“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque daí o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais
importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé” (Mt 23.23).
[....] A quem Jesus estava dirigindo Suas Palavras e qual o teor destas
Palavras? Sem dúvida compreendemos que Jesus se dirigia aos escribas e
fariseus, e não a cristãos (como muitos afirmam); tanto, que Jesus não
os tratou pelos seus próprios nomes, mas pelo título da sua religião!
Esses homens, vivendo o judaísmo regido pela Lei, confiavam na sua
própria justiça e capacidade, no que tange à guarda da Lei.
Apresentavam-se à Jesus nas condições de perfeitos, ostentando
hipocritamente grande santidade e confiança nas suas próprias obras de
justiça; enquanto isso não aceitavam a autoridade divina de Jesus
[Disponível http://www.odizimoeagraca.com/capitulo3.php - Extraído no dia 13/06/2012].
Os fariseus nos dias de Jesus eram autoridades eclesiásticas que
tinham poder para julgar o povo segundo a lei mosaica, mas usavam um
critério rústico, um zelo cego, pesado, sem amor e sem misericórdia.
Jesus vendo esse critério os repreende dizendo:
“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não
holocausto; pois não vim chamar justo, e sim pecadores, ao
arrependimento” (Mt 9.13). Já nos tempos antigos o Senhor Deus repreende
os sacerdotes exigindo misericórdia: “Pois misericórdia quero, e não
sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Oséias
6.6).
A Igreja é de Jesus e não do homem. O Espírito Santo constitui
ministros para apascentar e ministrar corretamente a Palavra. Não temos o
direito de dirigirmos conforme nossas tradições.
A fé sem o conhecimento pode resultar em fanatismo e heresias. O
conhecimento sem fé é intelectualismo ou legalismo. Imaginemos que
alguém tem fé, conhecimento, mas não tem amor. Tal pessoa pode ser
perigosa, tornando-se um manipulador e até mesmo agressor.
Quando Tiago e João quiseram pedir fogo do céu para destruir os
samaritanos, eles demonstraram que tinham conhecimento e muita fé, mas
nenhum amor ao próximo, nenhuma bondade, nenhuma paciência, nenhuma
misericórdia, nenhum domínio próprio. Felizmente, Jesus impediu aquela
tragédia e, mais tarde, aqueles discípulos aprenderam a amar.
O apóstolo do amor nos ensina dizendo: “O amor seja sem
hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente
uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros” (Rm 12.9-10). “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em
ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz
inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais
acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, passará” (1ª Co 13.4-8).
I. SÃO LOBOS CRUÉIS QUE NÃO PERDOARÃO O REBANHO
O apóstolo Paulo, que defendeu o direito da igreja dos gentios de
liberdade em relação ás tradições judaizantes, também foi ardoroso
combatente contra os falsos ensinos e manifestações, quer carnais, quer
sobrenaturais, que não estavam de acordo com a fé cristã.
A preocupação de Paulo em sua mensagem pastoral para os ministros de Éfeso era:
“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo
vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele
comprou com seu próprio sangue. Eu sei, que depois de minha partida,
entre vós penetrarão lobos devoradores que não perdoarão o rebanho. E
que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20.28-30).
Paulo nos ensina dizendo que o rebanho é de Deus que deve ser
apascentado por quem o Espírito Santo constitui bispos. Pois foi remida
pelo sangue o de Jesus (v. 28); Mas que do seu meio da igreja se
levantaria homens perversos.
Paulo diz para os líderes espirituais que devem olhar
primeiramente para si mesmos e depois para o rebanho; que devem vigiar, e
lembrar o exemplo apostólico; que a Palavra de Deus seria sua
suficiência. Que deviam seguir o exemplo de trabalho que ele deixara;
que lembrassem as palavras do Senhor Jesus (não menciona nos evangelhos)
“Mas bem-abenturada coisa é...”.
Jesus deixa-nos o exemplo de Bom Pastor dizendo: “Eu sou o Bom
Pastor; e o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário,
que não é pastor, de quem não são as ovelhas, se vir o lobo, e deixa as
ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora o mercenário foge,
porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas” (Jo 10.11-13).
Jesus declara que Ele é o Bom Pastor prometido nas profecias.
Esta metáfora de Jesus como Bom Pastor ilustra o cuidado terno e
devotado que Ele tem pelo seu rebanho. É como se Ele disse: “Eu sou,
para com todos aqueles que crêem em Mim. O que um bom pastor é para suas
ovelhas; cuidadoso, vigilante, amoroso e misericordioso”.
Mas o mercenário, o falso pastor, não tem o cuidado devido e o
verdadeiro amor palas ovelhas de Cristo. Na qualidade de mercenário é
também um lobo. O lobo parece com a ovelha e até finge ser ovelha, mas é
lobo devorador.
O mercenário é frio para suas ovelhas, não perdoa e não tem
misericórdia. Seu coração está voltado para o materialismo, para suas
idéias, tradições, se você não faz como ele quer, ele te coloca para
fora, isto é, dispersa, refuga ou exclui do rol de membros, isto porque é
o mercenário.
A palavra no original grego é apascentar, guardar, cuidar, pastorear e ensinar o rebanho, segundo a Palavra do Senhor e com amor e carinho.
Na parábola dos dois servos, em Mt 24.45-51, Jesus diz que o mal
servo (o falso ministro), espancava os seus conservos. Isto prova a
crueldade e a falta de amor fraterno, e mais, a falta de temor, pois a
Igreja é do Senhor e não minha, mas Daquele que deu o seu sangue para
seu resgate. No final desta parábola Jesus diz que virá o Senhor daquele
servo num dia que o não espera, e separá-lo-á, e destruirá a sua parte
com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes. Jesus virá para
separar os lobos das ovelhas, o joio do trigo, e lançará no lago de
fogo, aonde o bicho nunca morre. Por esta razão o mestre Jesus nos
advertiu dizendo: “Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos
saduceus” (Mt 16.6).
O maior exemplo de misericórdia e amor o mestre Jesus deixou-nos
quando os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério.
Embora a lei ordenasse que apedrejasse, Jesus diz: “Atire a primeira
pedra àquele que nunca pecou” (João 8.3).
Os fariseus eram homens de uma falsa religiosidade. Entretanto,
devemos saber que: O amor, a fé, e a misericórdia devem ser a suprema
excelência do pastor.
Deus prefere ser compassivo em lugar do cumprimento meticuloso
das leis. A misericórdia deve ser um dos atributos do líder.
“Finalmente, sede todos de igual ânimo compadecidos, fraternalmente
amigos, misericordiosos, humildes. Não pagando mal por mal ou injúria
por injúria...” (1ª Pe 3.8, 9).
Na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-35), Jesus nos deixa outro exemplo de misericórdia e amor.
Durante cerca de 800 anos, os judeus não se davam com os
samaritanos, porque em 722 aC, Salmanezer ou Sargão II, rei da Assíria,
tomara Samaria e misturara seus habitantes com babilônicos e sírios, que
trouxeram suas tradições e crenças religiosas contrária as dos judeus. E
por esta razão os judeus nem sequer se cumprimentavam ou olhavam para
um samaritano. Mas, o que me chama atenção que Jesus não contou está
parábola para o povo que vinha para lhe ouvir, ou uma pessoa qualquer,
mas a um mestre religioso, um “fariseu intérprete da lei” (v.25).
O homem assaltado não é qualificado. Ele é um anônimo. Podia ser
um mero viajante, um peregrino, um desempregado, etc. Quem socorre o
homem moribundo não foi o sacerdote fariseu conhecedor da lei, nem o
levita distinto na casa de Deus, mas o samaritano, o inimigo dos
judaizantes, o pecador, desprezado. Este desce de seu cavalo, cuida de
suas feridas, coloca óleo e vinho nas suas feridas, põe na sua
cavalgadura, leva até a hospedaria (que representa a Igreja), paga sua
hospedagem e ainda diz: “cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a
mais, eu te indenizarei quando voltar” (v. 36).
Muitos se dizem religiosos, mas evitam se comprometer com os
problemas dos outros. O nosso círculo de amor não deve ser limitado aos
nossos familiares, colegas e amigos. Jesus procura mostrar aos fariseus
que o nosso “próximo” é todo aquele que necessita de auxílio e podemos
ajudar. A verdadeira fé é a prática do amor (Tg 1.27), e misericórdia.
O amor é uma necessidade de sobrevivência. É o principal e
grandioso sentimento mutuo da humanidade, mas o mais difícil de ser
compreendido e vivido pela maioria dos cristãos nos dias de hoje.
A essência do amor perde-se nas cobranças exageradas,
incompreensões, desconfianças e preocupações do cotidiano. Muitos buscam
a igreja para encontrar o verdadeiro amor, mas desvanecem por ver
aqueles que só buscam os seus interesses pessoais.
As cobranças exageradas são atitudes mascaradas de amor que os
líderes utilizam para justificar o excesso de zelo e preocupações com a
igreja; ignorando que é preocupações próprias e imaturas, o que acabam
por gerar um jugo sobre a igreja. (Mt 23.1-5).
Os “líderes” costumam dizer que são representantes de Deus na terra, para mantê-los sob seu controle e satisfazer seus próprios anseios.
O “ministro” sem misericórdia se torna um ditador, se assenta em
um trono como se fosse um rei e sua palavra é a única fonte de verdade.
Mas, o verdadeiro ministro se conhece pelos frutos do Espírito (Gl
5.21-22).
II. O VERDADEIRO MINISTRO SE COMPADECE DOS PECADORES
O ministro deve ter simpatia, ou seja, capacidade para
compartilhar as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuram e,
ao mesmo tempo, ter capacidade para se colocar no lugar do outro. Só
quem tem essas qualidades pode ser um intercessor.
Duas qualificações são necessárias para um verdadeiro ministro.
1. O ministro deve ser compassivo, manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado involuntário e por franqueza.
2. Deve ser designado por Deus. Cristo cumpriu esses requisitos e nós ministros devemos ser seus imitadores.
O verdadeiro pastor é aquele que aprendeu com o mestre nos seus
ensinos a buscar a ovelha perdida, curar a machucada, e cuidar das
fortes. O ministério de um pastor é fazer aliança e não divisão e
contenda.
Existem dois padrões de perfeição: o humano e o divino. Ou seja,
enquanto tantas vezes somos implacáveis com as pessoas que falham
conosco, Deus é paciente e longânimo; enquanto colocamos condições para
amar, o amor de Deus é simplesmente incondicional. Deus nos ama por
aquilo que somos e não por aquilo que fazemos.
Um dos maiores equívoco do fariseu, é que ele faz o que não tem
que fazer e com isto acaba deixando de fazer o que realmente deveria, ou
seja, na luta para ser aceito e amado ele deixa de amar. Cumpre todas
as regras e se esquece do mandamento que resume toda a lei moral de
Deus.
Este duplo erro é conseqüência de um forte bloqueio na sua
compreensão acerca da graça divina. Precisamos cada vez mais entender a
importância de recebermos o que Deus nos concede gratuitamente. É
preciso quebrar esta mentalidade que nos foi introduzida pelas religiões
onde temos que merecer o amor de Deus.
Não devemos confundir resultados com frutos. Um dos problemas dos
fariseus é exigir resultados sem ter fruto do Espírito. Na verdade,
espiritualmente falando, não adianta forçar resultados exteriores se o
caráter não for trabalhado.
Pr. Elias Ribas
Igreja Assembléia de Deus
Blumenau - SC
Fonte: http://www.blog-emunah.com
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