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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Porque a iniquidade vai deixar muitos crentes fora do reino de Deus?


"Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros."  (Hebreus 1 : 9).

Muitos cristãos confundem iniquidade com pecado e, geralmente consideram os dois como sendo a mesma coisa. Se iniquidade e pecado são a mesma coisa, por qual motivo eles são citados isoladamente? A bíblia fala em iniquidade cerca de 262 vezes e o pecado em 542.

A iniquidade atinge pessoas de todas as classes, inclusive religiosos. Ela faz com que pessoas santas se tornem ímpias sem que se deem conta disso.

O que vem a ser iniquidade?

Do grego: ανομια (anomia); negação da lei. Ilegalidade; falta de conformidade com a lei; violação da lei; iniquidade; impiedade.
Do latim: iniquitas.atis; ilegalidade que se refere à qualidade de ímpios. Seus sinônimos são: injustiça, malícia, infâmia ou desgraça.

A Iniquidade é o oposto da Equidade que é um dos atributos divinos, que é a prática da justiça em todos os sentidos (Salmos 45 : 5 ; 67 : 4 ; Filipenses 4 : 5). Assim, Iniquidade é a prática da injustiça em todos os sentidos, principalmente quando praticada contra o próximo. É a falta de amor, respeito e até consideração. João diz que “Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade” (1João 3 ; 4). Mas em certos casos, diante de Deus a iniquidade chega até ser mais grave que o pecado do homem. Em Ezequiel 18.4, o Senhor diz que cada um morrerá pelo seu próprio pecado, mas em relação àquele que comete iniquidade, diz o Senhor que Ele castigaria essa ação nos seus descendentes até a terceira e quarta geração (Êxodo 20 : 5 ; 34 : 7). Os nossos pecados ferem o Senhor, mas as nossas iniquidades o moem (Isaías 53 : 5).

O mundo antigo e as cidades de Sodoma e Gomorra vieram a ser destruídos por causa da iniquidade. Jesus chega a tomar como exemplo o que aconteceu naqueles dias como evidência de seu retorno a este mundo: "E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem."  (Mateus 24 : 37) ; "Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;"  (Lucas 17 : 28).

OS DIAS DE NOÉ

Os dias de Noé também foram marcados pela multiplicação da iniquidade, além da depravação moral, da corrupção e da violência que chegaram a um extremo que Deus não pode mais suportar. Fatos que presenciamos atualmente.

Em uma geração corrompida e alienada dos princípios divinos, Noé achou graça diante de Deus. Apesar de conviver em meio a ímpios, Noé era justo, isto é, ele praticava a equidade. Ser justo não significava que Noé era mais perfeito que seus contemporâneos, mas sim que ele não compartilhava das mesmas ideias e pensamentos daquela geração. Apesar de tudo ele amava aquelas pessoas perdidas, querendo a mudança das mesmas. Noé tinha fome e sede de justiça (Mateus 5 : 6). Sua justiça foi o diferencial para que Deus o escolhesse no meio daquela geração perdida. É bem certo que ele pregou por 120 anos sem que  ninguém se arrependesse, mas Noé ganhou sua família para Deus, onde todos se salvaram. Em meio a grande iniquidade, Noé preservou sua justiça e foi salvo junto com sua família.

OS DIAS DE LÓ.

Nos dias de Ló, Sodoma e Gomorra entraram por um caminho de devassidão e imoralidade, indo contra os princípios da moral e da ordem. Mas não foi só isso que ocasionou a ira de Deus sobre aqueles lugares. Ezequiel mostra o principal motivo pelo qual Deus se indignou com aquele povo: "Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado."  (Ezequiel 16 : 49). O profeta Jeremias ao se referir ao castigo de Jerusalém pelas mãos dos babilônios, fez referência ao triste destino de Sodoma e Gomorra: "Porque maior é a iniquidade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida como num momento, sem que mãos lhe tocassem."  (Lamentações 4 : 6).

OS ÚLTIMOS DIAS.

"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará."  (Mateus 24 : 12).

Segundo as palavras do próprio Senhor Jesus, a iniquidade chegaria a um extremo insuportável nos dias anteriores a sua vinda. A consequência desse aumento seria o esfriamento do amor de muitos em relação a Deus e ao próximo. O esfriamento do amor não diz respeito a disposição de ir aos cultos regularmente ou de fazer a obra como muitos pensam. Não, esse esfriamento está relacionado a comunhão com o semelhante. A iniquidade é um mal agindo poderosamente no presente século, um sinal da vinda do Senhor que atingiu até os que professam servir a Deus. O anjo da igreja de Éfeso foi elogiado pelo Senhor por muitas obras que realizou, mas foi advertido quanto a voltar a prática do primeiro amor, da qual havia caído (Apocalipse 2 : 4 , 5). Que prática era essa? De viver o amor fraternal sob a qual a igreja nasceu, onde todos se honravam repartindo o que tinham para que ninguém tivesse falta de nada (Atos 2 : 44 , 45 ; 4 : 34 , 35). As contribuições na igreja primitiva visavam exclusivamente o bem comum de todos e lá não houve injustiça (iniquidade), até a chegada de Ananias e Safira (Atos 5 : 1 – 10). Mas a iniquidade desse casal foi punida com a morte como um exemplo àqueles que não se arrependerem desse mal. Por isso, o anjo da igreja de Éfeso foi advertido pelo Senhor:  "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres."  (Apocalipse 2 : 5).

A iniquidade será o motivo pelo qual muitos crentes e até líderes cristãos; que embora cheios de dons espirituais, ficarão de fora do reino de Deus, pois que Jesus disse:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7 : 21 – 23).

Deus nos guarde de sermos iníquos.

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O povo perece por falta de conhecimento


"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos."  (Oséias 4 : 6).

INTRODUÇÃO

Desde o começo do mundo o agente causador da destruição humana tem sido o pecado. No início ele destruiu o que de mais belo existia que foi a comunhão do homem com seu criador. O pecado entrou no mundo por causa da desobediência do homem em relação a vontade de Deus. No decorrer dos séculos o pecado continuou e continua destruindo muitas vidas tendo um aliado muito eficaz que é a falta do conhecimento.

A FALTA DE CONHECIMENTO NAS TRIBOS DO NORTE (ISRAEL)

Uma tragédia sem igual aconteceu com o povo de Deus no tempo do profeta Oséias - O povo foi destruído por falta de conhecimento (Oséias 4 : 6). Mas, que conhecimento era este? Não era o conhecimento secular e muito menos cientifico, senão a ciência a respeito do próprio Deus, por intermédio de Sua Palavra? Conhecer a Deus é obrigação de todo àquele que professa fazer parte do seu povo (Oséias 6 : 3). É própria da vontade de Deus que o seu povo, além de conhecê-lo, também o entenda (Jeremias 9 : 24 ; 24 : 7). O Senhor Deus, primeiramente se revelou a Israel, mas, pela boca de Ezequiel, falou que os gentios (não-judeus) também o conheceriam nos últimos dias (Ezequiel 38 : 16). Em sua oração sacerdotal, Jesus deixou bem claro que a vida eterna que tantos almejam, depende prioritariamente de conhecermos a Deus como único Deus verdadeiro, bem como também a Jesus como o enviado de Deus (João 17 : 3).

Oséias significa “Salvação”, de onde procede o nome Josué, cujo significado é Jeová é salvação. Ele era filho de Beeri e profetizou para o reino do Norte no período de 753 a 715 aC. sob o reinado de Jeroboão II. Nesse tempo, Israel que era formado por doze tribos já estava com seu reino dividido, estando dez tribos ao norte (Israel) e duas tribos ao sul (Judá). Israel (tribos do norte), formado pelas dez tribos tomou como capital Samaria e apostatou da fé e se prostituiu indo após deuses estranhos. Para fazer notória essa apostasia e prostituição, Deus ordena que Oséias se case com uma prostituta de nome Gomer. Mesmo sabendo que ela não lhe seria fiel e que o abandonaria, Oséias a trata com amor e ternura. O amor de Oseias por sua esposa infiel era uma maneira de Deus fazer conhecido o seu amor pelo reino do norte que o havia abandonado, traindo-o com os falsos deuses de Canaã; mas que estava disposto a perdoar a traição e recebê-los novamente como Seu povo. Porém, isso só seria possível se o povo conhecesse a real vontade de Deus e tomasse uma atitude de abandonar o pecado para servi-lo (Oséias 1 : 2 ; 3 : 1 – 5).

"E dar-lhes-ei coração para que me CONHEÇAM, porque eu sou o SENHOR; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração."  (Jeremias 24 : 7).

A RESPONSABILIDADE DO SACERDOTE EM LEVAR O CONHECIMENTO DA LEI AO POVO
Deus se faz conhecido a seu povo mediante as obras de suas mãos e pela Sua palavra revelada na lei (Salmo 19 : 1). Naquele tempo, apenas os sacerdotes e os reis possuíam a lei escrita. Os sacerdotes descendentes de Levi haviam sidos separados dentre as doze tribos de Israel, como tribo sacerdotal para intermediarem o povo perante de Deus. Suas responsabilidades como sacerdotes consistiam em oferecer sacrifícios, interceder e principalmente levar o conhecimento de Deus ao povo por intermédio da lei que Moisés deu a Israel. "Porque os lábios do sacerdote devem guardar o CONHECIMENTO, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos." (Malaquias 2 : 7).  Os sacerdotes, como ungidos de Deus deveriam ser um exemplo para toda a nação, assim como é exigido dos ministros da Nova Aliança também o serem. Eles jamais deveriam relaxar nessa responsabilidade, pois se o povo, como rebanho de Deus, viesse a apostatar dos caminhos de Deus, eles seriam duramente responsabilizados por isso. (1Timóteo 4 : 12).

Os sacerdotes sabiam perfeitamente de suas responsabilidades quanto a alimentar o rebanho de Deus com a genuína doutrina da palavra, mas, se deixaram dominar pelo sentimento de cobiça e avareza, o que levou a praticarem outros pecados como a luxúria, prostituição e a idolatria (Oséias 4 : 13). O mais triste diante de tudo isso foi que os sacerdotes descobriram que manter o povo na ignorância era mais promissor e lucrativo do que lhes mostrar o caminho de Deus. Será que não acontece o mesmo nos dias atuais?

COMO OS PECADOS ERAM EXPIADOS?

Naquele tempo, antes da manifestação do Messias, os pecados do povo eram cobertos mediante a entrega sistemática de ofertas no altar e todo hebreu, sem exceção, precisava ir ao templo e perante o sacerdote confessar suas culpas levando uma oferta como oblação pelos seus pecados (Levítico 9 : 1 – 7). Ninguém poderia se apresentar ao sacerdote de mãos vazias, pois, das suas ofertas entregues no altar dependiam o perdão de seus pecados. A cada pecado cometido, tornava-se obrigatório o pecador se apresentar ao sacerdote levando sua oferta e os sacerdotes viram que isso era bom pra eles. Assim, eles se calavam não repassando a congregação os conselhos de Deus, deixando o povo a vontade para pecar contra o Senhor. A única coisa que faziam era lembrar o povo que a todo pecado cometido se fazia necessário fazer expiação por eles, levando ao altar suas ofertas, é claro. Dessa forma, o pecado foi pouco a pouco destruindo o povo santo, pois o conhecimento da palavra de Deus, tão necessário a salvação lhes era negado por causa da ambição dos sacerdotes.

A REPREENSÃO DO SENHOR AOS SACERDOTES.

O capítulo 4 do livro de Oséias começa com a indignação de Deus face a desgraça que se abateu sobre seu povo. O versos 1 a 3 descrevem a tragédia que aconteceu pela falta do conhecimento de Deus.

 1 “Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem CONHECIMENTO de Deus”.
2  Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro.
3  Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.

De quem era a culpa por tal calamidade? Daqueles que foram separados e ungidos para fazerem Deus conhecido ao povo, mediante a revelação da lei escrita – os sacerdotes.
No verso 6, o Senhor revela sua tristeza com a destruição de seu povo e imediatamente dá a sentença punitiva aos responsáveis por essa desolação: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o CONHECIMENTO; porque tu rejeitaste o CONHECIMENTO, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”. No verso 8, Deus revela claramente o motivo que fez os sacerdotes agirem dessa maneira: “Comem da oferta pelo pecado do meu povo, e pela transgressão dele têm desejo ardente”. O Senhor mostra claramente que os sacerdotes não agiram por ignorância, mas conscientes do que estavam fazendo, pois eles tinham ardente desejo em que o povo continuasse transgredindo os mandamentos de Deus, afinal, isso dava lucro. No novo testamento Pedro profetizou que nos nossos dias surgiriam homens com as mesmas características (2Pedro 2: 1 – 3).

Mas Deus promete castigar os sacerdotes mediante as obras que fizeram, uma vez que eles mesmos se entregaram ao pecado assim como fizeram o povo errar (Oséias 4 : 9). Eles perderiam o privilégio de serem sacerdotes diante do Senhor, assim como aconteceu com o ministério de Eli que foi conivente com o pecado de seus filhos (1Samuel 2 : 30).

A CONTEMPORANEIDADE DA MENSAGEM DE OSÉIAS.

Na nova aliança sob a qual vivemos, Jesus edificou a Sua igreja e o seu desejo é que ela cresça em graça e CONHECIMENTO, a fim de que ela também não seja destruída como Israel o foi no tempo de Oséias (2Pedro 3 : 18). Jesus estabeleceu a Sua igreja neste mundo como um corpo sacerdotal (1Pedro 2 :9); concedendo-lhe dons ministeriais para sua edificação (Efésios 4 : 11). Como corpo sacerdotal, pesa sobre nós a responsabilidade de nos exortarmos mutuamente para que ninguém seja destruído pelo pecado como foi Israel no tempo de Oséias: "Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis." (I Tessalonicenses 5 : 11); "Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;"  (Hebreus 3 : 13).

Jesus não estabeleceu sacerdotes específicos sobre Sua igreja, conforme o modelo veterotestamentário, mas ministros pelo dom do Espírito Santo com semelhante responsabilidade que é levar o conhecimento da vontade de Deus, mediante o evangelho (1Tessalonicenses 2 : 4). Àqueles que são chamados e separados para esta finalidade, o Espírito Santo aconselha a não tomarem o mesmo caminho dos sacerdotes do tempo de Oséias que foi a ganância e a avareza pela qual eles corromperam seus ministérios (1Timóteo 3 : 3). Também é de responsabilidade de todo aquele que é aspirante ao ministério do evangelho ter as devidas condições de levar o conhecimento da Palavra de Deus a sua eleita. "Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, APTO PARA ENSINAR;" (1Timóteo 3 : 2).

É importante salientar que ter conhecimento não é saber textos decorados da bíblia e lançá-los à igreja como muitos até gostam de exibir mostrando que “conhecem” a bíblia. Não, ter conhecimento é, sobretudo, ter o discernimento da vontade de Deus que Ele dá somente a quem pede e busca (Tiago 1 : 5).

Paulo, chamado e separado por Deus para ser o apóstolo dos gentios entendeu sua responsabilidade e, ao se despedir da igreja em Éfeso, pois não iria mais voltar alí, disse: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." (Atos 20 : 26 , 27). Paulo sabia muito bem que: "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança." (Provérbios 11 : 14). Por isso que no fim de sua carreira neste mundo pode dizer com muita convicção: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." (2Timóteo 4 : 7).

CONCLUSÃO

Quantos ministros da atualidade podem dizer o mesmo que Paulo?
Quantos de fato têm anunciado ao povo TODO o conselho de Deus sem mudar nada do que está escrito?
Quantos, a semelhança daqueles sacerdotes também têm se calado, deixando o pecado minar suas congregações por medo de perder as vantagens financeiras?
Quantos não estão a se enquadrar no que está escrito em Isaías 5 : 10 – 23?:

“18  Ai dos que puxam a iniqüidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!
19  E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos.
20  Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!
21  Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!
22  Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte;
23  Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!”

Não esqueçamos que de Deus não se zomba (Gálatas 6 : 7). No passado Ele puniu os sacerdotes que fizeram o Seu povo errar e se perder pelo pecado. E também não terá por inocente os ministros do evangelho que relaxarem no cuidado com a sã doutrina pondo a perder o rebanho do Senhor.

"Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo."  (Tiago 3 : 1).

Reginaldo Barbosa

Santa Bárbara do Pará.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Jesus foi pregar aos mortos no INFERNO ou no HADES?


INTRODUÇÃO

A lição da EBD desta semana que traz como tema “A família que sobreviveu ao dilúvio”, aborda no seu último tópico um tema aparentemente polêmico e confuso. Onde as almas dos antediluvianos foram lançadas? No Inferno ou na hades? Qual o motivo de Jesus no interlúdio entre sua morte e ressurreição ter ido ao mundo dos mortos pregar a estes?

A bíblia não fornece muito detalhes sobre isso, mas não são poucos os que se arriscam a opinar sobre o tema. Eu também o farei, procurando embasar-me o melhor possível nas escrituras. Lembro que o que comentarei é minha opinião, e meu intuito não é contradizer o comentarista da lição e nem querer mudar o pensamento de quem quer que seja, pois não sou dono da verdade.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

O ponto 2 do Tópico IV da lição desta semana aborda sobre a questão do juízo divino no inferno, como segue:

2. O juízo divino no inferno. Não resta dúvida de que toda aquela geração pereceu e foi lançada no inferno, onde aguarda a última ressurreição, a fim de comparecer ao Juízo Final (Apocalipse 20 : 11 - 15). Eles sabem que isso acontecerá, pois o Senhor Jesus, no interlúdio entre a sua morte e ressurreição, esteve no hades, onde lhes proclamou a eficácia da justiça divina.

Escreve o apóstolo Pedro: "Pois também Cristo morreu uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água" (1 Pedro 3 : 18 - 20 - ARA), A geração de Noé recusou-se a ouvi-lo, mas viu-se obrigada a escutar o Senhor Jesus que, além de pregoeiro da justiça, apresentava-se, agora, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Sua pregação não era redentiva, mas vindicativa

Observe que o texto diz que a geração antediluviana foi lançada no INFERNO e em seguida afirma que Jesus esteve no HADES. Afinal, onde aquela geração foi lançada? No INFERNO ou no HADES? Quem está errado, o comentarista ou os escritores sacros? Muitos críticos da bíblia consideram-na como confusa e contraditória por causa de temas como estes. Mas essa confusão e aparente contradição é consequência das inúmeras traduções e versões da bíblia que hoje existem, quais muitas estão com acréscimos e subtrações nos seus textos. Quanto ao assunto em estudo, essas versões misturam e trazem confusão ao leitor sobre INFERNO, SHEOL e HADES, como sendo a mesma coisa. Para se ter uma melhor compreensão de determinados assuntos aparentemente polêmicos, é bom se valer de uma bíblia que se aproxime dos escritos originais. A Bíblia King James é uma das poucas traduções que mais se aproximam dos textos originais, assim como a Almeida Fiel. Farei uso de alguns textos da King James, qual define esses lugares:


SHEOL: Embora algumas versões confundam Sheol ou Seol com inferno e hades, este lugar se refere a sepultura, também chamado de abismo dos mortos. (Gênesis 37 : 35 ; 44 : 29). Não é o espírito do homem que desce ao Sheol na morte, mas sim a própria pessoa, ainda com sangue:  “Mas agora não o tenhas por inculpável, pois és homem sábio, e bem saberás o que lhe hás de fazer para que faças com que as suas cãs desçam à sepultura (sheol) com sangue.  E Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi”. (1Reis 2 : 9 , 10 ACF)


INFERNO: O termo inferno não está no hebraico do antigo testamento nem no grego do novo testamento, mas vêm do latim “infernus”. Algumas traduções da bíblia o chamam de “Geena”. Quando o Senhor Jesus se refere ao “inferno”, está se reportando ao original que é “Geena”. Para ilustrar seus ensinos a respeito do mundo vindouro e da eternidade, Jesus usava de metáforas e parábolas que eram comparações de algo que existiu ou existia. No caso da realidade do inferno, Jesus se valeu da Geena que era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava” e Jesus utilizou o exemplo deste lugar para mostrar a realidade do inferno que será o lugar para onde irão os perdidos que deliberadamente recusarão a salvação. Por isso, o inferno é o lugar de condenação e de fogo eterno inextinguível (Provérbios 7 : 27 ; Mateus 5 : 22 ; Marcos 9 : 43). No inferno não tem nenhuma alma humana, mas somente os anjos que pecaram e foram lá aprisionados com cadeias (2Pedro 2 : 4 ; Judas 1 : 6).


Mas a bíblia não diz que Jesus foi ao inferno e tomou as chaves da mão de Satanás? Não, a bíblia não diz isso! Mas existe esta crendice no meio cristão, por causa de uma interpretação forçada de Apocalipse 1 : 18, que diz: "E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno." Os que defendem essa tese afirmam que o diabo mantinha as almas presas no "inferno" sob seu domínio e que Jesus ao morrer foi lá para derrota-lo e depois tomar as chaves do inferno. Ora, Satanás não tinha chave alguma e a derrota dele por Jesus se deu na cruz e não no inferno. E o fato de Jesus afirmar, que possui as chaves da morte e do inferno, não significa que ele tenha ido lá, mas que ao ressuscitar Ele venceu a morte e agora tem o domínio sobre ela. E o ter as chaves do inferno não significa que Ele jogue as almas dos pecadores lá quando quiser sem antes julgá-los. Ter as chaves do inferno significa que Ele tem todo o poder, como o Pai lhe deu (Mateus 28 : 18);  e que só Ele, ou alguém com sua permissão poderá abrir e fechar esse lugar quando Ele mesmo determinar. Ou seja, tudo o que Jesus tem foi dado pelo Pai.

Apocalipse 9 : 1 - 11 mostra que durante o período da grande tribulação essa chave será dada a uma estrela para com ela abrir o poço do abismo (inferno). Nesse tempo serão solto os terríveis anjos-demônios que ora ali estão presos e que virão em forma de gafanhotos com poderes de escorpiões atormentarem os que não têm o sinal de Deus. A morte, inclusive, será presa por cinco meses nesse período, afinal, Jesus tem as chaves da morte. E observe que no final da grande tribulação, Jesus entregará essa mesma chave a um de seus anjos para que ele abra novamente o abismo (inferno), desta feita para aprisionar Satanás por mil anos (Apocalipse 20 : 1 - 3). Por isso que Jesus disse que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25 : 41).


Agora, dizer que Jesus foi ao inferno e tomou de Satanás as chaves deste lugar é uma aberração e uma tremenda heresia, pois a Bíblia nada fala sobre isso. Se o diabo tivesse lá no inferno, como muitos pregam e ensinam, ele não estaria livre e atormentando a humanidade sem Deus ao longo dos anos. Logo, concluo que ninguém está no inferno, com exceção dos anjos rebeldes que foram lá lançados até o juízo. E que Jesus ao morrer não foi pra lá. O inferno inclusive pode ser comparado com o lago de fogo, pois ambos na bíblia são eternos e alí serão jogados aqueles que não se encontram inscritos os seus nomes no livro da via (Apocalipse 20 : 15).


HADES: De acordo com a mitologia grega, Hades era o deus das regiões dos mortos. Hades é uma transliteração comum para o português da palavra grega correspondente “hades”. Hades é inúmeras vezes traduzido erroneamente por inferno, contudo, seu real significado é: “o mundo subterrâneo ou o lugar da habitação dos mortos”. Hades é o mundo invisível dos espíritos dos que morreram. Um estado intermediário entre a vida e a ressurreição, de onde os mortos ressuscitarão para serem julgados. O Hades era o cativeiro onde as almas eram aprisionadas e, de certo modo, atormentadas. É o lugar que antes do advento redentor do Messias ficava alinhado com o seio de Abraão (paraíso), sendo dividido por um grande abismo. (Lucas 16 : 23). O hades não é eterno como o inferno e não é mencionado no antigo testamento. Ele é um lugar temporário que haverá de prestar contas dos mortos que nele há (Apocalipse 20 : 13); e que por fim, também será lançado no lago de fogo junto com a morte (Apocalipse 20 : 14). Foi pra este lugar e não para o inferno que os antediluvianos, como os sodomitas e outras pessoas sem salvação foram levados antes do advento do Messias. Foi no hades que Jesus foi pregar aos espíritos em prisão, como no caso da lição, aqueles que morreram no dilúvio.

Mas, qual a finalidade de Jesus ir pregar a estes se Noé, pregoeiro da justiça, pregou a Palavra por 120 anos? Teria sido sem efeito a pregação do justo Noé? Certamente que não, mas lembremos que nenhuma carne se salvou; nem homem, mulher ou criança. E há de se considerar que apesar de aquela geração se recusar a ter crido em Noé, quem sabe muitos na hora de agonia, vendo que iriam de fato morrer, se arrependeram e suplicaram a misericórdia e o favor de Deus. Não tenho dúvidas que muitos deles após contemplarem as águas inundando o planeta e destruindo tudo a sua frente voltaram atrás nos seus conceitos e se arrependeram, mas era tarde demais, pois a arca tinha sido fechada e selada. Mas a estes que foram para a prisão dos mortos sem salvação, Jesus foi lá e pregou pra eles. Não pregamos que somente Jesus é quem salva?

E a pregação de Jesus a estes foi REDENTIVA ou VINDICATIVA?

O que é VINDICATIVA? Segundo o dicionário significa: “punitivo” ; “vingativo”. Agora pense, se os antediluvianos já estavam no inferno sendo punidos, porque razão Jesus iria lá pregar a eles? Para dizer-lhes que estavam perdidos para sempre e aumentar ainda mais seus tormentos? Não creio assim. A bíblia tradução King James também diz que Jesus quando subiu aos céus levou cativos muitos prisioneiros. As outras versões dizem que Ele levou cativo o cativeiro (Efésios 4 : 8). Logo, conclui-se que a pregação de Jesus aos mortos foi REDENTIVA e não VINDICATIVA, sendo que sua morte na cruz teve efeito passado, presente e futuro, pois, "Jesus Cristo é o mesmo, ontem (passado), e hoje (atualidade), e eternamente (futuro)." (Hebreus 13 : 8). Se morte de Jesus na cruz abrangeu o futuro, salvando os homens nos séculos que se seguiram, porque não teria efeito retroativo se todas as coisas convergem Nele e para Ele (Colossenses 1 :1 6 , 17). Até porque, desde Adão até Moisés o mundo viveu sem a lei de Deus (Romanos 2 : 12). 
E também, Deus enviou seu filho ao mundo, não para condená-lo, mas para salvá-lo (João 3 : 17). Até que Jesus regresse e reine aqui por mil anos, e que ao final de tudo se estabeleça o juízo final, Ele não julgará ninguém, pois isso só vai acontecer quando Ele se assentar no trono branco ao final do milênio (Apocalipse 20 : 11). Jesus disse: "Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado essa o há de julgar no último dia." (João 12 : 48). Eis aqui mais uma razão para entendermos porque Jesus foi pregar aos mortos. Paulo diz que quando ele vier no seu reino, julgará os vivos e os mortos (2Timóteo 4 : 1 ; 1Pedro 4 : 5 , 6). Creio que pensar de outra forma é se igualar aqueles que se opõe a Deus e Sua Palavra questionando sua justiça. Deus é amor, é santo e justo. Ele julgará o mundo com equidade, isto é com plena justiça (Salmos 67 : 4).


Assim sendo, seria grande injustiça da parte de Deus julgar, condenar e mandar direto para o inferno aqueles que nunca ouviram sobre seu filho, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida e ninguém irá o pai, senão por Ele (João 14 : 6). Vide o caso dos habitantes de Sodoma e Gomorra que pereceram pelo fogo divino por causa de seus pecados. Mas, Jesus afirmou que no juízo haverá mais tolerância para eles, do que para os que rejeitam Suas Palavras (Marcos 6 : 11). Que quer dizer isto? Que certamente alguns de Sodoma e Gomorra serão salvos no juízo, pois eles também ouviram a pregação do salvador quando Ele desceu ao mundo dos mortos. É claro que os que hoje morrem não terão mais essa oportunidade, pois a mensagem do evangelho da graça está pregado todos os dias. Para esses que atualmente ouvem o evangelho e não se convertem só resta o juízo (Hebreus 9 : 27).

CONCLUSÃO

Com já disse, não sou dono da verdade e nem tenho conhecimento a mais que os demais. Longe de mim tal presunção, mas, com base no que a bíblia ensina e sem achismos, concluo que  ninguém ainda foi julgado, condenado e lançado no lugar de tormento eterno (inferno). Deus é justo e fará isso com justiça quando esse dia chegar. E Ele há de julgar o mundo por intermédio dAquele que Ele enviou, tantos vivos como mortos: "Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos."  (Atos 17 : 31).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.