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quarta-feira, 24 de abril de 2013

A roupa nova do imperador e a igreja brasileira


“Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém, que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” Jeremias 5.30-31. (grifo nosso) Leia ainda Jeremias 23.9-33; 28.1-4; Ezequiel 13 e 14.
Você já ouviu falar de Hans Christian Andersen (1805 – 1875), autor de inúmeros contos infanto-juvenis? Não? Ele escreveu “A Roupa Nova do Imperador”, você lembra dessa história? Não? Tudo bem, eu sei que faz tempo que você deixou de ler histórias infantis. Vou tentar refrescar a sua memória. A história é mais ou menos esta:
Há muitos anos havia um Imperador que era apaixonado por roupas novas e gastava todo o dinheiro que possuía com elas. Tinha um traje para cada hora do dia. Certo dia chegou a sua província dois vigaristas. Fingiram-se de tecelões e disseram que possuíam um tecido especial. Esse tecido possuía a qualidade de ser invisível a todos que não seriam capazes de exercer as suas funções. Como também, distinguia os tolos dos inteligentes. Logo, o imperador entregou-lhes muitas sedas e ouro para a confecção do traje. Os vigaristas guardavam todo o material e sempre pediam mais ao monarca. No entanto, nem um só fio era colocado no tear, embora eles fingissem continuar trabalhando apressadamente. O Imperador mandou súditos para examinarem a roupa, e ele, embora não vendo nada, temiam relatar o que estava acontecendo, para não serem tachados de tolos e incapazes de exercerem as suas funções.
Sempre diziam: “Que traje maravilhoso, é de uma beleza fenomenal”. Quando ficou pronta o imperador foi participar de um cortejo onde queria exibir sua mais nova roupa – já que em toda a província a fama do suposto tecido havia se espalhado. De repente, alguém grita: “O imperador está sem roupa!” Houve o maior frisson no império. Só ai o monarca percebeu o quão tolo havia sido.
Mas o que isso tem a ver com a igreja brasileira? Há muito que aprender com esse conto. Muitas das inovações no seio da eclesiologia brasileira não passam de histórias fantasiosas. Seria até cômica se não fossem trágicas. Há muitas heresias e “espiritualismo” travestido de roupa nova. Vigaristas da fé estão espalhados aos borbotões. Pessoas, até mesmo sinceras, dizem estar vendo algo que não existe. Prega-se uma “espiritualidade sensitiva”, onde o sentir é mais importante que o saber. Isso é espantoso, é horrendo.
Jó disse: “bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. – (42:2). Bem sei (hb yada‘), ou seja, conhecer por experiência, perceber, ver, descobrir e discernir. Infelizmente, os cristãos, hoje, não querem saber, querem sentir. Muitos, a semelhança dos súditos, continuam dizendo: “Que traje maravilhoso, é de uma beleza fenomenal”. O povo quer espetáculo? Vamos dá espetáculo! Como nos diria Jeremias: “… profetizam falsamente”. Prometem o que não podem cumprir.
Precisamos usar de honestidade ministerial. As tentações para transformar o nosso culto em “roupas novas” são muitas. Afinal, “… é o que deseja o meu povo”; diz o Senhor. Precisamos parar de ver espiritualidade onde, na realidade, só há carnalidade e culto narcisista. Deus é o único que merece toda a nossa honra, glória, louvor e adoração.
Quando Ele mandar, falemos, mas, se não mandar, é melhor ficar calado, pois seria muito perigoso desobedecer ao Senhor. Lembrem-se, somos embaixadores e como tal não podemos falar o que não nos foi ordenado – (2Co 5:20). Prefiro ser sincero com Deus e com as pessoas ao invés de “ver” o que os “sábios” e “inteligentes” querem. Não proclamemos o que Deus não mandou. “Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece”. – (Jo 9:41). Finalmente, o Senhor nos alerta: “… que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” 
Sola Gratia!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Liberdade de Expressão não é Rebelião!




De 1964 a 1985 o Brasil viveu um difícil período, onde se implantou uma ditadura Militar que se caracterizou pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra esse regime.

A ditadura se define como: forma de governo, poder, uso da força para governar, falta de democracia

Para se evitar oposição as ditaduras costumavam proibir ou controlar os partidos políticos. Outras táticas ditatoriais envolviam a prisão de opositores políticos, censura aos meios de comunicação, controle dos sindicatos, proibição de manifestações públicas de oposição e supressão dos direitos civis.  Muitos inconformados com esse sistema de governo acabaram sendo assassinados, torturados, presos, seqüestrados, exilados ou cassados direta ou indiretamente.

Tomei o triste exemplo ocorrido no Brasil, para trazer a luz que algo semelhante ocorre atualmente no sistema religioso, onde os escândalos e aberrações estão explícitos, sendo veiculados pelos meios de comunicação e muitos que deveriam protestar contra tal, fazem “vista grossa” como se isso fosse algo normal. Diariamente vemos notícias relacionadas a escândalos que estão ocorrendo no meio eclesiástico evangélico no Brasil e no mundo. Como exemplo, uma igreja evangélica aqui no Brasil passará a ter um administrador judicial com plenos poderes administrativos e financeiros, porque seus líderes desviaram recursos financeiros para usos escusos. No início deste ano de 2013, outra grande igreja já teve de devolver a ex-fiéis - por decisão judicial sem direito a apelação - tudo aquilo que eles doaram e com juros. O motivo foi que os ex-fiéis foram induzidos a doar todos os seus bens para a organização, em troca de bênçãos que nunca alcançaram (charlatanismo). É um mal que toma conta de grandes e pequenas igrejas, onde uma grande parcela de fiéis tem ciência dos abusos que se cometem em nome da fé, não concorda com algumas decisões que são tomadas, mas também preferem o silêncio. Alguns até ficam inertes por falta de informação, uns poucos por medo de represálias das lideranças e outros para não perderem as posições que ocupam no episcopado (João 12:42).

Em 1Timóteo 3:15 diz que a Igreja é a coluna e apoio da verdade, contudo, diante dessas situações, atualmente ela não tem usado sua voz para protestar ou influenciar em algumas decisões que ela, como detentora deste título outorgada pelo Espírito Santo, deveria fazer. Apenas uma minoria que está vendo as coisas caminharem como não deveriam, têm levantado suas vozes como um clamor, não para se oporem às lideranças em sí, mas para protestarem com a forma de governo eclesial, procurando assim o bem de um todo (líderes e membros), visto que determinadas atitudes tem contribuído para o esvaziamento dos templos e, principalmente para a evasão de fiéis para outros segmentos religiosos

Assim como: João Wycliff (1325-1384); João Hus (1372-1415) e Martinho Lutero (1483-1546), que foram os protagonistas da Reforma Protestante e que de certa forma foram classificados de rebeldes, anarquistas e até hereges, por não se conformarem com o rumo que a igreja romana tomou; assim também, aqueles que hoje ousam contestar aquilo que está errado em suas igrejas, não são bem vistos pelas lideranças e alguns membros. Por assim  agirem, estes tais são classificados de promoverem divisões, rebeliões e anarquia, entre outros. É importante salientar que João Wycliff e João Hus pagaram com as vidas por essa ousadia. Ambos foram queimados vivos como hereges em praça pública e só não aconteceu o mesmo com Lutero, por que Deus não o permitiu. Algo precisava ser feito em relação ao rumo que a igreja cristã tomou e cremos ter sido Lutero o instrumento que Deus usou para abrir os olhos do povo em relação aos abusos que eram praticados em nome da fé.

Pela Constituição Divina (a Bíblia), o fiel tem o amparo legal de expor e manifestar sua opinião, uma vez que ele observe que as coisas não estão caminhando da maneira como Deus estabeleceu, sem que com isso ele deva ser acusado de estar se levantando contra Deus ou às autoridades por Ele constituídas (Atos 5:29).

A constituição Brasileira de 1988, artigo 1º e parágrafos IV, VIII e IX dizem:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

O artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 reza o seguinte: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

No âmbito religioso, a idéia que se deixa transparecer em algumas administrações eclesiais é que algumas decisões que são tomadas pela diretoria, não devam ser questionadas e muito menos repudiadas pelos demais membros. E assim, como uma maneira de querer frear e calar os descontentes com o sistema, muitos até se utilizam de textos da Bíblia fora de seu contexto, com o intuito de transmitir aos demais a idéia de que os que se opõem à forma de administração da igreja são: rebeldes, feiticeiros, idólatras, etc. como diz o texto de 1Samuel 15:23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”.

Quando analisamos o texto, vemos se tratar de uma reprimenda dirigida a uma autoridade e não a quem não concordasse com este, no caso o rei Saul. No verso anterior (22), vemos a dimensão desta sentença que foi dirigida a maior autoridade daquela época:

Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.

 Saul era ungido, mas isso não era garantia de que tudo o que ele fazia estava de acordo com a vontade de Deus. Samuel precisou mostrar-lhe o seu erro, sem que com isso fosse tido como rebelde aos olhos de Saul, do povo e de Deus. A rebelião (feitiçaria), no caso se tratava de uma desobediência aberta à vontade de Deus por parte do rei Saul. Ele era o líder que estava no comando da batalha e Deus determinou que por ele fosse destruído o inimigo e tudo o que lhe pertencia, o que Saul achou por bem não levar em conta tal ordem divina. Vencendo a batalha, Saul trouxe como prêmio de guerra a Agague, rei dos amalequitas e tomou o melhor dos despojos para si, alegando que seriam para sacrifícios ao Senhor. Com essa atitude ele quis porfiar com Deus, achando que sua infeliz decisão ficaria por isso mesmo. Mas de Deus não se zomba (Gálatas 6:7).

No Novo Testamento vemos Paulo repreender a Pedro na presença de todos os presentes, por este estar se comportando de forma inadequada em relação a verdade do Evangelho e, que, se algo não fosse feito urgentemente, tal comportamento traria sérias conseqüências para a igreja gentia que estava no seu início de fé. Até mesmo Barnabé já se tinha influenciado por isso. (Gálatas 2:11,14).  E olha que Pedro recebeu do próprio Cristo a responsabilidade de cuidar de seu rebanho (João 21:15-17). Mas nem por isso Paulo foi tido por rebelde e as coisas continuaram a andar conforme Deus queria.

Tenho vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim(João 16:1-3).

Liberdade de expressão não é rebelião!

"Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?"                    (Gálatas 4:16)


Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Eu não sou ladrão





Ladrão, herege, apóstata, falso profeta, anticristo e até filho do diabo é a forma como tenho sido tratado atualmente. Na verdade, eu até não ligo muito, pois Jesus disse que deveríamos nos alegrar quando tal acontecesse por amor do Seu Nome (Mateus 5:11,12), pois se chamaram pra Ele de Belzebu, quanto mais fariam aqueles que o servem (Mateus 10:21). O que dói nisso tudo é o afastamento daqueles que um dia me deram sua destra em comunhão e demonstraram serem meus amigos. Estes mesmos hoje me têm como um traidor e até como uma ameaça e assim evitam se aproximar de mim e de meus familiares. E qual o motivo para tudo isso? Simplesmente porque passei a pregar e a defender a Palavra de Deus como ela é (Jeremias 23:28).

Não escrevo isso para desabafar ou me defender, mas para mostrar como esses fatos mostram o quanto a Palavra de Deus é viva, eficaz e atual, pois Jesus mesmo afirmou que passariam os céus e a terra, mas sua Palavra jamais haverá de passar (Mateus 24:35). Deus é fiel!

Para quem tem acompanhado meus artigos neste blog e quem me conhece pessoalmente, deve saber que estou passando por tudo isso, por causa de não concordar com a doutrina do dízimo, na forma como ela é ensinada em muitas igrejas atualmente. Não sou um “anti-dizimista” como me acusam e muito menos prego contra o dízimo - Hoje Eu ensino o que é o dízimo, ou melhor, o que era este à luz da Bíblia Sagrada, a infalível Palavra de Deus.

Depois de 25 anos sendo fiel a esse ensino, passei a discordar dessa doutrina, face alguns fatos por mim observados que não se harmonizavam com os ensinos sobre esse rito descrito na Bíblia, a inerrante Palavra de Deus. Por esse motivo, passei a ser tratado de ladrão e outros adjetivos infames, conforme exposto acima.

Buscando respostas para fundamentação dessa acusação, estudei exaustivamente a Bíblia, analisando cuidadosamente cada texto referente ao tema. E, nas 34 referencias existentes sobre dízimo em toda a Bíblia, sendo 25 no Antigo Testamento e 09 no Novo Testamento, apenas no Livro de Malaquias encontrei a referência ao tal roubo, que está isoladamente no versículo 08 do capítulo 03 deste livro e não mais em qualquer outra parte da Bíblia. Quantos iguais a mim, também não são injustamente acusados de serem ladrões, por aqueles que usam esse texto sem a mínima coerência, ignorando a hermenêutica, roubando, matando e destruindo a vida de muitas ovelhas do Senhor? (João 10:10). Esses tais precisam tomar muito cuidado com que fazem com o rebanho de Deus, pois a Escritura diz: "Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo."  (1Coríntios 3:17). E, por falar nisso, quero salientar que no texto de João 10:10 Jesus fala de um ladrão que rouba, mata e destrói, e que muitos atribuem ser o diabo, mas não é. Leiam João 10:1-18 e descubram quem verdadeiramente é esse ladrão ao qual Jesus se reporta.

A MENSAGEM DE DEUS POR INTERMÉDIO DE MALAQUIAS

Todo aquele que parar para analisar com cuidado a mensagem do profeta Malaquias vai entender que este foi um profeta pós-exílio e contemporâneo de Neemias, quando o povo judeu estava se restabelecendo em Judá, depois de 70 anos de cativeiro na Babilônia. A leitura de Malaquias e Neemias nos mostra que Judá vivia num período de apostasia que havia se iniciado com os sacerdotes e que depois contaminou o restante do povo (Malaquias 2:7,8). Pela negligência dos sacerdotes em ensinarem ao povo a lei de Deus, quais eles eram os únicos responsáveis, este povo acabou por se tornar insensível ao apelo divino, vindo até mesmo a questionar o amor de Deus e se valia a pena servi-lo e continuar obedecendo os seus mandamentos, agredindo a Deus com suas palavras (Malaquias 1:2-6; 3:13,14). 

O livro de Malaquias começa com uma advertência de Deus ao povo de Israel: “PESO da palavra do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias” (Malaquias 1:1). O livro de Malaquias não trata isoladamente do roubo a Deus em relação aos dízimos e ofertas, mas de uma série de pecados que vinham destruindo a nação de Israel espiritualmente, começando com a desonra e desrespeito a Deus como Pai (Malaquias 1:6); e a profanação da mesa do Senhor, onde os israelitas passaram a oferecer pão imundo, animais defeituosos, doentes e roubados, como oferta ao Senhor, tentando dessa forma enganar o Grande Rei, nosso Deus (Malaquias 2:7-14). Se atentarmos para o texto, vamos ver que o roubo nas ofertas começou por aí.

“Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós” (Malaquias 2:1)

Na capítulo 2, Deus passa a tratar especificamente com os sacerdotes, onde o Senhor os acusa de não honrarem o Seu Santo Nome e que por causa disso, Ele amaldiçoaria suas bênçãos, reprovaria sua descendência e até jogaria em seus rostos os excrementos, que eram o esterco advindos das realizações de festas solenes que os sacerdotes promoviam, mas que Deus não mais recebia (versos 1 a 3). O Senhor lança em rosto suas responsabilidades como sacerdotes (eram líderes espirituais do povo), pois dentre as 12 tribos de Israel, Deus havia separado a tribo de Levi, para exercer o santo sacerdócio, fazendo um concerto de vida e paz, pois da boca do sacerdote o povo deveria buscar o conhecimento da lei de Deus (verso 7). Mas estes sacerdotes haviam profanado o concerto e quebrado a aliança que Deus fizera com Levi. Desviaram-se e fizeram a muitos tropeçar na lei, corrompendo esta aliança (verso 8). Ainda por conveniência e interesse, fizeram acepção de pessoas na lei, coisa que Deus detesta (versos 9 e 10). É um mal que perdura até hoje (Tiago 2:1-9).

Por todas essas aberrações por parte da liderança, ocorre algo mais grave entre o povo eleito, pois estes passam a aprovar algo abominável aos olhos de Deus que é o divórcio. Os judeus mais uma vez profanam o santuário ao abandonarem suas esposas e casando com mulheres pagãs, seguidoras de deuses estranhos (versos 10 e 11). Isto fizeram porque a mal exemplo começou com os sacerdotes, como Elisasibe que se aparentou com o amonita Tobias, isto é, ele abandonou sua esposa para casar com filha deste, contrariando a lei a qual deveria honrar e ensinar (Neemias 13:5). Isto fez com que o altar de Deus fosse coberto com lágrimas, choros e gemidos das repudiadas, mexendo com o coração de Deus ao ponto de Ele não mais aceitar a oferta de seu povo (versos 12 a 16). O mais incrível é que vemos a mesma história se repetir no seio da igreja cristã, não obstante o Novo Testamento mostrar Jesus e os apóstolos repudiando tal prática, pois Deus não mudou (Malaquias 3:6). Quero abrir um parêntese e denunciar que hoje, a maioria das igrejas não se preocupam em obedecer o critério que o Espírito Santo impôs sobre a escolha de obreiros (1Timóteo 3:1-4). Inverteram as Escrituras, estabelecendo que o critério principal para alguém assumir uma posição clerical é ser um "DIZIMISTA FIEL", não importando se o tal tem um bom testemunho ou se é divorciado e recasado o que é condenável por Deus. A conveniência é quem dita as regras.

No capítulo 3 vemos Deus prometendo enviar dois mensageiros: o primeiro que prepararia o caminho diante dEle - João Batista - e o segundo era o mensageiro da aliança – o Próprio Jesus. (verso 1). Dos versos 2 a 4, Deus fala sobre a missão de Cristo no meio do seu povo, o qual em tudo faria a justiça. E, do verso 5 em diante, Deus começa a tratar do roubo em relação aos dízimos e ofertas. Vejam o que Ele diz: 

“E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos”

Deus começa dizendo que Ele mesmo será uma testemunha veloz para juízo, ou seja, Deus se apressaria em julgar, entre outros, o pecado de feitiçaria, adultério, falso testemunho e estelionato. Se atentarmos para as demais referências sobre o dízimo estabelecido por Ele, vamos ver que o dízimo era exclusivamente para atender os levitas, os que trabalhavam no templo e as classes pobres de Israel (órfãos e viúvas), bem como os estrangeiros (Deuteronômio 26:12; Neemias 13:5). Desviar o dízimo dessas prioridades era estelionato e roubo (defraudar). É importante salientar que o sacerdote não recebia os dízimos, mais apenas a oferta alçada deste, que era o dízimo dos dízimos que os levitas tiravam de todos os dízimos recebidos, assim como as demais ofertas, que convém dizer não era em dinheiro (Números 18: 8;11;19;24-26).

No verso 6 Deus conscientiza a nação israelita que eles não haviam sido destruídos, pelo fato de Deus ser imutável. E, conseqüentemente, aquilo que Ele estabeleceu não pode ser mudado nem acrescentado ou diminuído, principalmente Sua Santa Palavra (Apocalipse 22:18,19). No verso 7 o Senhor conclama os judeus desviados a voltarem-se para Deus, mas parece que eles não tinham consciência de seus atos e o rebatem com uma pergunta: “Em que havemos de tornar?”.No verso 8, Deus lhes mostra seu desvio, fazendo-lhes a seguinte pergunta: “Roubará o homem a Deus?”. Mais uma vez eles se fazem de ignorantes e tornam a rebater o Senhor com a pergunta: “Em que te roubamos”? Então o Senhor claramente os acusa de o estarem roubando nos dízimos e nas ofertas e avisa que a maldição estava sobre a nação por esta razão. Esta maldição era a fome advinda da praga do gafanhoto devorador que assolava e destruía a lavoura; da esterilidade da vide que não dava seu fruto e da falta de chuva para regar a terra, impedindo que essa germinasse as sementes plantadas, conforme observamos nos versos 10b e 11. 

O ROUBO NO TOCANTE AOS DÍZIMOS 

Em outros artigos aqui publicados, mostrei que em algum momento os dízimos foram entregues em dinheiro, pois estes eram produtos agropecuários, para serem comidos. Resumindo, os dízimos sempre foram alimentos, apesar de o dinheiro já existir desde os tempos de Abraão (Gênesis 17:12; Deuteronômio 14:22-29). Até mesmo no tempo de Jesus, os legalistas fariseus, zelosos observadores da lei entregavam os dízimos em derivados de alimentos, como: hortelã, endro, cominho e arruda, mas não em dinheiro (Mateus 23:23; Lucas 11:42). Visto o dízimo jamais ser em dinheiro, ouro ou prata, como poderiam os judeus estarem roubando a Deus, sendo Ele próprio o dono do ouro e da prata? (Ageu 2:8).

Para entendermos esse roubo precisamos ler o livro de Neemias que foi contemporâneo de Malaquias, principalmente o último capítulo. O capítulo 13 de Neemias nos fornece detalhes de como aconteceu esse roubo, bem como o que era a casa do tesouro, onde deveriam ser levados os dízimos e as ofertas do povo.

A Casa do Tesouro era uma espécie de despensa (armazém) no templo onde se guardavam os mantimentos (dízimos e ofertas) que deveriam servir para sustentos dos levitas, cantores, porteiros e necessitados do povo. A casa do tesouro era uma câmara que não constava na planta original do templo de Salomão. Esta foi construída pelo rei Ezequias, depois de um período de apostasia em Judá, quando este organizou novamente as turmas de levitas e sacerdotes para cultuarem ao Senhor. Feito isto, Ezequias conclamou o povo a voltar a trazerem os dízimos e as ofertas para que os sacerdotes e levitas pudessem se dedicar à Lei do Senhor, como diz: “E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do campo; também os DÍZIMOS de tudo trouxeram em abundância. E os filhos de Israel e de Judá, que habitavam nas cidades de Judá, também trouxeram dízimos dos bois e das ovelhas, e DÍZIMOS das coisas dedicadas que foram consagradas ao SENHOR seu Deus; e fizeram muitos montões” (2Cronicas 31:5,6). 

Por quatro meses ininterruptos os israelitas trouxeram os seus dízimos a Jerusalém. Quando o Rei Ezequias viu aqueles montões (não dá pra fazer montões de dinheiro né?), perguntou aos sacerdotes e levitas sobre o que era aquilo. “E Azarias, o sumo sacerdote da casa de Zadoque, lhe respondeu, dizendo: Desde que se começou a trazer estas ofertas à casa do SENHOR, temos comido e temos fartado, e ainda sobejou em abundância; porque o SENHOR abençoou ao seu povo, e sobejou esta abastança.  Então ordenou Ezequias que se preparassem câmaras na casa do SENHOR, e as prepararam. Ali recolheram fielmente as ofertas, e os DÍZIMOS, e as coisas consagradas; e tinham cargo disto Conanias, o levita principal, e Simei, seu irmão, o segundo.” (2Cronicas 31:10:12). O texto fartamente explica que o dízimo era para ser comido e não para outras finalidades. 

Tendo entendido o que era a casa do tesouro, voltemos a Neemias 13, para entendermos o roubo no tocante aos dízimos.

“Ora, antes disto, Eliasibe, sacerdote, que presidia sobre a câmara da casa do nosso Deus, se tinha aparentado com Tobias” (verso 4). 

Quem era esse Tobias que havia se aparentado com o sacerdote que era o tesoureiro da casa do tesouro? Era nada mais, nada menos aquele que tentou atrapalhar Neemias no tocante as obras de reconstrução dos muros de Jerusalém (Neemias 2;10;19; 6:1). Aproveitando a ausência de Neemias, que precisou voltar a Persia, Eliasibe, o sacerdote viola a aliança levítica e, por interesses escusos, dá sua filha como esposa a este estrangeiro amonita. Não fosse suficiente esse mal, ainda comete o sacrilégio de preparar a casa do tesouro para este inimigo do povo de Deus morar ali dentro, como diz o verso 6: “E fizera-lhe uma câmara grande, onde dantes se depositavam as ofertas de alimentos, o incenso, os utensílios, os DÍZIMOS do grão, do mosto e do azeite, que se ordenaram para os levitas, cantores e porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes”

O que aconteceu daí pra frente é que os levitas e aqueles que trabalhavam no santuário não tiveram mais acesso ao mantimento diário para suas subsistências, sem falarmos nos órfãos e nas viúvas que dependiam também desse dízimo. Os levitas tiveram de fugir para suas cidades, abandonado a casa de Deus para não morrerem de fome com suas famílias (verso 10). Foi aí que Deus se sentiu roubado, pois os dízimos e as ofertas estavam tendo um destino diferente dos quais o Senhor havia estabelecido. Todo esse mal aconteceu na ausência de Neemias que passou sete anos cuidando dos negócios do rei a quem serviu como copeiro. Foi nesse tempo que Deus levantou o profeta Malaquias para por intermédio dele, reivindicar respeito, honra a Seu Nome e a devolução dos dízimos, para mantimentos na Sua Casa (Malaquias 3:10).

Ao retornar da Persia, Neemias compreendeu o mal que o sacerdote Eliasibe fizera e tomou uma atitude radical, que tempos depois foi repetida por Jesus no mesmo templo em Jerusalém (Mateus 21:12). Atitude esta que muitos líderes deveriam imitar, para não deixar o Nome de Cristo ser blasfemado, por causa de muitos “comerciantes” que têm se levantado nestes últimos dias.

Em face destas imutáveis verdades, reafirmo com todas as letras: EU NÃO SOU LADRÃO! E muito menos aqueles que hoje não dão dízimos que são cobrados em dinheiro, pois Deus não mudou essa regra. Nem mesmo Jesus que veio para cumprir a lei mudou aquilo que o Pai estabeleceu em relação aos dízimos. O dízimo acabou na cruz com a morte de Cristo e hoje eu sou livre para contribuir com aquilo que eu propor no meu coração.

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."  (2 Coríntios 9:7)

"Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?"                    (Gálatas 4:16)

Em Cristo que me libertou do jugo da lei.

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará