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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Apostasia e doutrinas de demônios – O mal escondido nas igrejas


“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Timóteo 4 : 1 , 2).

O terceiro trimestre de lições da escola dominical, edições CPAD, trás como tema: A igreja e o seu testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais. As lições abordarão as cartas de Paulo a Timóteo e a Tito, tendo como comentarista das lições o pastor Elinaldo Renovato de Lima. O tema deste trimestre é atual e desafiador a líderes e mestres, visto que os assuntos abordados nas lições tem a ver com vários problemas que a igreja ora enfrenta. Entre eles está a apostasia e a doutrina de demônios, que a meu ver, deveria ter uma lição exclusiva para tratar do assunto, visto que a apostasia é um dos sinais que identificam a manifestação do Anticristo, após o arrebatamento da igreja (2 Tessalonicenses 2 : 3). Por isso, neste artigo abordarei sobre a apostasia e a doutrina de demônios que é um mal escondido nas igrejas.

APOSTASIA:

O que é apostasia? Apostasia do grego antigo απόστασις (apóstasis), cujo significado é: abandono consciente ou deliberado da fé. Atualmente, são considerados apóstatas os crentes que deixam de se reunir em templos de uma determinada igreja, também chamados de “desigrejados”; ou mesmo aqueles que passam a discordar, questionar e até se afastar de determinados ensinos e tradições praticados em algumas igrejas, que não se harmonizam com a ortodoxia bíblica. Não, isto não é apostasia, pois estes, mesmo que não se reúnam mais em templos ou não concordem com algumas tradições, todavia mantém a fé viva no Salvador. Apostasia, como já foi dito é o abandono da fé.

No antigo concerto a apostasia estava relacionada ao envolvimento do povo hebreu com os ídolos do paganismo. Em 1Corintios 10 Paulo associa a apostasia com a idolatria que é um tipo de envolvimento com os demônios, deixando subentendido mais uma vez que a apostasia é resultado de doutrina de demônios, como diz: "Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios."  (1 Coríntios 10 : 20).

Porém, a apostasia que se caracterizaria como uma evidência dos últimos dias e até mesmo como um sinal da manifestação do anticristo ocorrerá dentro das próprias igrejas. Como se dá isto? Atentemos para a recomendação de Paulo, que pelo Espírito Santo diz: “...nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4 : 1). Observe que a apostasia é uma consequência de se dar ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”. Os espíritos enganadores sempre estiveram atuando no mundo e tentando interferir na história da igreja, querendo desencaminhá-la de sua missão de resgatar vidas para o reino de Deus (Efésios 6 : 10 - 12). Mas, segundo o Espírito Santo, nos últimos tempos eles agiriam de maneira mais intensa e até nos lugares celestiais (Efésios 6 : 12). Assim, eles estão agindo dentro das igrejas por intermédios de falsos mestres, que motivados por ganancia e o desejo de lucro, distorcem as escrituras e passam e ensinar doutrinas de demônios, levando assim alguns a apostatarem a fé.

Mas, como pode um cristão dentro de uma igreja, participando ativamente da liturgia desta apostatar da fé? Leiamos Hebreus 12 : 2, que diz: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. A fé do cristão deva estar centralizada exclusivamente na pessoa de Jesus e sua obra redentora no Calvário, onde, na cruz Ele pagou o preço de nossas transgressões, levando sobre sí nossas dores e maldições (Gálatas 3 : 13). Mas, quando essa fé é desviada para outros fins, como: objetos supostamente ungidos, correntes diversas e até campanhas de orações para determinados fins; isto é dar ouvidos a doutrinas de demônios. Talvez você não concorde com essa afirmação, mas ainda que se faça uso do Nome de Jesus nesses ritos, quem usa esses meios para conseguir seus objetivos espirituais e até materiais despreza, ignora e até invalida o sacrifício que Jesus fez em favor da humanidade. Quem age assim pisa o filho de Deus, profana o sangue da Aliança e faz agravo ao Espírito da graça (Hebreus 10 : 29). E, sabemos que o principal papel do príncipe dos demônios foi tentar fazer Jesus desistir do Calvário (Mateus 16 : 23). Naquele tempo ele usou até mesmo dois dos discípulos de Jesus que foram Pedro e Judas, para conseguir seu intento. É bem certo que também nos últimos dias, não hesitaria em usar homens movidos de avareza e ganancia para levar a muitos que não vigiam a apostatarem da fé (2Pedro 2 : 1 – 3).

DOUTRINAS DE DEMÔNIOS

Antes de tudo é conveniente saber que existem três tipos de doutrinas: a) A doutrina de Deus que é sã doutrina, que todos os obreiros devam ter zêlo e ensiná-las à igreja: "Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina." (Tito 2 : 1); b) As doutrinas de homens, que geralmente são baseadas em costumes e preceitos humanos: "Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens." (Mateus 15 : 9); e, d) As doutrinas de demônios. Estas são as mais sutis à igreja, pois elas são defendidas por obreiros fraudulentos que agem no meio do rebanho sob a ação do próprio Satanás que tenta distorcer a verdade para implantar suas mentiras. "E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz." (2 Coríntios 11 : 14). As doutrinas de demônios estão infiltradas em muitos ensinos repassados à igreja, mas, aqueles que têm a mente de Cristo as discernem pela própria Palavra (1 Corintios 2 : 16).

Mas, o que vem a ser na prática as doutrinas de demônios? Não pense o leitor que doutrinas de demônios são aqueles ritos praticados no ocultismo e nas religiões satânicas. Não, as doutrinas de demônios estão presentes dentro das igrejas. Como já foi dito, elas são ensinos de falsos mestres que movidos pela avareza distorcem os textos sagrados para sua autossatisfação financeira e material. As doutrinas de demônios são, na sua maioria, textos bíblicos ensinados fora de seu contexto. Na tentação do Senhor, Satanás usou um texto da bíblia para convencê-lo a se atirar do alto do templo: "E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra." (Mateus 4 : 6). Apesar de ser o pai da mentira, aqui o diabo não mentiu. Ele usou o Salmo 91 : 11 que diz: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”. Então, onde estava o erro? No objetivo da promessa, pois esta não dizia respeito a Jesus, mas a todos aqueles que se refugiam à sombra do altíssimo, e, Jesus é o próprio altíssimo, pois Ele é Deus (1 João 5 : 20). E ainda, ao usar um texto das escrituras, Satanás queria fazer  Jesus submeter-se a seus caprichos. Com Jesus não conseguiu, mas muitos tem se curvado à sua vontade. 

Assim, tomar um texto isolado e aplica-lo fora de seu contexto é transformá-lo em uma doutrina de demônios. Deus, em Sua Palavra sempre pediu para que nada do que Ele determinou fosse aumentado ou diminuído, acrescentado ou subtraído (Deuteronômio 12 : 32 ; Apocalipse 22 : 18 , 19). Paulo teve muito cuidado quanto a isso: "E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro." (I Coríntios 4 : 6)

Em 1 Timóteo 4, Paulo ensina que as doutrinas de demônios provém da hipocrisia de homens que falam mentiras, cuja consciência está cauterizada, isto é, ainda que conheçam a verdade, não a seguem e, sem possuírem nenhum temor de Deus, passam a propalar e defender a mentira para seus próprios interesses. Nos versos 2 a 5, Paulo cita dois exemplos de doutrinas de demônios, como diz: “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;  Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças;  Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada”.

Os dois exemplos de doutrinas de demônios aqui mencionados são a proibição do casamento e abstinência de alimentos. Sabemos que dentro do cristianismo há igrejas que defendem o celibato como necessário a vida do obreiro, bem como aqueles que fazem restrições a determinados alimentos. Se olharmos para dentro das escrituras vamos ver que ambas as práticas são bíblicas.

1 A proibição do casamento: Sobre a proibição do casamento vemos este exemplo no antigo testamento na vida do profeta Jeremias que foi um fato exclusivo (Jeremias 16 : 2). No novo testamento Jesus não casou e acredita-se que Paulo também não. E, sobre o celibato Jesus disse que há homens que preferiram não casar por causa do reino dos céus, contudo, estes se fizeram eunucos por essa causa: “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o” (Mateus 19 : 12). Porém, hoje, os que fazem opção em não casar, não o fazem por causa do reino de Deus, mas por questões religiosas e principalmente econômicas. E ainda, estes não se fazem eunucos, isto é, não se castram. Por causa disso vemos os escândalos envolvendo igrejas, principalmente no caso de pedofília. A proibição do casamento se torna uma doutrina de demônios, pois as escrituras dizem: "Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se." (1Coríntios 7 : 9). Mas é bom salientar que o casamento deva ser feito dentro dos princípios estabelecidos por Deus na criação (Gênesis 1 : 27 ; 2 : 24 ; Mateus 5 : 32), pois qualquer casamento fora destes princípios se torna uma doutrina de demônios.

2 Sobre a abstinência de alimentos: Porque a abstinência de determinados alimento se torna uma doutrina de demônios se o próprio Deus estabeleceu em lei? (Levíticos 11 : 1 – 31). Sim, a abstinência de determinadas criaturas é bíblica, mas se torna uma doutrina de demônios quando aplicada com legalismo e principalmente fora do contexto escriturístico. Em Levítico 11 : 1 , 2, diz: “E falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo-lhes:  Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra”. Atente, por quem e para quem o Senhor falou? Para Moisés e Arão e por intermédio deles, para os FILHOS DE ISRAEL (Judeus)! Os cristãos em sua maioria são gentios (não-judeus) e não têm compromisso com a lei de Moisés, mas com Jesus, pois: "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho," (Hebreus 1 : 1). É a Jesus que os cristãos gentios devem imitar e seguir os mandamentos.

Assim, quaisquer tipos de costumes, tradições, regras e leis que são dos judeus e para os judeus, ainda que sejam bíblicas, se tornam doutrinas de demônios, quando aplicadas dentro da igreja. Tais ações tendem a anular a graça de Deus, com diz Paulo: "Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas 2 : 21). Infelizmente, atualmente vemos um grande movimento judaizante dentro do cristianismo, praticados por diversos grupos protestantes; tanto os tradicionais como os néo-pentecostais e até os pentecostais. Estes tentam resgatar alguns preceitos da lei que Jesus cumpriu na sua morte, para tornarem válidos na igreja do Senhor com o principal propósito de prosperidade financeira. Geralmente se pegam textos do antigo testamento e alteram seus princípios tentando adaptá-los às suas necessidades. Malaquias 3 : 8 a 10 é o mais preferido de quase todas, mas que também é aplicado fora de seu contexto hermenêutico e exegético. Em Apocalipse 2 : 9 e 3 : 9, Jesus fala que dentro da igreja de Smirna e até na de Filadélfia haviam crentes que, mesmos sendo membros destas igrejas, faziam parte da Sinagoga de Satanás, pois, estes não sendo judeus, tentavam se passar por judeus. Como? Adotando costumes, regras e tradições próprias da cultura e da lei dos judeus, querendo implantá-las dentro das igrejas, como os falsos irmãos queriam fazer na igreja da Galácia (Gálatas 2 : 4).

Resumindo: A apostasia é o resultado de espíritos enganadores, usando homens que movidos por avareza, distorcem as Escrituras e assim, ensinam doutrinas de demônios levando a muitos a apostatarem da fé.

Será que não acontece o mesmo dentro das igrejas de hoje?

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.