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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O tempo da Profecia de Daniel


Chegamos ao final de mais um ano e também ao encerramento de mais um trimestre de lições da Escola Dominical. Neste último trimestre estudamos o livro de Daniel que teve como tema: Integridade Moral e Espiritual - O Legado de Daniel para a Igreja de hoje. Na última lição que tem como tema O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL, faz-se necessário tecer um comentário sobre O HOMEM VESTIDO DE LINHO que foi assunto da lição de nº 11. Isto porque a última lição que encerra o trimestre de 2014 é a conclusão das revelações que o Homem Vestido de Linho começou a dar a Daniel no capítulo 10.

Quem era o homem vestido de linho; Jesus ou um anjo?

As opiniões se divergem quanto a quem seria este personagem, contudo, uma leitura cuidadosa dos capítulos 9, 10 e 12 do livro de Daniel, bem como Ezequiel e Apocalipse nos farão entender essa aparente problemática. É imprescindível entender que os capítulos que narram as visões de Daniel não estão em ordem cronológica. Exemplos: A visão registrada no capítulo 11 é a continuação da visão que Daniel teve no capítulo 8; bem como o capítulo 12 que encerra o livro, é a conclusão da revelação que lhe foi entregue no capítulo 10, pelo homem vestido de linho.

Alguns chegam a dizer que na visão do capítulo 10 havia mais de um personagem, quais seriam, Jesus, um anjo desconhecido que tocou em Daniel e o arcanjo Miguel. Lendo atentamente os capítulos 10 e 12, excetuando Miguel, vemos a visão tratar-se de apenas um ser celeste que veio a Daniel, trazer-lhe a resposta de suas orações. Sim, o homem vestido de linho que é o enviado a trazer a mensagem, é o mesmo que toca em Daniel para animá-lo, após ele desmaiar. Em Daniel 10:18, o profeta afirma: “18  E aquele, que tinha aparência de um homem, tocou-me outra vez, e fortaleceu-me”. Atente para o “outra vez”, onde Daniel dá a entender que o mesmo personagem já o havia tocado anteriormente. Confira em Daniel 8:18; 9:21 ; 10:10. Mas seria o homem vestido de linho a personificação de Jesus?

O comentarista da lição enfatizou na lição nº 11 que teve como tema: O homem Vestido de Linho que Homem algum pode resistir diante da glória do Senhor. A visão do Filho do Homem fez com que as forças físicas de Daniel se esgotassem”. De fato, isto é uma verdade, mas se atentarmos para outros detalhes da revelação, vamos observar que Daniel também caiu com o rosto em terra quando Gabriel lhe apareceu por duas vezes. O próprio comentarista considera isto na lição 12, quando afirma que “o arcanjo Miguel, príncipe de Deus, entrou em batalha contras as forças do mal a fim de que o anjo Gabriel levasse a mensagem ao profeta”. E o texto o qual ele mencionou se refere ao homem vestido de linho que foi impedido pelo príncipe do reino da Pérsia (Daniel 10:13). Não é minha intenção desacreditar o comentarista da lição e nem contradizer quem quer que seja, pois nem teólogo sou; mas sou um apaixonado pela escola dominical e pelo estudo das Escrituras. Porém, em meus estudos costumo me valer da hermenêutica, que é a ciência pela qual interpretamos a bíblia pela própria bíblia. Vejamos os fatos:

Daniel 8:15-18: “15  E aconteceu que, havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei o significado, e eis que se apresentou diante de mim como que uma SEMELHANÇA DE HOMEM. 16  E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão. 17  E veio perto de onde eu estava; e, vindo ele, me amedrontei, e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta visão acontecerá no fim do tempo. 18  E, estando ele falando comigo, caí adormecido com o rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me fez estar em pé”.

Daniel 8:15, diz que uma semelhança de homem se apresentou diante dele.O profeta Ezequiel que foi contemporâneo de Daniel teve uma visão às margens do rio Quebar de quatro seres celestes, e, embora possuíssem grandes asas e rostos de animais, contudo tinham a semelhança de homem (Ezequiel 1:5). A compreensão da visão que Ezequiel teve, vamos entendê-las nos capítulos 9 e 10, onde, inclusive, aparece o homem vestido de linho com tinteiro de escrivão, com a ordem de marcar nas testas a todos aqueles que não concordavam com as abominações que se cometia em Judá (Ezequiel 9:3,4). João na ilha de Patmos teve uma visão de um anjo com o selo de Deus nas mãos com uma missão semelhante ao homem vestido de linho em Ezequiel 9:3, 4. Este ser também tinha a incumbência de assinalar nas testas os fiéis servos de Deus. Confira em Apocalipse 7:2, 3. Quanto aos seres com semelhança de homem, Ezequiel entendeu que eram querubins (Ezequiel 10:20).

Em Daniel 8:16, o anjo Gabriel recebe ordens de uma voz de homem que veio das margens do Ulai, que gritando disse: Gabriel, dá a entender a este a visão”. Nos versos 17 a 18, Daniel fica com medo e cai sobre seu rosto quando Gabriel se aproxima dele. Ao ouvir a voz de Gabriel falando com ele, Daniel cai adormecido com o rosto em terra, mas o próprio Gabriel toca em Daniel e o desperta fazendo-o ficar de pé. Agora, preste atenção com o que acontece com Daniel ao presenciar o homem vestido de linho:

Daniel 10:9,10: “9 Contudo ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra. 10 E eis que certa mão me tocou, e fez com que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos”. Alguns entendem que esta “certa mão” que tocou em Daniel seria de um “outro anjo”, mas o texto não sugere que seja isso.

Em Daniel 10:13, o Homem vestido de linho diz a Daniel: “13 Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o PRIMEIRO DIA em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”. Agora, voltemos ao capítulo 9, e vejamos o que acontece quando Daniel estava orando e se humilhando na presença de Deus.

Daniel 9:21-23: 21  Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício da tarde. 22  Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido. 23  No PRINCÍPIO das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és MUI AMADO; considera, pois, a palavra, e entende a visão”.

Preste atenção nas semelhanças das Palavras: Em Daniel 9:23 Gabriel diz: No PRINCÍPIO das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim para to declarar, porque és MUI AMADO”.Em Daniel 10:11,12, o Homem vestido de Linho diz: “11  E me disse: Daniel, HOMEM MUITO AMADO, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a TÍ SOU ENVIADO. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. 12 Não temas, Daniel, porque desde o PRIMEIRO DIA em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”.

Atente para o detalhe que Gabriel recebeu ordens para trazer a resposta a Daniel no principio de suas súplicas, isto é, assim que Ele começou sua oração se humilhando na presença do Senhor. E no capítulo 10 o Homem vestido de linho afirma que desde o primeiro dia que Daniel aplicou seu coração a compreender e a humilhar-se perante Deus, ele foi enviado a trazer-lhe o entendimento da visão.

As deduções que muitos têm de que o homem vestido de linho seja o Senhor, parte da interpretação que fazem sobre a visão que João teve em Apocalipse que muito se assemelha à visão de Daniel sobre o homem vestido de linho. Comparemos as visões:

Daniel 10:5, 6: “5 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;  6 E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão”.

Apocalipse 1: 13-16: “13 E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. 14  E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; 15  E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. 16  E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”.

Realmente, as visões são parecidas, mas se atentarmos para o capítulo 10 de Apocalipse, vamos ver algo mais parecido:

Apocalipse 10:1: “1 E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo; 2  E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra; 3  E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes”.

Note bem que sobre este anjo que João viu, havia algo singular que o diferenciava dos outros. Entre outros aspectos o seu rosto era como o sol, igual a visão que João teve do Senhor, e os pés como colunas de fogo. Mas João afirma que este era um anjo forte que até fez um juramento por aquele que vive para sempre: “E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu, E jurou por aquele que VIVE PARA TODO O SEMPRE, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora”; (Apocalipse 10:5,6). Em Daniel 12:6,7 o Homem Vestido de Linho também está sobre as águas do rio Hidéquel (Tigre), que quando questionado sobre quando será o fim destas maravilhas, respondeu: “E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que VIVE ETERNAMENTE que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas” (Daniel 12:7). Esse juramento feito àquele que vive para sempre, poderia dizer respeito ao Deus Eterno que tudo criou ou a pessoa de Jesus que ao aparecer a João disse: "E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou VIVO PARA TODO O SEMPRE. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno."  (Apocalipse 1 : 18).

Outras deduções de que o homem vestido de linho seria Jesus é sobre a expressão FILHO DO HOMEM, conforme consta em Apocalipse 1:13. Mas Daniel ao relatar a visão sobre o homem de linho não utiliza a expressão filho do homem” e sim semelhante aos filhos dos homens”. Segundo a Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF), a visão de João sobre Jesus é que Ele é o filho do homem (Deus) no singular e o que Daniel viu está no plural (Homens). Daniel também chama a Gabriel de homem (Daniel 9:21).

É importante salientar que até mesmo o evangelista João na ilha de Patmos confundiu o anjo que veio lhe trazer as revelações das últimas coisas com o Senhor, ao ponto de prostrar-se para adorá-lo, o que foi repreendido pelo anjo. (Apocalipse 22:8,9).

Não pretendo com isso afirmar que Gabriel é o homem vestido de linho; nem tampouco que somente eu estou certo e os demais expositores da bíblia estão errados ao afirmarem que ele seria Jesus, inclusive ao comentarista da lição. Porém de uma coisa eu sei que “as coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos” (Deuteronômio 29:29a). E, pela revelação que nos é dada pelas Escrituras, diante de todas essas evidências, tenho minha própria opinião que o homem vestido de linho não é o Senhor, principalmente pelo fato de que nenhum demônio e nem mesmo Satanás tem poder para impedi-lo de realizar qualquer feito (Isaías 43:13).

Comentando a lição O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL

É bem verdade que o capítulo 12 do livro de Daniel não registra nenhum aspecto profético relacionado às histórias das nações. Porém, conforme enfatizei, o capítulo que encerra o livro de Daniel é a continuação da visão que este teve às margens do rio Hidéquel (Tigre). O capítulo 10 encerra com a declaração do homem vestido de linho: “Mas eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade; e ninguém há que me anime contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe” (Daniel 10:21). Agora compare com o primeiro verso do capítulo 12: E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Daniel 12:1). Sim, o capítulo 12 é a continuação da revelação que o homem vestido de linho havia vindo trazer a Daniel.

O TEMPO DA PROFECIA

Qual é o tempo?  Certamente que esse tempo se dará na septuagésima semana, que iniciará após a igreja fiel ser arrebatada da terra (1Tessalonicenses 1:10). Será o tempo em que Israel entrará em cena para cumprir os desígnios de Deus, por haverem recusado a aceitar o plano da salvação na pessoa de Seu filho Jesus (Lucas 23:28-31). É o tempo em que o Anticristo revelará a sua verdadeira face, perseguindo o povo judeu e também aqueles que acreditaram nele, porque foram enganados por não darem crédito a verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2:10-12). É o tempo da angústia de Jacó (Jeremias 30:7); tempo qual nunca houve igual e nem jamais haverá (Marcos 13:19).

A libertação de Israel: Apesar de naquele tempo Israel estar debaixo da ira do todo-poderoso, contudo esse povo não será desamparado. Jeremias profetizou que Israel será salvo: "Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela." (Jeremias 30 : 7). O Homem vestido de Linho garantiu isso a Daniel: “...mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Daniel 12:1b). Israel contará com o apoio de Miguel, o príncipe do exército celestial que contendeu com o diabo quando este disputava o corpo de Moisés (Judas 1:9); combateu contra o próprio Satanás, identificado como o príncipe dos reinos da Pérsia e da Grécia (Daniel 10:13;20) e por fim, defenderá o povo judeu representado pela mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça (Apocalipse 12:1).

Os anjos no mundo de hoje: São seres celestes que estão a serviço do povo de Deus e que, segundo o autor aos hebreus, às vezes se transfiguravam em seres humanos e se apresentavam entre os mortais (Hebreus 13:2). Eles terão uma atuação especial no período da grande tribulação como: retendo os quatro ventos da terra (Apocalipse 7:1); selando o povo fiel (Apocalipse 7:3); tocando as trombetas anunciando o juízo de Deus (Apocalipse 8:2-6); soltando os quatro anjos malignos que matarão a terça parte dos homens (Apocalipse 9:14,15); batalhando ao lado de Miguel na favor de Israel (Apocalipse 12:7); Derramando as taças da ira de Deus sobre a humanidade (Apocalipse 15:6,7) e pregando o Evangelho Eterno aos que habitam sobre toda a terra (Apocalipse 14:6).

Ressurreição:  A ressurreição é a maior esperança de Israel e também da igreja (João 11:24 ; Atos 24:15 ; 1Pedro 1:3). Isaías o profeta messiânico ao falar sobre as dores de Israel por causa de sua prevaricação contra o Senhor, lembra que quando Deus mandava a correção contra seu povo, estes se derramavam em oração secreta e Deus, pelo seu zelo para com Israel aplacava a sua ira. Muitos daqueles que morriam, Isaías conforta dizendo: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos” (Isaías 26:19).

As duas ressurreições: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno."  (Daniel 12:2). Quando analisamos outros textos, entendemos que Daniel não se refere a uma ressurreição geral simultânea de bons e maus.  No evangelho de João, Jesus alude ao que profetizou Daniel: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (João 5:28, 29). Porém, Paulo, o apóstolo dos gentios esclarece como se dará essa ressurreição, quando ele afirma que os santos que dormiram em Cristo serão os primeiros a ressuscitar.  “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Tessalonicenses 4:16 ; Apocalipse 20:6). Ressurreição esta que se dará por ocasião do arrebatamento da igreja. João esclarece que os outros mortos só ressuscitarão no dia do juízo, que será após o milênio (Apocalipse 20:5).

A ciência se multiplicará: É bem certo que vivemos o tempo do avanço cientifico e tecnológico, mas a Bíblia Almeida Fiel fala em conhecimento. E esse conhecimento diz respeito a pessoa de Deus, por intermédio de Sua Palavra. Deus sempre desejou ser conhecido do seu povo (Jeremias 9:24); e por falta desse conhecimento Israel foi destruído (Oséias 4:6). Chegamos nesse tempo, qual também foi profetizado por Jeremias (Jeremias 31:34 ; Hebreus 8:11). Esse é o conhecimento que está libertando a muitos atualmente, principalmente da religiosidade alienada de Deus (João 8:32). É bem certo que Satanás fará de tudo para que esse conhecimento não alcance a muitos servos de Deus, como tentou impedir que Daniel recebesse a revelação de Deus. Mas Deus está no controle de tudo.

A profecia está selada: Em Daniel 12:4 o homem vestido de linho ordenou a Daniel fechar e selar o livro, pois muitos correriam de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicaria. Em seguida, Daniel contempla outros dois anjos à margem do rio Hidéquel, um de uma banda e outro de outra banda do rio e faz uma pergunta ao homem vestido de linho que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas? O homem vestido de linho responde levantando as mãos para o céu, jurando por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas (Daniel 10:5-7). O homem de linho estava falando sobre o fim dos tempos, mas especificamente sobre os últimos três anos e meio da grande tribulação, mas Daniel não entendeu. Ele ainda quis compreender os fatos, mas não lhe foi permitido. Então o homem vestido de linho diz a Daniel: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Daniel 12:9,10). Estar fechada e selada, tão somente significa que o cumprimento não era para o tempo de Daniel e nem tampouco para o seu entendimento, pois este só seria dado no tempo do fim, que é o tempo em que vivemos; e que somente os entendidos haveriam de entendê-los (Mateus 11:25). Quando Deus enviou o seu anjo para mostrar a João, as coisas que deveriam acontecer, disse: “Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo” (Apocalipse 22:10). A nós, este livro não está mais fechado e selado. Louvado seja Deus pelo conhecimento que Ele tem colocado a disposição de todos aqueles que desejam conhecer profundamente Suas verdades.

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As Setentas Semanas

Estudo bíblico sobre as Setentas Semanas da lição 10 da Escola Dominical, qual ministramos todas às terças na séde do Musi Star em Santa Bárbara do Pará.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Dizimista fiel e cumpridor da Palavra! Você é um?




"Salva-nos, SENHOR, porque faltam os homens bons; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens."  (Salmos 12 : 1).

INTRODUÇÃO

Outra vez volto a escrever sobre um tema contundente e aparentemente polêmico, mas que se faz necessário ser esclarecido, pois a ignorância quanto às verdades que envolvem este assunto poderá custar a salvação de muitos crentes, cujo valor já foi pago na cruz (1Pedro 1 : 17 , 18). As seguintes linhas que irei transcrever não é um desabafo, mas o relato de uma triste realidade que mascaradamente está em nosso meio.

COMO FUNCIONA A RELIGIÃO

De julho de 1987, quando me converti a fé cristã até março de 2012, fui um “fiel dizimista” conforme me haviam ensinado. Por praticar esse ensino, fui separado para obreiro (este é o principal quesito para se separar obreiro), e como tal, defendi e ensinei essa doutrina, chegando ao ponto até de julgar de forma temerária quem não a cumpria. Porém, no final do ano de 2011 aconteceu algo em minha vida ministerial qual me levou a avaliar se o que eu pregava e vivia estava de acordo com a real vontade de Deus. A princípio, eu não entendi, mas hoje, sei que oque aconteceu comigo foi permissão de Deus para que o véu que ainda estava sobre meus olhos pudesse cair e assim, eu passasse a entender seus desígnios. (2Corintios 3 : 16). Na verdade, eu colhi aquilo que havia plantado, pois da mesma forma como eu julguei meus irmãos, também fui julgado (Mateus 7 : 2 ; Gálatas 6 : 7). A experiência qual Deus me permitiu passar me obrigou a mergulhar na bíblia, a fim de entender se o que eu havia feito com os irmãos e o que estava acontecendo comigo tinha embasamento escriturístico ou não. Resultado, o que eu aprendi, me levou a ter uma completa aversão àquilo que antes eu defendia e ensinava. É claro que por ter coragem de tomar a posição que tomei, perdi meus privilégios como obreiro e passei a sofrer privações e retaliações, sendo tratado como alguém que apostatou da fé (1Timóteo 4 : 1).

Por isso, desde o dia que deixei de pagar o dízimo segundo os homens e não segundo Deus, eu e minha família passamos a sofrer rejeição, sendo tratados da maneira mais vil possível, por muito daqueles que antes nos consideravam e nos tinham como irmãos de fé. Muitos dos que se afastaram de nós, o fizeram, não porque quiseram, mas porque foram ensinados que havíamos nos transformado em uma grande ameaça a obra de Deus. De heróis, nos tornamos vilões. Para que os irmãos tivessem uma justificativa de nos repudiar e se afastar de nós, foram usados textos da própria bíblia como este: Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis”. (2João 10). Doutrina essa que segundo alguns, seria a doutrina do dízimo, conforme eles crêem e ensinam.

Ora, quem tem o cuidado em estudar todo o contexto e não apenas um texto isoladamente, em especial esse único capítulo de 2João, vai entender que o evangelista João não está ensinando a igreja sobre outra coisa, senão da prática do amor entre os irmãos, qual Jesus havia também ensinado (Lucas 10 : 27). Sim, a caridade (o amor em ação) era a doutrina que os apóstolos ensinavam, na qual a igreja primitiva perseverava (Atos 2 : 42). Doutrina essa que a igreja em Éfeso abandonou, mas que foi admoestada pelo Senhor da Igreja a se arrepender e voltar a praticá-la, com a possibilidade de ficar fora do reino dos céus, caso não se arrependesse e voltasse às primeiras obras (Apocalipse 2 : 4 , 5). Estaria a igreja de hoje que diz estar aguardando Jesus voltar, praticando essa mesma doutrina, amando os irmãos, conforme Jesus ordenou; ou estaria seguindo doutrinas de homens, ao repudiar e  fazer acepção de pessoas em seu seio, julgando de ladrões e infiéis aqueles que não mais se submetem a teologia humana do dízimo? (Marcos 7 : 7 ; Efésios 4 : 14 ; Tiago 2 : 1 ; 9). Teologia humana? Sim, pois a prática do dízimo cobrado atualmente não é bíblica e não provém de Deus.

Também não devemos esquecer o que Jesus disse que nos últimos dias o amor de quase todos esfriaria, por causa da multiplicação da iniquidade (Mateus 24 : 12). E iniquidade é a prática da injustiça contra os irmãos, que vem a ser o oposto da equidade que são atos de justiça (Filipenses 4 : 5).

Muitos também não nos recebem mais, por acharem que não obedecemos a Palavra (por não pagarmos o “dízimo”). Por isso, somos chamados de infiéis e merecedores da perdição eterna. Mas quanto a isso, é bom lembrar que Jesus citou o exemplo de um legalista religioso que pensava a mesma coisa daqueles que não praticavam a religião como ele a seguia e por isso se julgava melhor que os demais. Na sua tentativa de auto justificar-se diante de Deus, chegou até a expor sua condição de “dizimista fiel”: “...Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo...”(Lucas 18 – 10 – 14). Todos sabem na verdade quem foi que Deus justificou, e não obstante muitos ainda, nos dias atuais, seguem a mesma religiosidade do fariseu.

A FIDELIDADE NOS DÍZIMOS
 
E, falando em fidelidade quanto a doutrina do dízimo, irei fazer algumas considerações e assim sabermos se os que se intitulam “cumpridores da Palavra como DIZIMISTAS FIÉIS”,  o são de fato como Deus estabeleceu na Sua Santa Palavra.

Para ser um cumpridor da Palavra como dizimista fiel, seria necessário obedecer aos seguintes requisitos:

a)    Ser Judeu e ainda estar debaixo do antigo pacto. Alguém pode me contestar dizendo que o primeiro a dar dízimo foi Abraão e ele não era judeu. De fato, Abraão não era judeu, mas foi o pai deste povo. E o dízimo que Abraão deu não foi por mandamento divino, mas como um costume das nações gentias de onde ele veio. Além do mais, o dízimo de Abraão não pode ser considerado como um princípio para os crentes seguirem, pois ele não deu dízimos de suas riquezas, mas de despojos (espólio) de uma guerra, onde ele precisou matar cinco homens para deles tirar os despojos (Gênesis 14 : 14 – 16 ; Hebreus 7 : 1 , 2). Mas após este evento, Deus estabelece uma aliança com Abraão, dando-lhe mandamentos que os judeus até hoje obedecem. A circuncisão é um exemplo, onde o próprio Jesus obedeceu a esse mandamento (Lucas 2 : 21). 4oo anos depois de Abraão, a lei foi dada aos judeus por Moisés, composta de 613 preceitos, sendo um deles a obrigatoriedade dos dízimos (Levítico 27 : 32 ; Números 18 : 21 – 28 ; Deuteronômio 12 : 6 – 17 : 14 : 22 – 29). Os não-judeus (estrangeiros) e os pobres (órfãos e viúvas) estavam isentos desse tributo, mas pela própria lei deveriam ser beneficiados por ele. Mas a lei foi cumprida por Jesus e estamos debaixo de uma Nova Aliança feita no seu sangue (Mateus 5 : 17 ; Mateus 26 : 28).

b)   Ser agropecuarista dentro das terras de Israel. Os dízimos deveriam ser produzidos na terra que Deus deu aos hebreus – a terra de Canaã. Somente depois que passassem o Jordão e ali habitassem, é que aqueles que tinham atividade agropastoril deveriam tirar os dízimos, que seria do gado e do fruto da terra (Deuteronômio 12 : 10 , 11).

c)    Entregá-los uma vez ao ano no lugar que Deus escolheu. O dizimo não poderia ser entregue aleatoriamente em qualquer lugar ou em qualquer dia. Havia todo um ritual a ser obedecido. O lugar da entrega era Jerusalém, mas propriamente na casa do tesouro que ficava anexado ao templo que naquela ocasião era a casa de Deus. Naquele lugar o dízimo deveria ser comido, uma vez que era mantimento e não dinheiro (Deuteronômio 12 : 5 – 7 ; Malaquias 3 : 10).

d)    Deveria ser entregue apenas aos levitas: Os levitas eram os filhos de Levi e foi a única tribo que não recebeu herança na terra de Israel (Deuteronômio 10 : 8 , 9). Essa tribo deveria servir continuamente no santuário e não se ocupar com outras tarefas. Por isso, Deus determinou em lei que somente os levitas deveriam receber os dízimos do povo (Números 18 : 21 – 28 ; Neemias 10 :37 , 38). Os levitas encerraram seu ministério com a inauguração da Nova Aliança, onde hoje todos somos sacerdotes, tendo ao senhor Jesus como nosso Sumo-Sacerdote (Hebreus 9 : 11).

e)    Tirar o dízimo dos dízimos: Quando os levitas recebessem todos os dízimos do povo, deveriam estes separar a décima parte, que era o dízimo dos dízimos. Esse era o quinhão dos sacerdotes que os receberiam da mão dos levitas e não do povo (Número 10 : 26).

f)      Não poderia ser entregue em dinheiro. Muitos tentam me convencer que o dinheiro naquele tempo não existia por isso os judeus davam seus dízimos em mantimentos. Mas a bíblia registra que Abraão era mui rico em gado, ouro e prata e comprou escravos por dinheiro (Gênesis 13 : 2 ; 17 : 12). Os filhos de Jacó compraram mantimento no Egito por dinheiro (Gênesis 42 : 25). A lei do dízimo só foi dada séculos mais tarde, mas Deus não o aceitava em dinheiro. A única concessão que Deus dava para o dízimo ser trocado por dinheiro era quando o dizimista morasse longe do local da entrega, ficando assim inviável ele transportar seu dízimo que consistia em mantimentos e gado. Nesse caso, ele vendia o dízimo e, com o dinheiro em mãos seguiria viagem até o local estabelecido. Chegando lá, e com aquele dinheiro ele deveria comprar tudo o que sua alma desejasse e assim adorar a Deus comendo e bebendo o seu dízimo, sem, contudo deixar de atender ao levita (Deuteronômio 14 : 22 – 27). Até mesmo Jesus, no cumprimento da lei, ordenou aos fariseus continuarem na prática do dízimo, conforme aquilo que ele era – produto da terra, como hortelã, endro, cominho e demais hortaliças (Mateus 23 : 23 ; Lucas 11 : 42).

g)    De três em três anos guardar o dizimo em casa e reparti-los com os necessitados. Alguns exegetas ensinam que haviam vários tipos de dízimos, sendo um deles para os necessitados. Não é isso que a Bíblia diz, pois em Israel havia o ano dos dízimos que era comemorado a cada três anos. Nesta data o dizimista não levava o dizimo ao lugar que Deus determinou (Jerusalém), mas o acumulava dentro de sua própria casa. Então, na casa do adorador dizimista, iria o levita, o estrangeiro (não-judeu), o órfão e a viúva que morassem naquele lugar. Alí, na mesa do dizimista essas pessoas comeriam o dízimo até se fartarem. Somente depois disso é que Deus abençoaria o dizimista fiel em tudo. (Deuteronômio 14 : 28 , 29).

h)    Fazer uma oração após cumprir a ordenança de dar o dízimo. Após obedecer tudo o que Deus determinou em relação a entrega do dizimo, o adorador dizimista deveria fazer uma oração, testemunhando a Deus que cumpriu tudo o que Ele ordenou. Eis a oração do dizimista fiel: (Deuteronômio 26 : 12 – 15):

“12 Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem;
13 E dirás perante o SENHOR teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles me esqueci;
14 Delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo, nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do SENHOR meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito.
15 Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel”.

CONCLUSÃO

Você que é dizimista se enquadra em algumas dessas exigências necessárias? Cumpre a Palavra conforme Deus estabeleceu? Se a sua resposta é SIM, meus parabéns, mas não esqueça de cumprir toda a lei, pois quem cumpre apenas uma parte e negligencia as demais se faz culpado de toda a lei (Tiago 2 : 10). Agora, se sua resposta é NÃO, então você está mentindo para você mesmo, enganando-se e enganando a outros, achando que é um “dizimista fiel”, quando na verdade é apenas um tributário religioso. Deus não tem nenhum tipo de compromisso com quem age assim. Não foi o homem, mas o próprio Deus quem estabeleceu essas diretrizes, quais não podiam ser aumentadas nem diminuídas. “Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás”. (Deuteronômio 12 : 32).

Minha sincera oração é para que muitos de meus irmãos se convertam e tirem o véu de sobre o coração, para que possam servir a Deus por amor, alegria e liberdade.

“Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.  Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.  Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Coríntios 3 : 14 – 17).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Como Deus foi roubado nas ofertas?


NOTA DO AUTOR: Muitos me acusam de heresia e de distorcer as Palavras do Senhor; portanto, aconselho a examinarem as referências aqui citadas com o acompanhamento de uma bíblia, de preferência a de tradução fiel que é a que eu uso em todos os estudos que faço.

"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas." (Malaquias 3 : 8).

INTRODUÇÃO

Embora Jesus tenha advertido o seu povo a não fazer julgamento contra o próximo de forma temerária, existem na igreja aqueles que sem nenhum temor de Deus não hesitam em apontar o dedo e chamar de ladrão aquele que não paga àquilo que acreditam e ensinam ser dízimo e ofertas. Para isso, se utilizam indevida e isoladamente do texto de Malaquias 3 : 8, sem levarem em consideração os demais textos da Bíblia que falam sobre o mesmo assunto. O que eles também não ensinam é que Deus não se sentiu roubado apenas em relação aos dízimos, mas, sobretudo nas ofertas. Até falam, mas não ensinam. E é sobre esse tema que abordarei neste espaço, justamente por ainda não ter ouvido alguém comentar sobre esse assunto, que julgo ser de relevante importância do conhecimento, para aqueles que de fato querem conhecer a verdade e vivê-la.

Antes de tudo, informo que as referências que uso nos meus estudos é da bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF), justamente por ser fiel a tradução dos textos originais. Isto porque, a bíblia Almeida hoje possui mais de seis versões diferentes, onde algumas delas comprometem o sentido original da Palavra de Deus. Tomo como exemplo o texto em destaque do que vamos estudar que está em Malaquias 3 : 8, que na tradução fiel diz: "Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas."  (Malaquias 3 : 8). Nas demais versões o texto está com o acréscimo “alçadas”, dando a entender que Deus era roubado somente nas ofertas alçadas (o que muda totalmente o sentido); uma vez que oferta alçada era um tipo de oferta diferente das outras ofertas exigidas em lei, conforme veremos mais adiante.

Sobre o assunto dízimo, exaustivamente já comentei neste blog em vários posts, onde mostrei, com vastas referências que essa doutrina veterotestamentária não vigorou na nova aliança inaugurada por Cristo na cruz, pelo principal motivo que dízimo nunca foi dinheiro, como se cobra atualmente. O dízimo bíblico estabelecido por Deus na lei, estava intrinsecamente atrelado a lei do sacerdócio levítico, cuja lei foi mudada por Jesus (Hebreus 7 : 12). Porém, neste espaço estarei dissertando sobre a questão do roubo às ofertas. Mas pra isso, primeiramente se faz necessário conhecer o que a Bíblia fala sobre oferta, ou melhor, ofertas, pois existiam muitas formas de ofertar e todas elas exigidas por Deus em lei. Por isso, é preciso conhecê-las cada uma individualmente, para por fim, concluirmos sobre qual delas Deus se sentiu roubado no período de Malaquias.

SOBRE AS OFERTAS

As primeiras menções sobre oferta na Bíblia encontramo-las em Gênesis 4 : 3 - 5, que fala da disposição de Abel e Caim de apresentarem uma oferta ao Senhor e, após isso, só a veremos de novo em Êxodo 20 : 24, após Deus estabelecer a lei ao povo de Israel. A seguir, enumerarei os tipos de ofertas que existiram e é claro, quais as implicâncias delas com Cristo Jesus no decorrer dos tempos, uma vez que Cristo veio para cumprir a lei (Mateus 5 : 17). Após ressuscitar, Ele mesmo deu testemunho dizendo: "E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos." (Lucas 24 : 44).

A OFERTA ALÇADA E SEUS OBJETIVOS

Vou iniciar falando sobre a OFERTA ALÇADA (Êxodo 25 : 2 , 3 ; 29 : 27 , 28). 

ALÇADA vem do hebraico תְּרוּמָה “TËRUMÅH”, cujo significado é: “LEVANTAR”, “ALÇAR”. Por isso, OFERTA ALÇADA era uma OFERTA LEVANTADA para uma FINALIDADE, conforme veremos adiante. Na Bíblia detectamos pelo menos três objetivos pelos quais Deus pediu que se levantasse ofertas alçadas. A primeira vez que a oferta alçada aparece na Bíblia, é quando Deus pediu aos israelitas que a trouxessem para a construção do tabernáculo e que, sobretudo, deveria ser uma oferta voluntária para um fim específico. O segundo objetivo seria suprir a necessidade dos sacerdotes com suas famílias, onde até do dízimo deveria ser tirado a décima parte destes como oferta alçada. E o terceiro foi com o propósito de expiar os pecados e proteger o povo de Israel quando este fosse enumerado. Essa oferta, inclusive, seria em moeda da época, cujo valor arrecadado seria para memória dos filhos de Israel e era destinada a manutenção do santuário.

Ao pedir pela primeira vez a oferta alçada, O Senhor tinha em mente custear a construção do santuário (tabernáculo) e tudo o quanto se relacionava a ele, pois Deus tinha o desejo de habitar em meio ao seu povo (Êxodo 25 : 8). Observem o que Deus disse em relação a esta oferta: “Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma OFERTA ALÇADA; de todo o homem cujo coração se mover VOLUNTARIAMENTE, dele tomareis a minha OFERTA ALÇADA.” (Êxodo 25 : 2). Esta OFERTA ALÇADA era para o Senhor e era em ouro, prata, cobre, linho, madeira, etc.. e devia ser VOLUNTÁRIA. E, por ser voluntária, representava a pessoa de Cristo que voluntariamente ofereceu-se a sí mesmo por nós (Tito 2 : 14 ; Hebreus 9 : 14). Assim como aquela OFERTA ALÇADA foi levantada exclusivamente para construir o tabernáculo que era a morada de Deus naquele tempo, Cristo, como oferta perfeita preparou o novo templo para Deus que somos nós, sua Igreja (Hebreus 10 : 5 - 9 ; 2Coríntios 6 : 16).

O segundo objetivo da oferta alçada seria sustentar o sacerdote com sua família (Êxodo 29 : 26 – 28). Dos sacerdotes eram as ofertas alçadas, as primícias (os primeiros frutos); bem como parte das ofertas queimadas e também o valor do resgate das almas que eram restituídas ao Senhor (Números 18 : 8 - 19 ; Levítico 23 : 10). Observem com cuidado o que diz o texto de Números 18 : 8: "Disse mais o SENHOR a Arão: Eis que eu te tenho dado a guarda das minhas OFERTAS ALÇADAS, com todas as coisas santas dos filhos de Israel; por causa da unção as tenho dado a ti e a teus filhos por estatuto perpétuo." Arão foi o primeiro da linhagem sacerdotal levítica e futuramente, somente os descendentes dele assumiriam o sacerdócio. Portanto, a estes, como determinação do Senhor caberiam as ofertas alçadas por causa da unção. Até mesmo do carneiro que era levado como oferta de movimento, devia ser separado o peito como oferta alçada para o sacerdote: “E santificarás o peito da oferta de movimento e o ombro da OFERTA ALÇADA, que foi movido e alçado do carneiro das consagrações, que for de Arão e de seus filhos. E será para Arão e para seus filhos por estatuto perpétuo dos filhos de Israel, porque é OFERTA ALÇADA; e a OFERTA ALÇADA será dos filhos de Israel, dos seus sacrifícios pacíficos; a sua OFERTA ALÇADA será para o SENHOR” (Êxodo 29 : 27 – 28).

Usando da mentira, muitos ensinam que os sacerdotes dependiam dos dízimos para suas subsistências. Não! Os dízimos Deus ordenou dá-los exclusivamente aos levitas pelo trabalho que executavam no santuário e, quanto aos sacerdotes, estes receberiam apenas a décima parte dos dízimos na forma de oferta alçada que seria o dízimo dos dízimos. Eles (os sacerdotes) os receberiam das mãos dos levitas (somente dos levitas e não do povo), como dizem os versos 26 e 28 do capítulo 18 de Números: “Também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado por vossa herança, deles oferecereis uma OFERTA ALÇADA ao SENHOR, os DÍZIMOS DOS DÍZIMOS... Assim também oferecereis ao SENHOR uma OFERTA ALÇADA de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a OFERTA ALÇADA do SENHOR a Arão, o sacerdote.”. Essa oferta alçada – por não ser dinheiro - deveria ser comida pelo sacerdote e sua família dentro do santuário, assim como o dízimo também deveria ser comido (Números 18 : 10 ; Deuteronômio 14 : 22 - 26). Ao instituir a nova aliança, Jesus partiu o pão que representava seu corpo, deu aos discípulos e ordenou que a sua igreja assim fizesse em Sua memória até que Ele volte (Lucas 22 : 19 ; 1Corintios 11 : 24). Hoje, como sacerdotes reais, na ceia do Senhor, nos alimentamos do corpo de Jesus que se entregou como oferta agradável a Deus (1Pedro 2 : 9 ; Efésios 5 : 2).

E, por fim, o terceiro objetivo da oferta alçada seria para expiação dos pecados. Já esta seria entregue em dinheiro e que também serviria para a manutenção do tabernáculo. Esta oferta seria dada quando Moisés fizesse a contagem do povo para que não houvesse praga em Israel. Segundo a determinação do Senhor esta oferta seria a metade de um siclo que era dez geras (um siclo era de vinte geras). Todo hebreu que passasse pelo arrolamento (contagem), sendo rico ou pobre pagaria o mesmo valor. Esta oferta não seria para outra necessidade, senão para a manutenção do santuário e confecção dos utensílios que eram usados nos cerimoniais. “E tomarás o dinheiro das expiações dos filhos de Israel, e o darás ao serviço da tenda da congregação; e será para memória aos filhos de Israel diante do SENHOR, para fazer expiação por vossas almas.” (Êxodo 30 : 16). No tempo de Joás, o sacerdote Joiada mandou fazer um cofre para alí se depositar essa oferta que no tempo de Jesus se chamava gazofilácio. No segundo Livro dos Reis, vemos Joás ordenar os sacerdotes a obedecerem esse principio: “E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro das coisas santas que se trouxer à casa do SENHOR, a saber, o dinheiro daquele que passa o arrolamento, o dinheiro de cada uma das pessoas, segundo a sua avaliação, e todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente para a casa do SENHOR, Os sacerdotes o recebam, cada um dos seus conhecidos; e eles mesmos reparem as fendas da casa, toda a fenda que se achar nela.” (2Reis 12 : 4 – 5). Foi essa oferta que a viúva pobre deu de todo o seu sustento, como um imposto para o templo, pois este ainda estava de pé e era considerado a casa de Deus (Lucas 21 : 1 - 4). Jesus não impediu aquela viúva de depositar todo o seu sustento pois Ele estava no cumprimento da lei que todo judeu é obrigado a cumprir

Mas Jesus, com sua morte pagou o preço pela expiação de nossas almas e nos isentou de toda e qualquer dívida com a lei. “E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.” (Colossenses 2 : 13 , 14). Nossa única dívida hoje está relacionada ao amor que devemos ter para com o nosso semelhante. "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei." (Romanos 13 : 8).

Havendo entendido que OFERTA ALÇADA, que no original hebraico תְּרוּמָה “TËRUMÅH” significa uma OFERTA LEVANTADA para um fim especifico, passaremos a conhecer as demais ofertas que em lei foram estabelecidas para a nação de Israel. É importante salientar que todas elas tiveram seu cabal cumprimento na pessoa do Senhor Jesus Cristo e, portanto, nenhuma delas precisa ser repetida em seus ritos na Nova Aliança, pois todas foram anuladas pela cruz.

A CORBÃ, OFERTAS ESTABELECIDAS EM LEI QUE ERAM OBRIGATÓRIAS

O livro de Levítico é o terceiro livro da lei, conforme a ordem dos livros na Bíblia. O título deste livro em hebraico é “WAYYIQRA e em grego é “LEUITIKON. O talmude se refere a ele como a “Lei dos sacerdotes” e a “Lei das ofertas”. Este livro nos mostra pelo menos cinco tipos de ofertas principais estabelecidas em lei. Essas ofertas em hebraico chamava-se קָרְבָּן QÅRËBÅN”, uma palavra hebraica que significa “sacrifício”, “oferta” ou “oblação. A Bíblia de Jerusalém usa o termo “Corban”, enquanto que na Almeida é “Corbã”. Jesus falou sobre essas ofertas, acusando os fariseus de a praticarem de forma errada (Marcos 7 : 11). Conforme as palavras de Jesus, essas ofertas eram consagradas a Deus e que deveriam ser praticados pelos hebreus com todo o respeito, reverência e temor, pois elas apontavam para a maior e perfeita oferta que o próprio Deus daria em favor da humanidade, que seria o próprio Cristo (Levítico 5 ; 15, 16 ; Neemias 7 : 25 ; 10 : 33  ; Ezequiel 44 : 8 ; 13 ; João 3 : 16).

1 – OFERTA DE HOLOCAUSTO (Levítico 1 : 1 – 17): Também conhecido como “oferta queimada”. Em hebraico: עלה, “OLAH” - do verbo "fazer subir", portanto, "queimar", era um sacrifício religioso de animais que era completamente consumido pelo fogo. Holocausto é o mesmo que sacrifício, pois o adorador deveria trazer um animal para ser sacrificado ao Senhor em expiação por seus pecados (Verso 4). A oferta poderia ser de gado miúdo como ovelhas ou cabras, ou de aves como pombo ou rola, pois a oferta era de acordo com a riqueza ou pobreza do ofertante. Na sua justiça Deus não exigia nada além das possibilidades de cada um. Porém, ao contrário do dízimo onde os necessitados eram isentos de dizimar, neste cerimonial todos tinham a obrigação de ofertar, pois disto dependia o perdão de seus pecados. Sendo a oferta de gado miúdo, o animal deveria ser macho e sem defeito. No rito da entrega da oferta o adorador colocava as mãos na cabeça do animal e este era degolado pelo sacerdote e o sangue espargido sobre o altar. Sendo ave o sacerdote tirava-lhe a cabeça e espremia o seu sangue na parede do altar. A morte destes animais substituía o ofertante na morte, que no ato da entrega tinha seus pecados cobertos. Nada destes animais era comido, pois eram totalmente queimados no altar. O animal sem defeito representava a pessoa do Nosso Senhor Jesus, o qual sobre o altar da cruz se ofereceu como oferta de holocausto em nosso lugar, nos substituindo na morte: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;..  Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.” (Hebreus 10 : 4 , 5 ; 10).

2 – OFERTA DE ALIMENTOS (Levítico 2 : 1 – 16): A oferta de alimentos (manjares) em hebraico é MINCHAHe significa uma dádiva feita a outro; de um ordinário, a um superior. Poderia ser entregue de várias formas. O capítulo dois de Levíticos apresenta cinco maneiras, que seria: amassada, cozida em forno, cozida em caçoula, frita em frigideira ou tostada ao fogo. Todas elas deveriam ser entregues aos sacerdotes, quais tomariam uma parte dessas ofertas e com o incenso as queimariam sobre o altar como cheiro suave ao Senhor. O que sobrasse dessas ofertas seria para o alimento dos sacerdotes. Essa oferta não deveria de modo algum levar fermento, pois este adulteraria o sacrifício. No novo testamento o fermento é símbolo de heresia (Mateus 16 : 6). Esse rito era uma representação da pessoa do Senhor que a sí mesmo se ofereceu como sacrifício em cheiro suave a Deus por nós, na sua total pureza. "E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave." (Efésios 5 : 2). "Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós."  (I Coríntios 5 : 7).

3 – OFERTA PACÍFICA OU de SACRIFÍCIOS DE PAZ (Levítico 3: 1 - 17): Em hebraico é ZEVAH SHELAMIM”. O termo "oferta pacífica" é geralmente construído a partir de "oferta de abate". Eram ofertas em animais que eram oferecidos em sacrifícios por aqueles que desejavam expressar adoração e louvores a Deus, bem como sua paz e gratidão para com Ele, geralmente por bênçãos recebidas. Também eram divididas em três espécies: a) - ofertas de gratidão; b) - ofertas por um voto e; c) - ofertas voluntárias. Destas três, a oferta de gratidão (ou de louvor) era a que mais se destacava. Cristo na sua morte estabeleceu a paz, não somente entre judeus e gentios, mas principalmente entre o homem e seu Criador: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz... Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” (Efésios 2 : 14 , 15 ; 18).

4 – OFERTA PELOS PECADOS: Era a oferta que deveria ser dada pelos pecados de ignorância de todos, inclusive dos sacerdotes. A determinação da oferta era segundo a classe de pessoas como: a) - Os sacerdotes e a congregação (Levítico 4 : 1 – 21): Quando estes pecassem, deveriam oferecer um novilho (touro) sem defeito, obedecendo os ritos, conforme foi ordenado. b) - Os príncipes- Líderes do Povo (Levítico 4 : 22 – 26): Deveriam oferecer um bode em favor de seus pecados. c) - O povo comum (Levítico 4 : 27 – 35): Deveriam ofertar uma cabra ou uma cordeira, conquanto fosse sem defeito. Nestes sacrifícios, apenas a gordura da oferta era queimada sobre o altar, enquanto que o animal era levado para ser totalmente queimado fora do arraial, pois era oferta pela expiação dos pecados. A semelhança da oferta de holocausto, nada do animal era comido. Essas ofertas se cumpriram em Cristo. "Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério.”  (Hebreus 13 : 11 - 13).

5- OFERTA PELA CULPA : Em hebraico é ASHAM”. As determinações da oferta pela culpa ocupam os capítulos 5, 6 e parte do capítulo 7 de Levíticos. Era a oferta por pecados cometidos involuntariamente, fosse tocando em cadáver de animal como a lei proibia ou até mesmo levantando falso testemunho ou caluniando o seu semelhante. Uma vez descoberto o pecado, o culpado deveria confessar seu pecado e levar a oferta estabelecida: “Será, pois, que, culpado sendo numa destas coisas, confessará aquilo em que pecou. E a sua expiação trará ao SENHOR, pelo seu pecado que cometeu: uma fêmea de gado miúdo, uma cordeira, ou uma cabrinha pelo pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação do seu pecado.” (Levítico 5 : 5 , 6). Mas, se o ofertante fosse pobre e não tivesse recurso para ofertar gado miúdo, deveria este oferecer duas rolas ou dois pombinhos: “Mas, se em sua mão não houver recurso para gado miúdo, então trará, para expiação da culpa que cometeu, ao SENHOR, duas rolas ou dois pombinhos; um para expiação do pecado, e o outro para holocausto.” (Levítico 5 : 7). Foi essa oferta que Maria levou ao templo quando completou os quarenta dias de purificação, após haver dado a luz a Jesus, nosso Salvador (Lucas 2 : 22 – 24).

Porém, sendo o ofertante muito pobre e não tivesse sequer recursos para duas rolas ou dois pombinhos, deveria este ofertar a décima parte de um efa de flor de farinha: “Porém, se em sua mão não houver recurso para duas rolas, ou dois pombinhos, então aquele que pecou trará como oferta a décima parte de um efa de flor de farinha, para expiação do pecado; não deitará sobre ela azeite nem lhe porá em cima o incenso, porquanto é expiação do pecado.” (Levítico 5 : 11). Deus não estava interessado na quantidade da oferta, mas na disposição de se obedecer a seu mandamento, para que o ofertante ficasse livre da culpa. Cristo na sua morte nos livrou de toda culpa oferecendo-se a sí próprio em nosso lugar: "A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo vos reconciliou No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis."  (Colossenses 1 : 21 , 22). Aleluia!
Cristo, a oferta perfeita de Deus pelos homens
Existem ainda outros tipos de ofertas que não irei citar aqui neste espaço. Eu mencionei apenas estas como sendo as mais importantes no conceito judaico, por fazerem parte das coisas sagradas (Corbã) e por Deus havê-las assim ordenado, quais se exigia obrigatoriedade em praticá-las. A obediência no cumprimento destas, dependia principalmente a expiação da culpa do pecador e que eram sombras da maior e melhor oferta, que não o homem, mas o próprio Deus ofertou em favor da humanidade perdida. (João 3 : 16).

“Esta é a lei do holocausto, da oferta de alimentos, e da expiação do pecado, e da expiação da culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico, Que o SENHOR ordenou a Moisés no monte Sinai, no dia em que ordenou aos FILHOS DE ISRAEL que oferecessem as SUAS OFERTAS ao SENHOR, no deserto de Sinai.” (Levítico 7 : 37 , 38).

A OFERTA EM QUE DEUS FOI ROUBADO

Se o leitor pode compreender o conceito de ofertas, conforme definido acima, também entenderá o motivo pelo qual Deus se sentiu roubado nas ofertas, conforme profetizou Malaquias.

"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas." (Malaquias 3 : 8).

O livro do profeta Malaquias começa com a seguinte declaração: PESO da palavra do SENHOR CONTRA ISRAEL, por intermédio de Malaquias.” (Malaquias 1 : 1). A primeira coisa a ser entendida é que neste livro Deus está tratando exclusivamente com ISRAEL e não com Sua igreja, pois esta só passou a existir após o cumprimento da lei por Jesus na cruz. É incoerência e estupidez tentar fazer correlação dos atos de Israel com a igreja do Senhor, cobrando dos crentes as mesmas responsabilidades que eram exclusivas dos judeus. Malaquias registra a contenda de Deus com Israel, mostrando que a culpa de sua apostasia era daqueles que deveriam ser os responsáveis em conduzir o povo no caminho do temor e da obediência à Palavra do Senhor – OS SACERDOTES (Malaquias 2 : 7 – 9). Deles, Deus passa a cobrar aquilo que lhe é mais importante do que o ouro ou a prata – o TEMOR E A HONRA: O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. (Malaquias 1 : 6). Nos versos seguintes veremos onde começou o roubo no tocante às ofertas:

“Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível”  (Malaquias 1 : 7). Toda oferta só poderia ser entregue sobre o altar e não em qualquer lugar, assim como o dízimo só podia ser entregue na casa do tesouro do templo em Jerusalém (Deuteronômio 12 : 5 , 6). Jesus, no cumprimento da lei ensinou os judeus quanto a observância desta regra (Mateus 5 : 23, 24). Aqui fica bem claro que Deus estava sendo roubado na oferta de alimentos, cujo pão oferecido sobre o altar seria para o alimento dos que serviam no altar. Confira em 1Crônicas 23 : 27 a 32.

“Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 1 : 8). Com exceção da oferta de alimentos (manjares), todas as demais ofertas eram com animais. Estes deveriam ser puros, sadios, sem defeito e sem manchas, pois eram uma figura de Jesus, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (João 1 : 29 ; 36). Portanto, ofertar ao Deus santo coisa impura, defeituosa ou imunda consistia em roubá-lo e desprezá-lo. Deus ficou indignado com essa ação que até se recusou a receber tais ofertas: “Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão” (Malaquias 1 : 10b). Diante de tal sacrilégio por parte de Israel, Deus alude a oferta que nós, Sua igreja lhe fariamos: “Mas desde o nascente do sol até ao poente é grande entre os gentios o meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao meu nome incenso, e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre os gentios, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Malaquias 1 : 11). Eis aqui o incenso, a oferta e o sacrifício que Deus requer de nós, Sua igreja: “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada” (Hebreus 13 : 15 , 16).

O capítulo primeiro de Malaquias encerra com Deus chamando de maldito para Israel por agir de forma fraudulosa para com Ele: “Pois seja maldito o enganador que, tendo macho no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é temível entre os gentios.” (Malaquias 1 : 14). "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação."  (Malaquias 3 : 9). Entenda que a maldição contra o ofertante e dizimista infiel não vinha de Deus, mas sim do não cumprimento do compromisso (voto) que os próprios judeus fizeram em observar toda a lei, inclusive na entrega dos dízimos e das ofertas, conforme a lei exigia. “Firmemente aderiram a seus irmãos os mais nobres dentre eles, e convieram num ANÁTEMA e num JURAMENTO, de que andariam na lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam TODOS os mandamentos do SENHOR nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos;” (Neemias 10 : 28). “Anátema” significa “maldição, maldito”. Confira o compromisso que eles fizeram lendo em Neemias 10 : 29 a 39, e o não cumprimento deste em Neemias 13 : 4 a 25, pois Neemias foi contemporâneo de Malaquias. Por isso, ninguém tem o direito de lançar maldição contra o crente que não oferta e/ou dizima, pois em Jesus ele já está livre da lei. (Gálatas 3 : 13). E também, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8 : 1).

CONCLUSÃO

Em toda a bíblia, encontramos o termo oferta 403 vezes, sendo, 384 registrados no Antigo Testamento e apenas 19 vezes no Novo Testamento. E as que se encontram no Novo Testamento não ensinam que somos obrigados a ofertar, pois todas fazem referência às ofertas do antigo concerto. A única menção sobre roubo em relação às ofertas só a encontramos na passagem de Malaquias 3 : 8 e ela não dá direitos a quem quer que seja de chamar de ladrão o crente que por algum motivo falhou na entrega sistemática de suas contribuições, ou mesmo àquele que pela Palavra entende que é livre em Jesus para contribuir sem coação. Tal medida se constitui um crime contra a honra, como: injúria, calúnia e difamação, podendo o acusador ser passível de punição, conforme reza os artigos 138, 139 e 140 do Código Penal Brasileiro; uma vez que somos livres para contribuirmos conforme o desejo de nossos corações e com aquilo que pudermos. Algumas denominações até afastam membros de suas funções e vetam-lhe o direito de fala nas congregações, por estes não pagarem o que afirmam ser dízimos e ofertas. Lembre-se que toda a divida Jesus pagou por nós, até a da morte (Romanos 6 : 23 ; Colossenses 2 : 14). Assim como o dízimo, também não temos obrigação de ofertar e nem o podemos, pois a oferta só poderia ser entregue no altar e o último altar foi a cruz. Não temos altar para ofertar, porém devemos sim contribuir. Por isso,"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."  (2 Coríntios 9 : 7).

Meu desejo é que aqueles que lerem este trabalho alcancem a misericórdia de Deus, como eu alcancei e assim sejam livres desses dogmas para servirem a Deus por amor.

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.