De 1964 a 1985 o Brasil viveu um difícil período,
onde se implantou uma ditadura Militar que se caracterizou pela falta de
democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição
política e repressão aos que eram contra esse regime.
A ditadura se define como: forma de governo, poder, uso da
força para governar, falta de democracia
Para se evitar oposição as
ditaduras costumavam proibir ou controlar os partidos políticos. Outras táticas
ditatoriais envolviam a prisão de opositores políticos, censura aos meios de
comunicação, controle dos sindicatos, proibição de manifestações públicas de
oposição e supressão dos direitos civis. Muitos inconformados com
esse sistema de governo acabaram sendo assassinados, torturados, presos, seqüestrados,
exilados ou cassados direta ou indiretamente.
Tomei o triste exemplo ocorrido no Brasil, para trazer
a luz que algo semelhante ocorre atualmente no sistema religioso, onde os
escândalos e aberrações estão explícitos, sendo veiculados pelos meios de comunicação
e muitos que deveriam protestar contra tal, fazem “vista grossa” como se isso
fosse algo normal. Diariamente vemos notícias relacionadas a escândalos que estão
ocorrendo no meio eclesiástico evangélico no Brasil e no mundo. Como exemplo,
uma igreja evangélica aqui no Brasil passará a ter um administrador judicial
com plenos poderes administrativos e financeiros, porque seus líderes desviaram
recursos financeiros para usos escusos. No início deste ano de 2013, outra
grande igreja já teve de devolver a ex-fiéis - por decisão judicial sem direito
a apelação - tudo aquilo que eles doaram e com juros. O motivo foi que os
ex-fiéis foram induzidos a doar todos os seus bens para a organização, em troca
de bênçãos que nunca alcançaram (charlatanismo). É um mal que toma conta de
grandes e pequenas igrejas, onde uma grande parcela de fiéis tem ciência dos
abusos que se cometem em nome da fé, não concorda com algumas decisões que são
tomadas, mas também preferem o silêncio. Alguns até ficam inertes por falta de
informação, uns poucos por medo de represálias das lideranças e outros para não
perderem as posições que ocupam no episcopado (João
12:42).
Em 1Timóteo 3:15
diz que a Igreja é a coluna e apoio da
verdade, contudo, diante dessas situações, atualmente ela não tem usado sua
voz para protestar ou influenciar em algumas decisões que ela, como detentora
deste título outorgada pelo Espírito Santo, deveria fazer. Apenas uma minoria
que está vendo as coisas caminharem como não deveriam, têm levantado suas vozes
como um clamor, não para se oporem às lideranças em sí, mas para protestarem
com a forma de governo eclesial, procurando assim o bem de um todo (líderes e
membros), visto que determinadas atitudes tem contribuído para o esvaziamento
dos templos e, principalmente para a evasão de fiéis para outros segmentos
religiosos
Assim como: João Wycliff
(1325-1384); João Hus (1372-1415) e Martinho Lutero (1483-1546), que
foram os protagonistas da Reforma Protestante e que de certa forma foram
classificados de rebeldes, anarquistas e até hereges, por não se conformarem
com o rumo que a igreja romana tomou; assim também, aqueles que hoje ousam
contestar aquilo que está errado em suas igrejas, não são bem vistos pelas
lideranças e alguns membros. Por assim
agirem, estes tais são classificados de promoverem divisões, rebeliões e
anarquia, entre outros. É importante salientar que João Wycliff e João Hus
pagaram com as vidas por essa ousadia. Ambos foram queimados vivos como hereges
em praça pública e só não aconteceu o mesmo com Lutero, por que Deus não o
permitiu. Algo precisava ser feito em relação ao rumo que a igreja cristã tomou
e cremos ter sido Lutero o instrumento que Deus usou para abrir os olhos do
povo em relação aos abusos que eram praticados em nome da fé.
Pela Constituição Divina (a Bíblia), o
fiel tem o amparo legal de expor e manifestar sua opinião, uma vez que ele
observe que as coisas não estão caminhando da maneira como Deus estabeleceu,
sem que com isso ele deva ser acusado de estar se levantando contra Deus ou às
autoridades por Ele constituídas (Atos 5:29).
A constituição Brasileira de 1988, artigo 1º e
parágrafos IV, VIII e IX dizem:
IV - é
livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII -
ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é
livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença.
O artigo 19 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 reza o seguinte: “Todo
ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui
a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de
fronteiras”.
No âmbito religioso, a idéia que se deixa
transparecer em algumas administrações eclesiais é que algumas decisões que são
tomadas pela diretoria, não devam ser questionadas e muito menos repudiadas
pelos demais membros. E assim, como uma maneira de querer frear e calar os descontentes
com o sistema, muitos até se utilizam de textos da Bíblia fora de seu contexto,
com o intuito de transmitir aos demais a idéia de que os que se opõem à forma
de administração da igreja são: rebeldes,
feiticeiros, idólatras, etc. como diz o texto de 1Samuel 15:23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o
porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do
SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”.
Quando analisamos o
texto, vemos se tratar de uma reprimenda dirigida a uma autoridade e não a quem
não concordasse com este, no caso o rei Saul. No verso anterior (22), vemos a
dimensão desta sentença que foi dirigida a maior autoridade daquela época:
“Porém Samuel disse: Tem porventura o
SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à
palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender
melhor é do que a gordura de carneiros”.
Saul era
ungido, mas isso não era garantia de que tudo o que ele fazia estava de acordo
com a vontade de Deus. Samuel precisou mostrar-lhe o seu erro, sem que com isso
fosse tido como rebelde aos olhos de Saul, do povo e de Deus. A rebelião
(feitiçaria), no caso se tratava de uma desobediência aberta à vontade de Deus
por parte do rei Saul. Ele era o líder que estava no comando da batalha e Deus
determinou que por ele fosse destruído o inimigo e tudo o que lhe pertencia, o
que Saul achou por bem não levar em conta tal ordem divina. Vencendo a batalha,
Saul trouxe como prêmio de guerra a Agague, rei dos amalequitas e tomou o
melhor dos despojos para si, alegando que seriam para sacrifícios ao Senhor.
Com essa atitude ele quis porfiar com Deus, achando que sua infeliz decisão ficaria
por isso mesmo. Mas de Deus não se zomba (Gálatas
6:7).
No Novo Testamento vemos Paulo repreender a Pedro
na presença de todos os presentes, por este estar se comportando de forma
inadequada em relação a verdade do Evangelho e, que, se algo não fosse feito
urgentemente, tal comportamento traria sérias conseqüências para a igreja
gentia que estava no seu início de fé. Até mesmo Barnabé já se tinha
influenciado por isso. (Gálatas 2:11,14).
E olha que Pedro recebeu do próprio Cristo a responsabilidade de cuidar
de seu rebanho (João 21:15-17). Mas nem por
isso Paulo foi tido por rebelde e as coisas continuaram a andar conforme Deus
queria.
“Tenho vos dito estas coisas para que vos
não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das
sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço
a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim” (João 16:1-3).
Liberdade de expressão não é rebelião!
"Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" (Gálatas
4:16)
Em Cristo,
Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara
do Pará
Amado irmão Reginaldo,
ResponderExcluirO que diz a verdade manifesta a justiça, o amor e a misericórdia.
Sabemos que na atual conjuntura falar a verdade é na maioria das vezes colecionar "inimigos", mas o que é isso, diante do poder e da autoridade que repousa sobre nós.
O Senhor Jesus disse:
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
João 17. 14 à 17
Continue salgando, porque esse é o nosso verdadeiro ministério!
Em Cristo,
***Lucy***