Por Pedro Sales Monteiro
Todos sabemos que Jesus foi equivocadamente condenado á cruz. O Filho de Deus é santo, nunca pecou. Ele só aceitou essa sentença para cumprir a vontade do Pai e salvar a humanidade dos seus pecados. Porém, há algo que destaca ainda mais o amor de Nosso Senhor por nós. É o fato de que também o julgamento do Mestre foi feito de forma equivocada. Além de injustiça (injusta sentença), o desenvolvimento do julgamento foi iníquo, tanto se analisando conforme os padrões legais de hoje, com o da própria época (Mt 26:27; Mc 14:15; Lc 22:23 e Jo 18:19). Porém, Jesus não questionou e se submeteu a tudo por amor de nós.
Erros sobre erros
O primeiro erro do processo foi a sua realização noturna. Jesus foi interrogado a noite por Anás e Caifás, quando na realidade deveria sê-lo durante o dia, para que fosse obedecido o preceito da ampla defesa e publicidade processual. Para parecer legal, o sinédrio esperou amanhecer o dia, quando "legalizaram" uma decisão ilícita tomada à noite e levaram Jesus a Pilatos (Mt 27:1,2).
O segundo erro foi o das testemunhas. Testemunhas falsas depuseram contra Cristo. A acusação baseou-se predominantemente nesta frase proferida por Jesus: "destrui este templo e Eu o reedificarei em três dias". Jesus, entretanto, referia-se ao próprio corpo e não ao templo de Salomão. As testemunhas torceram as palavras de Jesus (Mt 26:60,61 e Jo 2:18,19).
O terceiro erro foi fazer com que o réu voltasse imediatamente a julgamento depois de haver sido absolvido. Jesus foi absolvido por Pilatos (Lc 23:4), mas acabou voltando a julgamento horas depois, até a condenação final.
O quarto erro foi o sinédrio ser suspeito. Membros do sinédrio pagaram trinta ciclos de prata a Judas Iscariotes para que entregasse o réu (Mt 26:14-16).
O quinto erro foi o equívoco na duração do processo. O processo de Jesus durou menos de um dia. Ele foi iniciado e encerrado em tempo recorde. O Filho de Deus foi acusado, julgado, absolvido, julgado de novo, condenado e executado em não mais de que doze horas. Preso pela meia-noite, foi crucificado ao meio-dia, morrendo às três horas da tarde.
Não há amor igual
O julgamento foi irregular e inteiramente viciado para levar Jesus à condenação. Foi um dos mais injustos da história. Os judeus são culpados pela condenação de Jesus moralmente e os romanos juridicamente, já que o sinédrio tinha jurisdição para julgar, mas não condenar à morte. Sua competência para tanto fora perdida durante a dominação romana. Só a autoridade romana podia impor a pena capital. Neste caso, somente Pilatos poderia absolver ou condenar Jesus.
Apesar de seu julgamento ter sido feito de forma irregular, o Mestre não reclamou, mas deliberadamente permaneceu em silêncio para cumprir a profecia bíblica. "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca." (Isaías 53:7).
Ele se permitiu sofrer esse processo injusto por amor de nós. Não há amor igual.
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