem o povo de Deus na política. Moisés fez justamente o contrário, pois aqueles que são verdadeiramente chamados por Deus não se embaraçam com negócios desta vida, pois seu objetivo é agradar àquele que o alistou para a guerra.  (2Timóteo 2:4).

Tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa” (Hebreus 11:26).

Sabemos que o Egito hoje representa o mundo com seus prazeres e riquezas. A cobiça por posição, fama e principalmente por dinheiro têm se constituído em um grande embaraço na vida de muitos ministros na atualidade (1Timóteo 6:10). Não foi assim com Moisés, pois ele pode enxergar além do que os olhos podiam ver e alicerçou sua esperança na recompensa divina que não está fundamentada em bens materiais, mas em algo muito melhor e superior, sabendo que as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.  (1Coríntios 2:9). A recusa de Moisés em ser chamado filho da filha de Faraó, para sofrer como servo de Deus e com os seus, evidencia a fé em um Deus que prometeu cuidar de todo aquele que é chamado a servi-lo pela fé, pois o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.  (Hebreus 10:38).

MANSIDÃO

“E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Números 12:3).

Definição de Mansidão: Estado de espírito de alguém que tem controle e domínio sobre seu temperamento e atitudes; calma, paciência; controle da situação; domínio próprio.

Pode se dizer que Moisés cultivava em sua vida o fruto do Espírito. Moisés aprendera a lidar com diversas situações sem perder o controle de suas emoções. Quando confrontado pelo povo, não revidava mas buscava o Senhor em oração e obtinha dele a resposta. Mansidão é uma virtude necessária a vida do ministro do evangelho, pois ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor  (2Timóteo 2:24). Jesus nos conclama a imitá-lo dizendo: aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. (Mateus 11:29), pois somente os mansos herdarão a terra (Mateus 5:5).

MOISÉS SEPARA SEU SUCESSOR
“E chamou Moisés a Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel: Esforça-te e anima-te; porque com este povo entrarás na terra que o SENHOR jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la” (Deuteronômio 31:7).

Ninguém é insubstituível. Moisés também não era. Com 120 anos de idade, Moisés reconhece que devido sua avançada idade já não poderia continuar liderando o rebanho de Deus e que também, devido sua desobediência Deus não o permitiria entrar na terra prometida. Ele próprio testemunhou isso, dizendo: Da idade de cento e vinte anos sou eu hoje; já não poderei mais sair e entrar; além disto o SENHOR me disse: Não passarás o Jordão (Deuteronômio 31:2). Por isso, antes de morrer ele reúne o povo e o anima a tomar posse da terra que lhes foi prometida. Chama a Josué e o nomeia como seu sucessor, dando-lhe palavras de coragem e ânimo. Em seguida chama os sacerdotes e lhes entrega o livro da lei, tendo o cuidado de orientá-los a obedecerem a mesma quando tomassem posse da terra. Josué é escolhido, não por que ele bajulava Moisés, mas pelo zelo que tinha pela obra.

Que maravilhoso exemplo a ser seguido. Hoje, quando alguns obreiros são trocados e enviados a outros campos, sequer tem a consideração de passar o cajado a quem o vai suceder e muito menos a animar a igreja a permanecer na fé, como Moisés fez com Josué e o povo de Israel.

MOISÉS VÊ A TERRA PROMETIDA E MORRE

“Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã... E disse-lhe o SENHOR: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás” (Deuteronômio 34:1;4).

Moisés conversava com Deus face a face e realizava muitos milagres mas mesmo assim ele foi proibido por Deus de entrar na terra prometida. Qual o motivo de Deus privá-lo dessa tão grande bênção? Moisés como homem falhou em não atentar para a ordenança divina. Quando mais uma vez o povo murmurou, ele clamou e o Senhor lhe respondeu dizendo: “Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais” (Números 20:8). Mas num descuido por causa da murmuração do povo, Moisés fere duas vezes a rocha em vez de falar a ela. Não foi somente o ato de desobediência que o fez ficar de fora da terra prometida, mas principalmente o fato de que aquela rocha representava a Cristo (1Corintios 10:4). Isso nos leva a refletir sobre o cuidado em se obedecer a Palavra de Deus na forma como Ele ordenou, não aumentado e nem diminuindo (Deuteronômio 12:32).

Que além disso, tomemos também o exemplo que Cristo continua sendo a rocha (Atos 4:11). E Cristo hoje é representado pela Sua igreja a qual Ele mesmo constituiu e deu seu Espírito Santo para guiá-la até que Ele volte para buscá-la. Ele mesmo constitui líderes para pastoreá-las, mas a nenhum deles deu poder para dominar sobre esta e muito menos maltratá-la. A semelhança de Moisés eles foram escolhidos para cuidar do rebanho do Senhor, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Efésios 4:11; 1Pedro 5:1-4).

“Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis” (Lucas 12:45,46).

Em Cristo,
Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará

quinta-feira, 20 de março de 2014

A consagração dos sacerdotes




Nota do autor: É aconselhável ao leitor acompanhar as linhas seguintes com uma bíblia, conferindo as referências exaustivamente aqui citadas, pois o meu maior cuidado é não ir além daquilo que Deus estabeleceu (Provérbios 30:5,6).

INTRODUÇÃO

Consagrar é o ato de dedicar a Deus, separar, santificar, tornar sagrado. No caso de Arão e seus filhos, Deus os estava separando para um ofício exclusivo que era administrar o sacerdócio em Israel, onde estes receberiam a responsabilidade de como mediadores, apresentar o homem pecador a Deus oferecendo dons e sacrifícios como expiação pelos pecados da nação.
Como expliquei no post anterior, era a vontade de Deus que toda a nação de Israel fosse um reino sacerdotal.  "E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel."  (Êxodo 19:6). Mas como Israel quebrou a aliança na qual se comprometeu obedecer e guardar, Deus transferiu essa responsabilidade para uma de suas tribos que foi a tribo de Levi. Quando o povo pecou oferecendo culto ao bezerro de ouro, provocaram a ira do Senhor. O Senhor não dá sua glória a ninguém e nem divide o seu louvor com as imagens de escultura (Isaías 42:8). Por este pecado, Deus iria exterminar toda a nação de Israel e também a Arão, não fosse a intercessão de Moisés (Êxodo 32:11-14; Deuteronômio 9:20). Deus atendeu sua mediação, contudo, algo deveria ser feito para aplacar a sua ira. Foi aí que os levitas entraram em cena, quando Moisés convocou ficar ao seu lado aquele que era de Deus (Êxodo 32:26). Nenhuma outra tribo, com exceção da tribo de Leví se prontificou a zelar pela santidade do Senhor. Então Moisés ordenou que eles desembainhassem a espada e exterminassem aqueles que haviam provocado a ira do Senhor. “E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho.  E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens.” (Êxodo 32:27,28). Matando os transgressores, os levitas fizeram seu primeiro ato de expiação, o que os qualificou para o sacerdócio.

Mas uma vez quero falar da onisciência e da misericórdia de Deus, que sabendo que o povo iria pecar não obedecendo o pacto feito no pé do monte Sinai, de antemão ordenou Moisés separar a tribo de Levi, sabendo também que eles, apesar de pecarem, se arrependeriam e se comprometeriam a reparar aquele mal. Como exemplo temos o próprio Arão que foi o que construiu o bezerro e ainda edificou um altar, mas ordenou ao povo que no outro dia se oferecesse sacrifício ao Senhor, como de fato aconteceu (Êxodo 32:3-8). Isso mostra o quanto Arão era pecador e ignorante no tocante as coisas de Deus e sua escolha para o sacerdócio mostra que Deus não leva em conta os tempos da ignorância quando há disposição para se reconhecer as faltas (Êxodo 32:22; Atos 17:30).

DEUS DÁ AS INSTRUÇÕES PARA A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES

No capítulo 29 do livro de Êxodo, vemos as instruções do Senhor a Moisés quanto a consagração do sacerdócio Araônico, o que somente aconteceu após a conclusão do tabernáculo, conforme está registrado em Êxodo 40:12 a 16. Essa consagração se daria mediante a realização de um ritual que deveria ser executado nos seus mínimos detalhes, envolvendo vários elementos, como a lavagem com água; unção com azeite; imolação de animais, etc.

Lavagem com água. Era a primeira coisa a ser feita antes de Arão e seus filhos entrarem no santuário. Este rito seria feito a porta da tenda da congregação (Êxodo 29:4: 40:12). Após a consagração, Arão e seus filhos deveriam lavar as mãos e os pés todas as vezes que fosse preciso entrar no santuário na pia de bronze que ali foi posta. Se não fizessem isso morreriam (Êxodo 30:18-21). A água era considerada como elemento de purificação entre os judeus. Todo aquele que se contaminasse com alguma coisa, deveria se lavar com água  segundo a lei dada a Moisés (Levítico 14;8; 15;17); sendo usada para este fim até nos tempos de Jesus (João 2:6). Jesus falou que Sua Palavra é que nos purifica (João 15:3) e Paulo completa dizendo que Jesus amou a igreja que se entregou por ela para a  santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,  (Efésios 5;26). Após o rito de lavagem os sacerdotes deveriam se vestir com as roupas que foram especialmente preparadas para depois receberem o azeite da unção (Êxodo 29:5-7). Da mesma forma, só receberemos poder do alto se estivermos devidamente lavados e vestidos com as vestes de louvor, de justiça e de salvação (Isaías 61:3-10).

Unção com azeite: Unção significa: transferência de poder. No ato da consagração dos sacerdotes, Deus os estava capacitando a exercerem responsabilidades específicas, ou seja, Deus estava lhes dando poder e autoridade para agirem em Seu nome. Esta unção, ou transferência de poder seria simbolizada no derramar de azeite sobre a cabeça (Salmo 133:2). No antigo concerto apenas sacerdotes, profetas e reis recebiam a unção com azeite (1Samuel 16:12; 1Reis 19:15). Esse azeite deveria ser preparado com o que de mais especial havia e pelas mãos de pessoas hábeis. Se alguém tentasse copiar a fórmula para uso próprio morreria (Êxodo 30:25-33). Deveria ser assim, pois esse azeite era uma representação do Espírito Santo que hoje habita em cada crente. Hoje, todos os crentes em Jesus tem recebido poder do alto (Atos 1:8) e a unção do santo. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo."  (1João 2:20). "E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis."  (1João 2:2).

Animais são imolados como sacrifício: Por ocasião da consagração, Arão e seus filhos deveriam levar alguns animais para serem imolados. No total foram três animais, sendo um novilho e dois carneiros“Isto é o que lhes hás de fazer, para os santificar, para que me administrem o sacerdócio: Toma um novilho e dois carneiros sem mácula” (Êxodo 29:1).
   

a) O primeiro animal - um novilho (Êxodo 29:10-14): Este deveria ser levado a porta da tenda da congregação e ali, Arão e seus filhos imporiam as mãos sobre sua cabeça. Em seguida o animal era imolado e Moisés pegaria seu sangue e com o dedo molharia as quatro pontas do altar; o restante do sangue derramaria na base do altar. Depois as gorduras deste animal seriam queimadas no altar, mas a carne, a pele e o esterco eram levados para fora do arraial, onde seria totalmente queimada como sacrifício pelo pecado. Este novilho era uma representação de Cristo que foi sacrificado por nós fora das portas de Jerusalém. “E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hebreus 13:12,13).

b) O segundo animal – o primeiro carneiro (Êxodo 29:15-18): Após o rito com o novilho, Arão e seus filhos repetiriam o mesmo ato, impondo as mãos sobre a cabeça do primeiro carneiro. O animal seria imolado e o sangue espalhado sobre o altar ao redor. Esse carneiro seria partido e após lavada as suas partes com água, seria posto sobre o altar do holocausto para ser totalmente queimado. Este era o sacrifício de cheiro suave ao Senhor. Este primeiro carneiro também representava Cristo que se entregou como oferta de sacrifício e cheiro suave por nós. E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave."  (Efésios 5:2).

c) O terceiro animal – o segundo carneiro (Êxodo 29:19-28): Este era o carneiro das consagrações. Arão e seus filhos repetiriam o mesmo ritual de imposição de mãos. Em seguida o animal era imolado e do sangue deste era posto um pouco sobre as pontas das orelhas direita de Arão e seus filhos, bem como nos polegares direito e nos dedões dos pés direito. O restante do sangue seria espalhado pelo altar, depois, Moisés pegaria do sangue espalhado, misturaria com o azeite da unção e os espargiria sobre Arão e seus filhos e suas vestes. Era um rito para santificação. Em seguida este carneiro era partido e separada a gordura e o ombro direito. Juntar-se-ia a esta parte um pão, um bolo de pão azeitado e um coscorão do cesto dos pães ázimos. Arão e seus filhos pegariam essas partes e ofereceriam ao Senhor com movimento. Em seguida, Moisés pegaria das mãos deles e os queimaria no altar sobre o holocausto como oferta de cheiro suave ao Senhor. O peito e o ombro do carneiro das consagrações seria oferecido ao Senhor com movimentos. Estes pedaços do carneiro eram a oferta alçada do Senhor, que os deu a Arão e seus filhos por estatuto perpétuo como salário pelo serviço no santuário (Números 18:19). A carne desse carneiro deveria ser cozida dentro do santuário e comida por Arão e seus filhos junto com os pães e o que sobrasse deveria ser queimado. Sete dias foi o tempo que durou a cerimônia de consagração dos sacerdotes (Êxodo 29:35).

Este carneiro que era o das consagrações também fez alusão Cristo que é o alimento de todo sacerdote da nova aliança. "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim" (João 6:57).

Sacrificios diários: após o cerimonial de consagração, o Senhor determinou que a cada dia fossem imolados dois cordeiros, um pela manhã e outro à tardinha que deveriam ser oferecidos ao Senhor com flor de farinha e azeite batido (Êxodo 29:38-40). Isto era necessário por duas razões:

a) o povo era pecador e precisava ser remido, pois segundo a lei, sem derramamento de sangue não há remissão (Hebreus 9:22). O sangue daqueles animais não tiravam os pecados, mas apenas cobriam, livrando assim o povo da ira de Deus. Era um símbolo do sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e que nos purifica, nos fazendo aceitáveis a Deus (1João 1:7).

b) o sacerdote que ministrava sobre o altar precisava ter o seu sustento (1Corintios 9:13). Arão e seus filhos e os demais levitas foram proibidos de possuírem herdades, pois a chamada destes os responsabilizava a viverem no santuário. Não podiam se ausentar de lá, pois somente eles poderiam apresentar o pecador diante de Deus, oferecendo dons e sacrifícios (Hebreus 5:1). Eles deveriam comer das ofertas que no altar eram levados diariamente e ninguém que não fosse sacerdote poderia comer deles, pois eram santos (Êxodo 29:33). Isso durou até Cristo que ofereceu-se a sí mesmo como sacrifício e oferta agradável a Deus, se tornando sumo-sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e nos fazendo seus sacerdotes (Hebreus 5:10; apocalipse 1;6). O altar do holocausto não mais existe, pois a lei que ordenou o sacerdócio Arônico foi mudado por Jesus (Hebreus 7:12). "Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo."  (Hebreus 13:10)  .

Responsabilidade dos sacerdotes: No tabernáculo tudo devia estar preparado, a fim de que o culto diário nunca fosse interrompido. Dentre as responsabilidades que Deus outorgou aos filhos de Arão era não deixar o fogo do altar apagar. "O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará."  (Levítico 6:12,13). Do fogo desse altar que nunca deveria se apagar, os filhos de Arão deveriam tirar brasas para acenderem seus incensários e se apresentarem a Deus (Levítico 16:12). Mas Deus os matou por oferecerem fogo estranho perante o Senhor (Levítico 10:1-3). Que seria esse fogo estranho? Alguns estudiosos defendem que Nadabe e Abiú estavam embriagados quando se apresentaram diante do Senhor, mas a lei dizia que nenhum sacerdote deveria ingerir bebida forte (Levítico 10:9). Se foi assim, então eles como sacerdotes não prezaram pela lei que deveriam guardar. Mas o texto de Levitico 10: 1 a 3 diz que eles tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara. Nadabe e Abiú não atentaram para a recomendação divina de tomar brasas do altar, mas colocaram fogo no incensário que eles mesmos acenderam.

Hoje, como sacerdotes reais precisamos entender que não temos o direito de alterar aquilo que Deus designou em Sua Palavra (Provérbios 30:5,6). No livro do Apocalipse que encerra o cânone sagrado, o próprio Cristo nos dá um alerta: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro;  E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22:18, 19).

JESUS CRISTO, NOSSO SUMO SACERDOTE ETERNO

"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei."  (Hebreus 7:12).

O sacerdócio levitico não poderia continuar na Nova Aliança, pois ele era imperfeito, onde o próprio sumo sacerdote deveria oferecer sacrifícios pelos seus pecados. O que não foi assim com Jesus. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;  Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (Hebreus 7: 26,27).
O autor aos hebreus ao se referir sobre o sacerdócio de Cristo diz que ele é: a) é perfeito, pois, salva aqueles que a Ele se chegam vivendo sempre para interceder por estes (Hebreus 7:25); b) é superior, pois está baseado em superiores promessas (Hebreus 8:6). O sacrifício de Cristo é superior porque removeu o pecado, enquanto que o Arônico apenas os cobria temporariamente, sendo necessário repeti-los constantemente; c) o sacerdócio de Cristo é eterno, pois é segundo a ordem de Melquisedeque que não teve princípios e nem fim de dias e foi anterior ao de Levi (Hebreus 7:21).

Com a mudança da lei sacerdotal não há mais necessidade de se sacrificar animais pela expiação dos pecados, visto que o sacrifício de Cristo foi eficaz e perpétuo (Hebreus 9:24-28). Também não há mais a necessidade de um mediador humano, pois Cristo é nosso mediador eterno e único (1Timóteo 2:5).

CONCLUSÃO

O sacerdócio levitico foi sombra daquele que seria um sacerdócio perfeito, imutável superior e eterno que dispensa a figura de sacerdotes humanos que possa representar o homem perante Deus. Jesus, como nosso sumo sacerdote fez e faz isso por cada um de nós hoje. O altar do holocausto não mais existe, pois o último altar foi a cruz, onde foi imolado o sacrifício perfeito em resgate do homem. Na cruz Jesus derramou o seu sangue no cumprimento da lei que dizia que sem derramamento de sangue não há remissão (Hebreus 9:15;22). Aleluia.


"Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado."  (Hebreus 10:18).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará

quinta-feira, 13 de março de 2014

Deus escolhe Arão e seus filhos para o sacerdócio


"E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra."  (Apocalipse 5:10)

Fazemos parte de um povo que foi comprado pelo sangue de Jesus. Somos a Sua igreja. Ao adquirir-nos com seu sangue, Jesus concedeu-nos o privilégio de sermos reis e sacerdotes para Deus, seu Pai (Apocalipse 1:6). Pedro diz que fazemos parte de uma geração eleita com um sacerdócio real (1Pedro 2:9).

No antigo concerto o povo de Deus era Israel somente e a vontade do Pai era que Israel também fosse um reino sacerdotal (Êxodo 19:6). Deus tinha um projeto em fazer toda a nação de Israel um povo sacerdotal, onde todo hebreu pudesse se achegar a Deus e servi-lo de coração como é hoje com a igreja. Mas algo aconteceu que fez o Senhor mudar seus planos em relação a fazer de Israel um reino sacerdotal. Em vez de toda a nação, Deus separa apenas uma tribo – a tribo de Levi (Êxodo 32:26). Mais na frente veremos como isso se deu.

Para um melhor entendimento vamos analisar o capítulo 24 do livro do Êxodo, onde veremos Deus firmando com Israel a primeira aliança. Até aí, Israel ainda exercia o reino sacerdotal.

O ESTABELECIMENTO DA PRIMEIRA ALIANÇA (Êxodo 24:1-18).

Verso 1 e 2: Quando do momento em que Deus estabeleceu o pacto do primeiro concerto que foi feito ao pé do Monte Sinai, o Senhor pediu que Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta anciões subissem ao Monte e adorassem de longe, enquanto que somente Moisés se achegaria a Deus
Verso 3:  Moisés fala estas palavras ao povo que de pronto atende afirmando: Todas as palavras, que o SENHOR tem falado, faremos.
Verso 4:  Moisés escreve todas as palavras do Senhor, levanta de madrugada e edifica um altar ao pé do monte com doze pedras, simbolizando as doze tribos de Israel.
Verso 5:. Moisés designa alguns jovens dos filhos de Israel para oferecerem holocaustos e sacrificarem ao Senhor. Os versos 4 e 5 nos mostram que Israel, com suas doze tribos exercia o reino sacerdotal. Os jovens que sacrificaram ao Senhor pertenciam a Israel nas suas diversas tribos e não eram levitas. Mais tarde apenas os levitas poderiam sacrificar ao Senhor.
Verso 6:. Do sangue do holocausto que os jovens israelitas sacrificaram ao Senhor, Moisés pegou uma metade em bacias e a outra metade aspergiu sobre o altar
Verso 7:. Moisés toma o livro da aliança, no qual ele escreveu as palavras do Senhor e o lê ao povo que prontamente se compromete a obedecer tudo o que nele estava escrito.
Verso 8: Diante de tal compromisso, Moisés pega o sangue da bacia e esparge sobre o povo dizendo: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras. Estava assim firmada a primeira aliança, qual o povo se comprometeu a obedecer.

Até aí,  Arão e seus filhos ainda não haviam sidos separados para o sacerdócio, pois todo Israel era uma nação sacerdotal como Deus havia desejado. Moisés então sobe ao monte Sinai e ali permanece quarenta dias na presença de Deus. Os capítulos 25 a 31 relatam as ordenanças que Deus entregou a Moisés, inclusive a ordem de separar Arão e seus filhos para o sacerdócio (Cap. 28). Deus em sua onisciência sabia que Israel quebraria o concerto e seria infiel a aliança, por isso não poderia ser uma nação sacerdotal.

No capítulo 32 de Êxodo vemos Arão sucumbir aos desejos do povo, fabricando um ídolo e erigindo um altar, provocando assim o zelo do Senhor. Deus então diz a Moisés: “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido” (Êxodo 32:7). Deus já não reconhece mais Israel como seu povo. Isso nos faz refletir que quando fazemos algo que não está no agrado de Deus, não podemos dizer que somos o seu povo. Deus fica sobremaneira irado que deseja exterminar com o povo, mas Moisés suplica o favor do Senhor, lembrando as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.Então,o Senhor se arrependeu do mal que dissera que faria (Êxodo 32:14). Moisés quebra as tábuas da lei ao pé do monte mostrando aos israelitas que da mesma forma eles haviam quebrado a aliança que fizeram com Deus; destrói o bezerro de ouro e contende com Arão por permitir que tal sacrilégio acontecesse.

A TRIBO DE LEVI É ESCOLHIDA COMO TRIBO SACERDOTAL

E, vendo Moisés que o povo estava despido, porque Arão o havia deixado despir-se para vergonha entre os seus inimigos, pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi” (Êxodo 32:25,26).

Diante de tal vexame, Moisés pergunta quem estaria disposto a zelar pela causa do Senhor. Apenas os filhos de Levi se prontificaram e assim, eles foram separados para exercerem o sacerdócio, pois com a quebra da aliança, Israel perdeu o privilégio de ser uma nação e um reino sacerdotal. Agora, em vez de uma nação, apenas uma tribo dentre as doze exerceria o ofício sacerdotal em Israel.

Todo sacerdote em Israel era levita, mas nem todo levita era sacerdote.

O Sacerdote: Como vimos, toda a tribo de Levi foi separada para o exercício sacerdotal, mas apenas Arão e seus descendentes assumiriam o sacerdócio e Arão foi o primeiro sumo sacerdote e seus filhos Nadabe e Abiú sacerdotes, quais Deus os matou, sendo substituídos por Eleazar e Itamar. Mesmo assim, se alguns de seus descendentes nascessem com algum defeito físico não poderiam exercer o sacerdócio (Levítico 21: 17-23). O sacerdócio de Arão estava intrinsecamente ligado à lei e seu ministério apenas apontava para Cristo, pois Jesus é sumo-sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110:4; hebreus 5;6-10; 6:20; 7:11-17). Jesus ao assumir o sacerdócio mudou a lei (Hebreus 7;12).

O ministério dos sacerdotes: Quais eram as funções de um sacerdote? Várias, entre elas, interceder pelo povo diante de Deus; oferecer dons e sacrifícios, primeiramente por si e depois pelos pecados do povo (Levítico 4:26; Hebreus 5:1; 8:3) e principalmente, conhecer e ensinar ao povo as leis de Deus e ser o exemplo para os demais. Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos (Malaquias 2:7).

O sumo sacerdote: Em hebraico כהן גדול, na forma transliterada é Kohen Gadol.  Era o mais alto posto da religião de Israel, era aquele que estava acima dos demais sacerdotes. Somente ele poderia entrar no santo dos santos apenas uma vez por ano, não sem antes obedecer todas as ordenanças que o Senhor determinou cumprir para entrar nesse santo lugar (Levitico 16:1-34). Assim como os demais levitas, o sumo sacerdote não recebeu nenhuma herança na terra, pois sua herança era o próprio Deus (Deuteronômio 18:2; Ezequiel 44:28). Ninguém que não fosse levita, poderia se achegar ao santuário, fazer isso era suicídio. Por isso, todo o Israel dependia dos levitas e dos sacerdotes para oferecem sacrifícios em favor de seus pecados (hoje, todos temos livre acesso a Deus). Em retribuição, os demais israelitas dariam anualmente os dízimos de sua produção aos levitas pelo trabalho exercido no santuário (Números 18:21-28). É importante salientar que os sacerdotes com o sumo sacerdote não recebiam dízimos. Eles receberiam dos levitas os dízimos dos dízimos como ofertas alçadas, bem como as demais ofertas alçadas do povo. "Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao SENHOR, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o SENHOR é, para ti e para a tua descendência contigo."  (Números 18:19). Ao contrário dos levitas que só recebiam dízimos anualmente, os sacerdotes recebiam parte das ofertas que diariamente o povo levava ao tabernáculo (1Samuel 2:13,14). Erroneamente se tem ensinado que os dízimos eram dos sacerdotes, quando na verdade eram daqueles que lhes auxiliavam, quais eram os levitas e também dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros. Dos sacerdotes eram as primícias e as ofertas alçadas que Deus lhes estipulou como salário (aliança perpétua de sal). Quebrar esta aliança consistia em roubar a Deus como os sacerdotes filhos de Eli fizeram e os da época de Malaquias e Neemias. (Neemias 13:4-11: Malaquias 3:5-9).

A INDUMENTÁRIA DOS SACERDOTES

"E farás vestes sagradas a Arão teu irmão, para glória e ornamento...Também farás túnicas aos filhos de Arão, e far-lhes-ás cintos; também lhes farás tiaras, para glória e ornamento."  (Êxodo 28: 2;40).

Em momento algum os sacerdotes deveriam rasgar as suas vestes, pois isso se constituía em abominação ao Senhor. "E Moisés disse a Arão, e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as vossas cabeças, nem RASGAREIS VOSSAS VESTES, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o SENHOR acendeu."  (Levítico 10 : 6).

O único sacerdote que cometeu essa abominação foi Anás (Mateus 26:65). Com essa atitude de desrespeito para com a aliança sacerdotal, Anás demonstrou que ali estava sendo encerrado o ministério sacerdotal levítico.

Os sacerdotes ainda deveriam trajar-se de modo a glorificar o nome do Senhor. De igual modo, como sacerdotes reais nesta dispensação, não podemos estar na presença do rei com qualquer traje. Somos um povo especial e zeloso de boas obras e tudo o que há em nós deve glorificar o nome do Senhor (Salmo 103.1). Quando o Senhor chamou a Jacó e sua família à sua presença, este entendeu que não deveria comparecer na presença de Deus vestido de qualquer maneira. Jacó ordenou seus filhos se purificarem e mudarem suas vestes (Gênesis 35;2).

Urim e Tumim.
Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de Arão, quando entrar diante do Senhor; assim Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente”. (Êxodo 28, 30).

Era uma placa no peito do sumo sacerdote com o nome de Deus ali gravado. A pessoa que buscasse uma resposta em questões relevantes na comunidade israelita ia até ao sumo sacerdote e fazia a perguntava. O sumo sacerdote por sua vez virava-se para a arca da aliança, e a pessoa em pé atrás do Sumo-Sacerdote em voz baixa fazia a pergunta. Cabia ao sumo sacerdote, olhar a letra que se acendia e recebia a inspiração de Deus para decifrar a resposta de Deus. Estes oráculos funcionaram até a destruição do Primeiro Templo.

MINISTROS  DE CRISTO PARA A IGREJA

Chamados por Deus. Com a mudança da lei efetuada por Cristo, aboliu-se o sacerdócio levítico. O sacerdócio que predomina hoje é o universal, onde todos os crentes são sacerdotes do altíssimo. Diferentemente dos levitas, não existe um sacerdócio específico, visto que o véu se rasgou e hoje, todos temos acesso a presença de Deus. (Hebreus 10:19). O que existe na atual dispensação são MINISTROS, que foram dados à igreja para sua edificação, como segue a ordem: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas."  (I Coríntios 12:28) "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,"  (Efésios 4 : 11). É o próprio Senhor quem escolhe seus ministros e os designa a fazerem sua obra que é cuidar de seu rebanho (1Pedro 5:1-4). Faz-se necessário que todo o que aspira ao episcopado entre no curral (aprisco/obra) pela porta que é Jesus. Àqueles que sobem por outra parte, são os que não tem chamada e estes são considerados por Jesus de ladrões e salteadores (João 10:1); assassinos e destruidores (João 10:10). Em suma, todo obreiro que não tem chamada, isto é, não entra pela porta, rouba, mata e destrói a obra de Deus.

Qualificados e comprometidos com a Palavra. A bíblia é nossa regra de fé e prática. Ela é a Palavra de Deus e nela encontramos os critérios exigidos pelo Espírito Santo para aqueles que são vocacionados a exercerem o ministério (1Timóteo 3:1-13). Além destes requisitos essenciais, requer-se dos mesmos fidelidade com o trato com aquilo que pertence ao Senhor.

“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.  Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Corintios 4:1,2).

Paulo usa uma figura de linguagem para mostrar a responsabilidade do obreiro no trato com o rebanho do Senhor, usando a figura do despenseiro que é o mesmo que mordomo. O despenseiro na antiga aliança era um sacerdote responsável pela despensa do templo (casa do tesouro), onde se depositavam os mantimentos. Ele era o responsável em administrar essa parte, distribuindo igualmente o mantimento com seus irmãos. Na época de Malaquais e Neemias era o sumo sacerdote Eliasibe quem tinha essa responsabilidade (Neemias 13:4), mas ele foi infiel nessa responsabilidade. Neemias então o substituiu por Selemias, Zadoque, Pedaías e Hanã, pois estes foram encontrados fiéis: “E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus irmãos” (Neemias 13:13).

“E disse o SENHOR: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim” (Lucas 12:42,43)

O obreiro precisa ter comprometimento com a palavra, mas antes se faz necessário ter conhecimento da mesma para que possa passar um conhecimento puro e cristalino dos mistérios de Deus ao rebanho do Senhor. Paulo instruindo a Timóteo diz: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade."  (2Timóteo 2:15). Para poder manejar bem a Palavra é preciso ter conhecimento desta, tanto do antigo testamento como do novo, e, principalmente sabendo diferenciar o que era para Israel e o que é para a igreja. O obreiro que não procura adquirir esse conhecimento acaba por resgatar dogmas, preceitos e tradições de um concerto que foi abolido, trazendo sobre si condenação (1Corintios 11:29).

CONCLUSÃO

Aquilo que Deus desejou para Israel e não aconteceu que era fazer daquele povo uma nação sacerdotal se cumpriu em nós,  Sua igreja.  Foi preciso Deus escolher a tribo de Levi e separar Arão e seus filhos para um sacerdócio temporário, que visava atender apenas a nação de Israel. Mas este  sacerdócio foi  cheio de falhas, a começar por Nadabe e Abiú que ofereceram fogo estranho no altar de Deus e por isso Ele os matou (Números 3:4). O sacerdócio Araônico não poderia continuar na Nova Aliança, por isso, hoje, fomos constituídos pelo Senhor em uma nação real de reis e sacerdotes, como foi Melquisedeque. Aleluia!

Que não decepcionemos o Senhor, assim como Israel decepcionou-o.

Em Cristo,




Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará