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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O dízimo de Jacó - Para quem ele entregou?


"Quando fizeres algum voto ao SENHOR teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o SENHOR teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado."  (Deuteronômio 23 : 21).

INTRODUÇÃO

Após Abraão haver dado um dizimo de tudo o que trouxe dos despojos de uma batalha a Melquisedeque, tempos depois a bíblia menciona seu neto, Jacó prometendo dar ao Senhor um dizimo de tudo o quanto Deus o abençoasse (Gênesis 28 : 22). Ambos os fatos aconteceram antes de o dizimo ser estabelecido como mandamento ao povo de Israel, ou seja, antes de o dízimo se tornar lei. Por haver Jacó existido antes da proclamação da lei, não são poucos os mestres defensores dessa doutrina que se valem do voto de Jacó como um exemplo de que o dízimo deva ser praticado nos dias atuais. O que eles não sabem é explicar quando, como e pra quem Jacó deu o dízimo prometido.

Teria Jacó cumprido com sua promessa entregando o dizimo ao Senhor? Se o entregou, porque o autor sacro não registrou relevante ato como fez com Abrão? Uma das grandes dificuldades em entender o dizimo de Jacó se dá pelo entendimento que se adquiriu que o dizimo deveria ser dado a um sacerdote, como Abrão entregou ao sacerdote Melquisedeque e no tempo de Jacó não houve sacerdotes.   O que muitos não sabem é que o dízimo já era praticado pelas nações pagãs antes de Abrão, onde, além dos sacerdotes, os reis também recebiam dízimos. Até na lei os reis recebiam dízimos (1Samuel 8 : 15 – 17 ; Mateus 17 : 25).

Mas Jacó entregou sim o dizimo que prometeu e tal feito foi registrado nas escrituras sagradas e está lá pra todo mundo ver, pois Deus não guarda segredo para com os seus servos e nem é Deus de confusão (Amós 3 : 7 ; 1Corintios 14 : 33). É o que veremos nesse estudo.

COMO ENTENDER A DOUTRINA DO DÍZIMO?

Seria o dízimo um tema polêmico? Muitos “ministros” ensinam que o povo tem de dar o dizimo, pelo fato de o mesmo ser um mandamento, tendo como base o capítulo três de Malaquias. Porém, quando são questionados sobre a legalidade do dízimo ou mesmo sobre sua finalidade, conforme rezam outros textos da bíblia, os mesmos se esquivam das respostas e até mesmo afirmam ser o dízimo um tema polêmico. Já ouvi de vários ensinadores que a doutrina do dizimo é para ser obedecida e não questionada. Isto porque, segundo eles, o dizimo é um tema de difícil compreensão, que requer muita teologia, porque envolve algo que mexe com muita gente, ou melhor, com o bolso que é o dinheiro. Mas é justamente aí que reside o erro e que traz toda a confusão, pois dízimo nunca foi dinheiro! E, apesar de o dinheiro existir desde Abrão (Gênesis 17 : 12), Deus não aceitava recebê-lo como dízimo (Deuteronômio 14 : 22 – 29).

Para o estudioso das escrituras chegar a um entendimento exato da doutrina do dízimo se faz necessário separá-lo de tudo o que envolve finanças, despesas, lucros ou custos, pois Deus não o estabeleceu com essa finalidade. Foi a religião criada pelos homens - no caso a religião romana - quem converteu o dizimo para moeda corrente, indo contra a determinação de Deus que por Sua vontade e justiça o estabeleceu como mantimento (Malaquias 3 : 10). Somente aceitando essa verdade é que poderemos entender a teologia do dízimo e saber como Jacó cumpriu o seu voto e pra quem ele deu o seu dízimo.

QUEM FOI JACÓ?

Jacó significa: “suplantador, enganador, usurpador”. Ele foi irmão gêmeo de Esaú, filho de Isaque e Rebeca. Apesar de Jacó e Esaú serem gêmeos, Esaú nasceu primeiro, e, de acordo com o costume daqueles povos, este deveria herdar a bênção patriarcal. Mas as escrituras dizem que Esaú era devasso e profano (Hebreus 12 : 16). Ele não valorizou sua primogenitura e as benções que deveria receber. Por isso, Jacó se aproveitou dessa fraqueza e enganou seu irmão por duas vezes. A primeira com um prato de lentilhas, comprando o direito de primogenitura (Gênesis 25 : 29 – 34). A segunda, quando com sutileza se disfarçou se fazendo passar por seu irmão e recebendo a bênção patriarcal que por direito era de Esaú (Gênesis 27 : 35).

Mas quando Esaú descobriu que mais uma vez fora enganado por seu irmão, enfureceu-se a ponto de querer mata-lo. Aconselhado por sua mãe Rebeca que o amava mais que Esaú, Jacó foge para Harã, terra de seus parentes. Não sem antes mais uma vez receber a bênção de seu pai Isaque (Gênesis 28 : 1 – 5). No caminho de Harã, Jacó chega a Luz (Betel) onde o Senhor lhe aparece.

DEUS APARECE A JACÓ

“Partiu, pois, Jacó de Berseba, e foi a Harã” (Gênesis 28 : 10).

Após caminhar o dia todo e cansado da viagem, Jacó se deita para dormir, tomando uma das pedras daquele por lugar por travesseiro. Adormecendo, Jacó tem um sonho onde vê uma escada topando o céu e os anjos subindo e descendo por ela. Em cima da escada estava Deus. O Senhor se apresenta a Jacó por Deus de Abraão e de Isaque e lhe faz grandes promessas: “Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência”; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 28 : 13 , 14).

Mas as promessas de Deus não foram somente essas. Em seguida, o Senhor se compromete a proteger e a guardar Jacó, não somente durante a jornada, mas onde ele estivesse sem nada cobrar em troca. Vejamos o que Deus prometeu a Jacó.

a) - Deus estaria com Jacó: E eis que estou contigo;
b) - Deus guardaria Jacó por onde ele fosse: e te guardarei por onde quer que fores;
c) - Deus faria Jacó voltar a sua terra no tempo determinado: e te farei tornar a esta terra;
d) - Deus em momento algum desampararia ou abandonaria a Jacó, pois Sua Palavra é fiel: porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado.

Atente o leitor que o Senhor ao aparecer a Jacó dá-lhe a garantia de estar com ele; de guardá-lo por onde andasse; de fazê-lo retornar a sua terra e de não abandoná-lo até cumprisse tudo o que lhe havia prometido. Ressalto que o Senhor não exigiu nada de Jacó em troca para que Ele pudesse cumprir Sua promessa. Que Deus maravilhoso esse.

Diante de imensurável promessa, o que deveria Jacó fazer? Apenas ter fé, confiar e descansar no Senhor. Mas não foi o que Jacó fez. Ao acordar Jacó reconheceu que Deus estava alí e temeu. Em seguida tomou a pedra que tinha feito por travesseiro, erigiu como coluna e derramou azeite sobre ela, chamando aquele lugar que antes era Luz de Betel.

O VOTO INSENSATO DE JACÓ

“E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;  E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gênesis 28 : 20 – 22).

Demonstrando total falta de fé e confiança nas promessas de Deus, Jacó faz um voto. Neste voto, Jacó negocia as promessas que Deus anteriormente já lhe havia feito. Veja o voto de Jacó, comparando com a promessa de Deus:

a) - Se Deus fosse com Jacó: Se Deus for comigo;
b) - Se Deus guardasse Jacó: e me guardar nesta viagem que faço;
c) - Se Deus o provesse de mantimentos e vestuários: e me der pão para comer, e vestes para vestir;
d) - e Se Deus o trouxesse em paz à sua terra: E eu em paz tornar à casa de meu pai.

Está bem claro aqui que neste voto Jacó duvidou da promessa de Deus. Mas não ficou só nisso. Agora, entra a parte onde Jacó tenta barganhar com Deus. Após assegurar que Deus cumpra o que antes já havia lhe prometido, Jacó então promete ao senhor três coisas:

1 - “O SENHOR me será por Deus”. Fica claro aqui que Jacó não conhecia a Deus como o conheceram Isaque, seu pai e seu avô Abraão. Fica também claro que Jacó não tinha ao Senhor por seu Deus. Isto só veio acontecer mais tarde depois de outras experiências que Jacó teve com o Senhor.
2 -  “E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus”;
3 -  “e de TUDO quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.

Igualmente a Jacó, muitos crentes, movidos por interesse materiais e desejo de serem abençoados e prósperos financeiramente, vivem a barganhar com Deus realizando inumeráveis campanhas. Quando precisam de uma bênção específica promovem campanhas e mais campanhas de orações para alcançarem seus objetivos. Mas quando conseguem seu intento, voltam a normalidade esquecendo que com campanhas ou sem campanhas, Deus nunca os abandona. A nossa campanha de oração deve ser contínua e sem trégua: "Orai sem cessar."  (1Tessalonicenses 5 : 17).

JACÓ EM HARÃ

Jacó chega a Harã na casa de seu tio Labão e se apaixona por sua prima Raquel. Por amor a ela se compromete a trabalhar sete anos para o seu tio. Findando o contrato, Jacó é engando por seu tio e recebe a Lia por esposa em lugar de Raquel (Gênesis 29 : 18). Ao ver que foi enganado, Jacó reclama com seu tio e uma semana depois de haver casado com Lia, Jacó recebe a Raquel também por esposa. Labão propõe Jacó trabalhar mais sete anos para ele (Gênesis 29 : 27).

O que Jacó fez com seu irmão e seu pai, colheu vivendo com seu tio que o enganou inúmeras vezes. Ele vivenciou a lei da semeadura (Gálatas 6 : 7).

Por causa de Jacó, Labão teve seu rebanho aumentado grandissimamente. Após Raquel, sua amada dar a luz a José, Jacó então propõe voltar a sua terra, trazendo consigo sua família e alí poder trabalhar e ter aquilo que é seu (Gênesis 30 : 25 , 26). Mas Labão não quer abrir mão da companhia de Jacó, pois entendeu que a prosperidade de sua casa se deu por conta da bênção de Deus por amor de Jacó (Gênesis 30 : 27). Para tentar segurá-lo, Labão propõe estabelecer um salário para Jacó, pois até então ele havia trabalhado sem receber nada de Labão, a não ser suas filhas como esposas. Jacó recusa a oferta de Labão e propõe voltar a apascentar o rebanho de seu sogro, mas desta vez, separando os salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros. Estes seriam o salário de Jacó (Gênesis 30 : 28 – 32). Mas Labão, usando de esperteza separou antecipadamente do rebanho os salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros. (Gênesis 30 : 35). Mas Deus tinha um compromisso com Jacó de não o abandoná-lo e, em meio a tantas turbulências, fê-lo prosperar grandemente. E assim Jacó cresceu em grande maneira, e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos e jumentos (Gênesis 30 : 43).

JACÓ VOLTA A SUA TERRA E ENTREGA SEU DÍZIMO

“E disse o SENHOR a Jacó: Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo” (Gênesis 31 : 3).

Por vinte anos Jacó serviu a Labão, catorze pelas filhas e seis pelo rebanho de onde ele tirou o seu pagamento. Agora, com muitas riquezas Jacó pega tudo o que conquistou com a bênção de Deus e empreende viagem de volta a Berseba (Gênesis 31 : 18). No caminho várias coisas aconteceram como: a) A ida de Labão para trazer de volta suas filhas, o rebanho e resgatar seus ídolos que Raquel levou (Gênesis 31 : 43); b) o encontro de Jacó com os anjo de Deus em Maanaim (Gênesis 32 : 1 , 2)  e  c) A luta com o anjo do Senhor na vale de Jaboque (Gênesis 32 : 24 – 32).

Porém, antes de lutar com o anjo de Deus, Jacó sabe que precisa passar pelo território de Seir (Edom) que era governado pelo seu irmão Esaú. Jacó então envia mensageiros a Esaú e com eles bois e jumentos, ovelhas, e servos e servas. Isto para achar graças aos olhos de Esaú (Gênesis 32 : 4 , 5). Após realizarem a missão, os mensageiros de Jacó retornam com a notícia de que seu irmão Esaú vem a encontrá-lo, acompanhado de quatrocentos soldados (Gênesis 32 : 6). Um pavor toma conta de Jacó que temeu muito e ficou angustiado. Então, ele resolve dividir seu rebanho e seus criados em dois bandos. Se acaso Esaú atacasse um, o outro escaparia (Gênesis 32 : 7 , 8).

Após dividir o rebanho e o povo em dois bandos, Jacó então clama a Deus com humilhação e alma angustiada. Na sua oração, Jacó se lembra das promessas que Deus lhe havia feito vinte anos atrás quando lhe apareceu em Betel (Gênesis 32 : 9 – 12). Jacó passou a noite alí na presença de Deus e então tomou um presente para aplacar a ira de Esaú quando se encontrasse com ele. Certamente Deus o orientou a fazer assim, afinal, Jacó clamou a Deus por uma solução, pois "Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito."  (Salmos 34 : 18).

JACÓ SEPARA SEU DÍZIMO

Se o leitor puder entender, Jacó separou alí o seu dízimo. É bem certo que será difícil para muitos compreenderem que Jacó deu o seu dízimo para seu irmão Esaú por ainda associarem dízimo a dinheiro, conforme a religião ensinou por tradição. Mas, nas linhas que seguirão, mostrarei as evidências bíblicas de que Jacó cumpriu o seu voto de dar o dizimo de tudo, quando presenteou o seu irmão Esaú.

Observe o leitor o que foi que Jacó separou de seu rebanho“E passou ali aquela noite; e tomou do que lhe veio à sua mão, um presente para seu irmão Esaú: Duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; Trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez jumentinhos” (Gênesis 32 ; 13 – 15).

A frase “do que lhe veio à sua mão”, diz respeito a TUDO o que Deus havia lhe dado, quando o abençoou. Se considerarmos que Jacó separou a décima parte de TUDO o que tinha, podemos calcular que a riqueza de Jacó era assim: Duas mil cabras, duzentos bodes, duas mil ovelhas, duzentos carneiros, trezentas camelas, quatrocentas vacas, cem novilhos, duzentas jumentas e cem jumentinhos. Afora os servos e servas e o que ele já havia mandado anteriormente pelos mensageiros (Gênesis 32 :  4 , 5). Jacó separou cada rebanho a parte e os enviou separadamente com o fim de aplacar a ira de seu irmão.

JACÓ ENTREGA SEU DIZIMO

Após isso, Jacó pegou tudo o que tinha com suas mulheres e filhos e fê-los passar o vau de Jaboque e o ribeiro. Mas Jacó ficou pra trás e alí, teve um maravilhoso encontro com Deus, quando lutou com o anjo de Deus e teve seu nome mudado para Israel (Gênesis 32 : 24 – 28). Pela manhã, Jacó levanta os olhos e vê Esaú vindo com seus quatrocentos homens. Jacó separa os filhos com suas mães e se põe a frente deles e se inclina sete vezes em terra até chegar a Esaú (Gênesis 33 : 1 – 3). Ao chegar perto a seu irmão, Jacó tem uma bela surpresa, pois Esaú corre a seu encontro e o abraça e o beija e ambos choram juntos. Ao se levantar Esaú vê as mulheres e os meninos e pergunta quem são? Jacó responde que são os filhos que graciosamente Deus lhe deu. Em seguida, Esaú questiona sobre o rebanho que lhe foi enviado. Jacó responde que foi para que pudesse achar graças a seus olhos. Mas Esaú pede para Jacó ficar com o rebanho, pois ele já tinha o bastante (Gênesis 33 : 5 – 9).

Agora, atente para a resposta de Jacó a Esaú em relação aquele presente que ele havia enviado.

Gênesis 33 : 10 , 11:

“10  Então disse Jacó: Não, se agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim.
11  Toma, peço-te, a  minha bênção, que te foi trazida; porque Deus graciosamente ma tem dado; e porque tenho de tudo. E instou com ele, até que a tomou”.

Agora, voltemos vinte anos atrás, ou seja, ao capítulo 28 de Gênesis onde Jacó fez o voto e vejamos como as coisas se encaixam:

a) - A quem Jacó havia prometido dar o dizimo de tudo?
R. A Deus! ”... e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gênesis 28 : 22b).
b) - O que foi que Jacó viu na face de Esaú a ponto de insistir que ele o recebesse?
R. O rosto de Deus! ”... porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim” (Gênesis 33 : 10b). Afinal, o dizimo era de Deus.
c) - Mas Jacó já havia visto o rosto de Deus anteriormente?
R. Sim! E por duas vezes; a primeira vez em sonhos em Betel, quando o viu no topo da escada e a segunda pessoalmente quando lutou com o anjo no vau de Jaboque a quem deu o nome de Peniel: “E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva (Gênesis 32 : 30).
c) - Jacó prometeu dar o dízimo de que mesmo?
R. De TUDO o quanto Deus lhe desse! E ele o deu. “Toma, peço-te, a minha bênção, que te foi trazida; porque Deus graciosamente ma tem dado; e porque tenho de TUDO (Gênesis 33 : 11).

CONCLUSÃO

Abraão e Jacó deram um dízimo antes da lei. Foram dízimos únicos e específicos, diferentes daquele que Deus instituiu na lei para Israel dá-los a tribo de Levi (Números 18 : 21 – 28). Mas como vimos, Jacó cumpriu seu voto que fez a Deus. Ele deu o dízimo de TUDO o que prometeu a Esaú, seu irmão, pois viu nele a face do próprio Deus. Pela sua fraqueza de homem, Jacó chegou a se esquecer do voto, mas Deus o ajudou a fazê-lo chegando até a lembrá-lo em certos momentos (Gênesis 31 : 13). Deus é dono de TUDO e não exige só 10% do que nos dá, mas quando repartimos o que Ele nos dá com nosso irmão estamos agradando-o e fazendo a sua vontade, qual será recompensada no grande dia (Mateus 25 : 31 – 46).

Quando lemos a bíblia estudando com contrição e procurando conhecer os seus mistérios, o seu autor que é o Espírito Santo se encarrega de nos revelar as suas verdades que Ele mesmo as ocultou dos sábios e entendidos (Mateus 11 : 25). A nós como igreja foi concedido este privilégio: "Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;"  (Colossenses 1 : 27).

Concluo afirmando que a doutrina do dizimo não é polêmica. São os homens que criam as confusões doutrinárias por não aceitarem o que a bíblia ensina, principalmente quando determinados temas são manipulados e modificados para benefício pessoal. Mas Deus trará isso a juízo (Apocalipse 22 : 18 , 19).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa

Santa Bárbara do Pará.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O dízimo de Abraão - Um Ato Profético


INTRODUÇÃO

Abrão aparece na bíblia como o primeiro homem a dar o dízimo. Isto aconteceu cerca de 400 anos antes da lei ser estabelecida, na qual o dízimo foi incorporado, tornando-se assim obrigatório a nação israelita obedecer este mandamento. Justamente por Abrão haver dado o dízimo antes da lei, muitos defensores dessa doutrina se valem desse fato para justificar a continuidade dessa lei em plena era da graça. Mas, será que devemos ser dizimistas olhando para o exemplo de Abrão? Qual foi o dízimo que Abrão deu a Melquisedeque e do que foi? A bíblia diz que Abrão deu o dízimo dos despojos de guerra (Hebreus 7 : 4). Mas alguns defendem que não. No post anterior, abordei sobre um ponto da lição da Escola Dominical (CPAD) que será ensinada no próximo domingo, dia 13 de dezembro de 2015, onde o comentário sobre o assunto diz que Abrão deu dízimos de seus “bens pessoais e não dos despojos de guerra, já que se recusou a recebê-los” (Gn 14.20). Na verdade, Abrão se recusou a ficar com o que sobrou depois que entregou a décima parte dos despojos à Melquisedeque, testemunhando que aquilo não lhe pertencia (Gênesis 14 : 22 , 23).

Nesse pequeno estudo tentarei explicar o motivo pelo qual Abrão, apesar de ser muito rico (Gênesis 13 : 2), não pagou dízimos de suas riquezas. Houve uma razão especial pelo qual ele deu o dizimo de tudo o que trouxe como despojo da guerra, e não daquilo que tinha. O dízimo de Abraão foi um ato profético relacionado aos gentios e a Israel. Afinal, Abrão deu o dizimo de algo que não lhe pertencia. Abordarei alguns pontos e você leitor tire suas conclusões. "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais."  (1Coríntios 2 : 13 ACF).

O CONTEXTO DOS FATOS

A história é narrada no capítulo 14 de Gênesis e, para uma melhor compreensão dos fatos, se faz necessário conhecer todo o capítulo e os acontecimentos que nele se desenrolam. O capítulo inicia falando de quatro reis ímpios que aterrorizavam aqueles povos cobrando abusivos impostos. Eles eram: Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim. Os povos de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar haviam sido explorados por estes reis por doze anos. Ao décimo terceiro ano os reis destas cidades decidiram resistir e não pagarem mais os impostos. Então, ao décimo quarto ano os quatro reis declararam guerra aos reis das cinco cidades, sendo estes derrotados. Eles agiram iguais aos profetas do tempo de Jeremias (Miquéias 3 : 5). Os quatro reis vitoriosos retornam aos seus países levando cativo o povo com todos os seus bens. No meio deles vai Ló, sobrinho de Abrão que habitava em uma das cidades derrotadas. Abrão tem conhecimento do ocorrido e então, treina 318 de seus empregados, nascidos em sua propriedade e empreende uma campanha para libertar Ló, que além de sobrinho era seu filho adotivo.

O exército que Abrão formou era insignificante perto do exército de quatro reinos, mas sua fé no Deus altíssimo foi o diferencial que lhe garantiu magnifica e histórica vitória. Abrão e seu pequeno exército matam os quatro reis e parte de seus exércitos pondo em fuga os demais. Vitorioso, Abrão retorna trazendo consigo a Ló, seu sobrinho e tudo o quanto lhe pertencia, bem como aos despojos que foram saqueados de Sodoma e as demais cidades que consistia em mantimentos, bens e pessoas. (Gênesis 14 : 16).

MELQUISEDEQUE ENTRA EM CENA COM UMA AÇÃO PROFÉTICA

A notícia da vitória de Abrão sobre os inimigos percorreu toda a região. No retorno da batalha, Abrão entra em território que estava sob o domínio de Melquisedeque. No vale de Savé que é o vale do rei vão ao encontro de Abrão dois reis, Bera de Sodoma e Melquisedeque de Salém. Melquisedeque além de rei da Salém era sacerdote do Deus altíssimo. Melquisedeque a encontrar-se com Abrão lhe dá Pão e vinho: “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão) e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo” (Gênesis 14 : 18 ACF). Moisés faz questão de enfatizar que ele era sacerdote do Deus altíssimo pelo motivo de em Canaã haver muitos sacerdotes que serviam a deuses estranhos. Como sacerdote do Deus altíssimo, Melquisedeque também tipificava a Cristo. E como uma representação de Cristo, Melquisedeque realiza uma ação profética ao dar a Abrão pão e vinho, símbolos do corpo e do sangue que o Senhor na plenitude dos tempos entregaria em favor do resgate dos homens (Lucas 22 : 19 , 20). Em seguida Melquisedeque abençoa a Abrão: “E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gênesis 14 : 19 , 20 ACF). Melquisedeque como figura do Senhor Jesus e um representante de Deus entre os homens, abençoa a Abrão e reconhece que a vitória de Abrão se deu mediante a intervenção divina, pois, pelos esforços meramente humanos, tal feito não seria possível.

Depois de ser abençoado, Abrão então dá o dizimo a Melquisedeque. Convém mais uma vez salientar que o dizimo dado por Abrão foi dos despojos que ele trouxe da guerra e não dos seus bens pessoais (Hebreus 7 : 4). Se Abrão reconheceu que Melquisedeque era um representante de Deus entre os homens, porque deu-lhe um dizimo de algo que não lhe pertencia? Para entendermos isso, é preciso saber o que era o despojo que Abrão trouxe. Em linhas gerais, despojo era um prêmio de guerra que tinha direito aquele que vencia uma batalha, derrotando seus inimigos. Ao derrotar matando o oponente, tudo o que dantes era do derrotado ficava em posse do vencedor. Mas, além de prêmio de guerra, o despojo na bíblia tem outros significados, como: a) lançar fora, desfazer (Êxodo 33 : 6 ; Colossenses 2 : 11 ; 3 : 8); b) roubar, saquear (2Crônicas 28 : 21 ; Isaías 42 : 22 ; Naum 2 : 2 ; Lucas 10 : 30); c) resgatar (Gênesis 14 : 16 : Colossenses 2 : 15). No capítulo 14 de Gênesis, o episódio envolve roubo e resgate. Roubo por parte dos quatro reis comandados por Querdolaomer, rei de Elão e resgate por parte de Abrão que os trouxe de volta. Volto a repetir que os despojos trazidos por Abrão era de bens materiais, mantimentos, gado e pessoas. Tudo o que foi roubado (saqueado) pelo bando de Quedorlaomer.

ABRAÃO, UM TIPO DA IGREJA

Se Melquisedeque era um tipo de Cristo, sem dúvida Abrão era um tipo da igreja, pois recebeu o pão e o vinho, símbolos do corpo e do sangue do Senhor que celebramos na ceia. O despojo que Abrão trouxe, era o resgate daquilo que os reis tiranos haviam saqueado. Ao encontrar-se com Melquisedeque e ser por ele abençoado, Abrão dá-lhe o dizimo desses despojos. Alguns até reconhecem que os despojos eram compostos por pessoas, mas defendem que o dizimo que Abrão deu a Melquisedeque foi somente dos bens materiais. Mas Moisés ao escrever a história teve o cuidado de dizer que foi de TUDO, isto é, tanto dos bens materiais, mantimentos, gado e pessoas, pois este foi o despojo que Abrão trouxe. “E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo” (Gênesis 14 : 16). Qual a lição que isso nos trás?

A AÇÃO PROFÉTICA DE ABRÃO

Sendo Abrão não somente o pai dos crentes, mas uma fiel representação da igreja, ele foi em busca de resgatar seu sobrinho Ló, mas sua ação ocasionou em trazer as demais pessoas com seus bens. Esse é o papel que Jesus entregou a igreja a ir ao mundo em busca das almas perdidas que foram saqueadas e aprisionadas pelas potestades malignas. A igreja como corpo de Cristo vive uma constante batalha contra as forças do mal (Efésios 6 : 10 – 12). Sua principal missão enquanto no mundo estiver é resgatar vidas para o Senhor Jesus. O próprio Jesus que o cabeça da igreja deu o exemplo disso, pois Ele entrou em guerra contra os principados e potestades para resgatar os que crêem em sua obra redentora. "O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor;" (Colossenses 1 : 13 ACF). Triunfando sobre o maligno, Jesus nos trouxe como despojo para sí. "E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo." (Colossenses 2 : 15 ACF). 

Não esquecendo que no contexto desta história, Quedorlaomer e seus aliados são uma representação dos principados e das potestades do mal, além da figura de Bera, rei de Sodoma que quando quis barganhar as almas com Abrão em troca de ouro e prata, demonstrou ser uma representação de Satanás e daqueles que estão a seu serviço que são os mercenários e falsos profetas, ."E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti."  (Gênesis 14 : 21). Pedro fala sobre eles agindo na igreja: "E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita."  (2Pedro 2 : 3).

ABRAÃO, O PAI DOS HEBREUS E DOS  GENTIOS

Abrão também é o pai dos hebreus, povo o qual Deus estabeleceu um concerto no Sinai dando-lhes a lei para segui-la. Ao dar a Melquisedeque o dizimo de tudo, vemos nesse ato uma ação profética relacionada tanto a judeus como a gentios.

Sendo parte do despojo mantimento, dele Abrão deu o dizimo representando Levi que ainda não havia nascido. Pela instauração da lei muito tempo depois, o dizimo deveria ser dado a Levi em forma de mantimento (Malaquias 3 : 10). A nação de Israel era formada de doze tribos, sendo que pela lei, todas elas tinham de dar o dízimo que era do Senhor (Levítico 27 : 30). Mas a tribo de Levi foi separada para o sacerdócio e a essa tribo foi ordenada as demais onze tribos entregarem o dízimo que era do Senhor. "Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão."  (Números 18 : 24 ACF). Como Levi ao receber os dízimos não tinha alguém maior que ele para também os entregar, Abrão os entregou antecipadamente numa ação profética a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. Não é assim que diz as escrituras? “E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro” (Hebreus 7 : 9 , 10 ACF).

E quanto a nós gentios? De nós gentios Deus não cobra dízimos e não autorizou ninguém a cobrá-los! Mas as almas (pessoas) que faziam parte dos despojos que Abrão deu a Melquisedeque era um ato profético da ação da igreja resgatando almas para entrega-las ao Senhor Jesus, nosso sumo-sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Afinal, todas as almas pertencem ao Senhor. "Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá."  (Ezequiel 18 : 4 ACF).

Essa é a razão pela qual Abrão não deu dízimos de seus bens pessoais, mas de despojos de algo que não lhe pertencia e Melquisedeque como representante de Cristo os aceitou. Quando Abrão entregou o restante para Bera, rei de Sodoma testemunhou com esse ato que nada lhe pertencia. Isso também é uma alusão de que nem todos aqueles que são chamados irão ser salvos. Isaías profetizou disso quando falou do sofrimento do Messias pelas almas humanas. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.  Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Isaías 53 : 11 , 12 ACF). Vejam que Isaías profetizou que Ele (Jesus) levaria sobre sí o pecado de MUITOS e não de TODOS.

CONCLUSÃO

Assim, concluo que o dizimo que Abrão deu a Melquisedeque foi único e singular. Não houve repetição deste ato e nem jamais haverá. Nem mesmo na lei, pois nela o dízimo era resultado do trabalho do povo hebreu que cada ano era recolhido e entregue aos levitas em forma de mantimento. E o dizimo dado a Levi na lei, expirou junto com o sacerdócio levítico e a destruição do templo. O dizimo que Abraão deu não nos serve de exemplo, como muitos defendem, porém, nos mostra uma grande lição teológica de como Deus trabalha, sendo conhecedor do passado, do presente e do futuro.

Muitos têm dificuldades em entender a doutrina do dízimo por associarem-no a finanças e dinheiro. Mas dizimo nunca foi dinheiro!

Igreja do Senhor, que dar o dizimo a Jesus? Ganhe e resgate almas para o seu reino, pois essa é a lição que o dízimo de Abraão nos dá!

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Melquisedeque Abençoa a Abrão


Texto Áureo:
"E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra"; (Gênesis 14 : 19).

INTRODUÇÃO

A lição desta semana da Escola Dominical editada pela CPAD traz como tema: MELQUISEDEQUE ABENÇOA A ABRÃO, tendo como comentarista o Pr. Claudionor de Andrade. A lição nos fornece ricas informações a respeito de Melquisedeque e Abraão nos dois primeiros tópicos. Porém, igual aos crentes de Beréia, também analiso aquilo que é ensinado, comparando com os textos sagrados. Por causa disso, não sou mais recebido nas congregações, contudo, tenho acompanhado e ministrado as lições nas casas dos irmãos, exortando-os a analisarem cuidadosamente as referências citadas, uma vez que as escrituras rezam que o povo perece por falta de conhecimento (Oséias 4 : 6). E analisando esta lição, deparei com uma contradição no terceiro tópico que fala sobre a OCASIÃO DA BÊNÇÃO, qual gostaria de comentar e, de certa forma refutar tal pensamento, uma vez que o mesmo vai de encontro com o que diz a Palavra de Deus.

Vou transcrever o que diz o tópico da lição:

1. Objetivo da visita. Depois de uma vitória tão decisiva, Abraão, já nas imediações de Salém, agradece a Deus ao ser recepcionado por Melquisedeque. O maior recebe o menor (Hb 7.7). O patriarca sabia muito bem que estava diante do sacerdote do Deus Altíssimo. Por isso, reverencia-o com os dízimos de seus bens pessoais e não dos despojos de guerra, já que se recusou a recebê-los (Gn 14.20). Verdadeira adoração e serviço a Deus. Que exemplo para nós.

Certamente que o tema fala da visita de Melquisedeque a Abraão, que até então se chamava Abrão. Ele (Abrão) retornava vitorioso de uma guerra, onde num lugar chamado vale de Savé ou vale do rei teve a visita, não somente de Melquisedeque, mas do rei de Sodoma. E, o primeiro que lhe foi ao encontro foi rei de Sodoma: “E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei” (Gênesis 14 : 17). Este rei, cujo nome era Bera, foi encontra-lo com o objetivo de barganhar com Abrão, como veremos mais adiante. Mas Melquisedeque foi com o objetivo de abençoar Abrão e agradecer a Deus por ele haver realizado tão grande feito, derrotando o inimigo. Em Genêsis 14 : 18 aparece pela primeira vez o nome de Melquisedeque, mas a bíblia não diz que Abrão sabia que ele era sacerdote, pois não se conheciam. Ainda sobre Melquisedeque a bíblia diz que ele era um rei justo. E como tal, se alegrou grandemente pela vitória de Abrão sobre os reis tiranos que oprimiam os povos da região. Ao retornar da batalha, Abrão passava pelos domínios de Melquisedeque (Salém)e este foi até ele com o  Objetivo de  felicita-lo e também abençoá-lo, por trazer a paz e a tranquilidade aqueles povos, quando matou os reis tiranos liderados por Quedorlaomer, rei de Elão.

“E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;  E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gêneis 14 : 19 , 20).
E quando a bíblia diz que Abrão deu a Melquisedeque o dizimo de tudo, em momento algum fala que foi dos bens pessoais de Abrão, como é enfatizado na lição. A bíblia diz que Abrão era muito rico: “E era Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro” (Gênesis 13 : 2). Porém, Abrão ao ir para a guerra não levou essas riquezas com ele. Nem mesmo para mantimento de seus soldados, pois estes vieram a alimentar-se de parte dos despojos conquistados por Abrão na guerra (Gênesis 14 : 24). Contrariando o comentário da lição, a bíblia é clara e explícita em afirmar que Abrão deu sim os dízimos dos despojos da guerra. "Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos." (Hebreus 7 : 4).

Mas Abrão não deu o dízimo de tudo? Nesse “tudo” não pode estar incluído seus bens pessoais? Não! Aqueles povos seguiam certos costumes, onde alguns deles foram incorporados à lei 400 anos mais tarde. A circuncisão, o dizimo e as administrações dos despojos de guerra eram alguns deles.

O que a bíblia diz sobre os despojos de guerra: (Deuteronômio 20 : 10 – 14):

10  Quando te achegares a alguma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz.
11  E será que, se te responder em paz, e te abrir as portas, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá.
12  Porém, se ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás.
13  E o SENHOR teu Deus a dará na tua mão; e todo o homem que houver nela passarás ao fio da espada.
14  Porém, as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR teu Deus.

Atente o leitor que os despojos de uma guerra eram compostos por bens materiais e também de almas humanas, principalmente mulheres e crianças. Veja o que Abrão trouxe como despojo da guerra: “E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo” (Gênesis 14 : 16). Então, quando Abraão deu a Melquisedeque o dízimo de tudo, estavam inclusas as pessoas também. Eis o motivo pelo qual o rei de Sodoma foi o primeiro a ir ao encontro de Abrão no vale de Savé. Vejam o que ele pediu a Abrão: “E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti” (Gênesis 14 : 21). Porém, Abrão, depois que entregou o dizimo de tudo (10%) dos despojos a Melquisedeque, entregou o restante a Bera, não ficando com nada, testificando assim que aquelas bênçãos não lhe pertenciam, apesar de por direito de guerra ser tudo dele.

Gênesis 14 : 22 – 24:
22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra,
23 Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte.

Isto sim é um exemplo para nós, legado por Abraão, nosso pai na fé. Quantos hoje poderiam imitá-lo nesse ato de justiça?

Ainda quanto ao dízimo de tudo dado a Melquisedeque, temos que considerar que além de sacerdote, Melquisedeque era rei. Muitos entendem que Melquisedeque recebeu o dízimo de Abrão como sacerdote, ignorando que a bíblia ensina que os reis também recebiam dízimos (1Samuel 8 : 15 , 17), principalmente dos estranhos que cruzavam seus domínios. Costume esse que foi observado até nos tempos de Jesus (Mateus 17 : 24 – 27).

Quero concluir esse subsídio, citando o que o historiador judeu Flávio Josefo em sua obra denominada a História dos Hebreus, relata sobre o encontro dos reis Bera e Melquisedeque com Abrão:

“O rei de Sodoma veio até ele no lugar a que chamam Campo Real, onde o rei de Salém, que agora é Jerusalém, o recebeu com grandes demonstrações de estima e de amizade. Esse príncipe chamava-se Melquisedeque, isto é, "rei justo". E ele era verdadeiramente justo, pois a sua virtude era tal que, por consentimento unânime, havia sido feito sacerdote do Deus Todo-poderoso. Ele não se contentou em receber apenas a Abraão, mas também a todos os seus.

Deu-lhes, no meio dos banquetes que realizou, os louvores devidos à sua coragem e virtude e prestou a Deus públicas ações de graças por tão gloriosa vitória. Abraão, por sua vez, ofereceu a Melquisedeque a décima parte dos despojos que tomara dos inimigos, e este aceitou, já o rei de Sodoma, ao qual Abraão ofereceu também parte dos despojos, teve dificuldade em receber a oferta, contentando-se com a parte de seus súditos. Mas Abraão o obrigou a receber tudo, reservando-se somente alguns víveres para os seus homens e uma parte dos despojos para os seus três amigos, Escol, Aner e Manre, que o haviam acompanhado.

Esse ato generoso de Abraão foi tão agradável aos olhos de Deus que Ele afirmou que não o deixaria sem recompensa, pelo que Abraão respondeu: "E como, Senhor, os vossos benefícios me poderiam dar alegria, pois que não deixarei a ninguém depois de mim que deles possa gozar e possuí-los?" Ele ainda não tinha filhos. Então Deus prometeu que lhe daria um filho e que a sua posteridade seria tão grande que igualaria o número das estrelas”.

(História dos Hebreus 10 : 27 , 28).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará