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quarta-feira, 22 de junho de 2016

O cultivo das relações interpessoais


No próximo domingo encerra-se o segundo trimestre de lições bíblicas da escola dominical (CPAD) que tratou do tema “Maravilhosa Graça”, com base na carta de Paulo aos romanos. Eu tive a oportunidade de estudar junto aos irmãos todas as lições abordadas no trimestre. Parabenizo ao comentarista pastor José Gonçalves e a equipe de editores da CPAD pelo oportuno tema, cujas lições nos deram a oportunidade de entender mais profundamente a diferença que há entre a Lei de Moisés e a graça e a verdade de Cristo. Neste artigo irei comentar o tópico II da lição que fala sobre a ameaça às relações interpessoais. Tecerei o comentário com base nos estudos das lições ministrados durante o trimestre, onde farei algumas considerações dentro do contexto da epístola.

O primeiro sub-tópico fala sobre o individualismo daqueles que promoviam dissensões. Quem seriam estes? Leiamos o verso 17 do capítulo 16 de Romanos:

“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”. (Romanos 16 . 17).


Conforme a palavra de Paulo havia na igreja em Roma crentes que ameaçavam a comunhão dos santos por promoverem dissensões e escândalos contra a doutrina que a igreja em Roma havia aprendido. Mas estes não agiam individualmente. Então, quem seriam estes com a qual Paulo demonstra tanta preocupação? Para conhecermos quem são primeiramente é preciso saber qual era a doutrina que havia sido ensinada à igreja que estava em Roma.

Como tivemos a oportunidade de aprender nestas lições, em toda a epístola escrita aos romanos, Paulo doutrina a igreja sobre a salvação pela graça e a justificação pela fé em Cristo, sem as obras da Lei que foi dada aos judeus por meio de Moisés. A igreja em Roma era formada de judeus, sendo a sua maioria de gentios. Mas muitos judeus que congregavam com os gentios ainda se sentiam compromissados em seguir os ritos da Lei mosaica e entendiam que sem a obediência a estes não poderiam alcançar a salvação. Esses não haviam entendido e compreendido a plenitude da graça de Deus revelado pelo evangelho. Nos capítulos 14 e 15 da carta aos romanos, Paulo mostrou que aqueles que ainda não tinham se libertado dos dogmas da Lei eram os fracos na fé. Mas que a igreja, sendo o corpo de Cristo não deveria desprezá-los ou excluí-los, porém suportá-los no amor de Cristo. Contudo, apesar de todo cuidado e exortação, na igreja havia alguns que eram insensíveis e irredutíveis quanto a doutrina da graça. Paulo viu que estes representavam um perigo a doutrina e aconselha aos irmãos a se desviarem deles. Quem seriam estes e o que faziam? Não há dúvidas que eram os maus obreiros, que apesar de todo ensino e admoestação da parte de Paulo, os mesmos insistiam em permanecer nas tradições que herdaram do judaísmo.


Na igreja em Filipos eles agiram da mesma forma. "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão" (Filipenses 3 : 2). Sim, esses que promoviam a dissensão e escândalo contra a doutrina não eram outros, senão os judeus legalistas, que defendiam a justificação pela Lei, como a circuncisão e outros mandamentos da lei mosaica e como sendo necessários à salvação (Atos 15 : 1). Estes eram os que apesar de serem crentes, não haviam nascidos de novo por não aceitarem que a fé no Senhor fosse suficiente para justificá-los de seus pecados diante de Deus. Eles eram os que disseminavam na igreja em Roma e também nas outras igrejas cristãs o fermento do judaísmo que era a doutrina dos fariseus, conforme alertou Jesus. “E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus... Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus”. (Mateus 16 : 6 ; 12).

Essa doutrina (fermento) defendida pelos legalistas judeus era permissiva, pois ela negava o sacrifício efetuado por Cristo no calvário. A doutrina dos fariseus e saduceus que ensinava a obediência às obras da Lei visava inutilizar a doutrina da salvação pela fé.  Quando lemos as cartas de Paulo às outras igrejas, vemos a ação destes causando também dissensões contra a doutrina em muitas igrejas por onde Paulo passou pregando o evangelho.

O segundo sub-tópico fala que esses facciosos que promoviam dissensões e escândalos faziam parte de um movimento sectário que tinha como prática o sensualismo e o antinomismo. Preciso discordar, pois não foi isto que aprendemos no estudo deste trimestre. Leiamos o verso 18 do capítulo 16 de Romanos: “Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples”. (Romanos 16. 18).


O “ventre” em apreço não se refere a sensualidade, mas ao cuidado com o próprio ser, pois este era o principal objetivo dos maus obreiros ao espalharem seu fermento (vil doutrina). Paulo deixa claro que estes eram os mesmos judeus legalistas do verso 17 que causavam dissensões e escândalos contra a doutrina. Podemos entender assim quando lemos a mesma recomendação de Paulo aos filipenses, quanto ao cuidado que a igreja deveria ter em relação a eles, os quais Paulo o denominou de cães e maus obreiros que defendiam a circuncisão, uma obra da Lei. "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão... Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas" (Filipenses 3 : 2 ; 18 , 19). Atente que esses se tornaram inimigos da Cruz de Cristo por justamente defenderem a Lei como a circuncisão e por se apegarem as coisas desta vida. Ora, se estes defendiam a Lei, não podiam ser antinomistas.

O cuidado de Paulo tinha sérios motivos, pois se a igreja aderisse às doutrinas e costumes do judaísmo, então o sacrifício de Cristo se tornaria sem nenhum valor. "Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas 2 : 21). Isto porque se os maus obreiros com suaves palavras e lisonjas conseguissem inchar a igreja com o seu fermento, então, seria fácil convencer os crentes a sustentá-los da forma como a Lei ordenava aos judeus sustentarem os sacerdotes levitas com dízimos e ofertas. Assim, eles não teriam de trabalhar como Paulo e seus companheiros trabalhavam e isto sim, era uma das maneiras de trazer escândalo e dissensão a doutrina que a igreja havia aprendido. Em seu testemunho de vida ministerial, Paulo fazia questão de dizer que era um imitador de Cristo (1Corintios 11 : 1). E como imitador de Cristo Paulo entregou de graça, o que de graça recebeu, conforme ensinou o Senhor Jesus (Mateus 10 : 8 ; 1Corintios 9 ; 18). Ainda como imitador de Cristo, Paulo trabalhou com suas próprias mãos para seu sustento e de seus companheiros (Atos 20 : 34 , 35). Jesus era carpinteiro e Paulo fazedor de tendas.

O trabalho honesto e digno foi praticado por Paulo no exercício da pregação do evangelho e foi um dos ensinos (doutrina) que ele, como apóstolo dos gentios legou à igreja cristã como tradição. "Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós" (2Tessalonicenses 3 : 6 - 8). E esse andar desordenadamente é justamente o não querer trabalhar para viver à custa do povo, conforme o ensino de Paulo sugere. E atente que em relação a estes que também são chamados de irmãos, Paulo ensina a se apartar, assim como ensina a se desviar em Romanos 16 : 17, pois são estes os que causam dissensões e escândalos contra a doutrina que Jesus, os apóstolos e Paulo ensinaram à igreja.

Se nos dias atuais alguém age a semelhança dos fariseus e saduceus e dos maus obreiros, quais querem introduzir na igreja o seu fermento, que são costumes do judaísmo e doutrinas da antiga aliança, que consiste nas obras da Lei e que não dizem respeito a igreja do Senhor; então são desses que devemos nos desviar, pois são estes que causam divisões e escândalos contra a doutrina.

"Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus."  (1Coríntios 10 : 32)

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.

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