Páginas

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Tribunal de Cristo e os Galardões



INTRODUÇÃO

"Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo." (Romanos 14 : 10).

Após o arrebatamento a igreja adentrará a glória na companhia do seu amado Senhor. Por sete anos ela estará nos céus, enquanto na terra se cumprem os juízos divinos na grande tribulação. Nos céus acontecerá a premiação dos salvos, por ocasião do Tribunal de Cristo e as bodas do Cordeiro. Alguns teólogos acreditam que ambos os eventos serão simultâneos, pelo fato de que, segundo a tradição judaica, as bodas são comemoradas por uma semana, e no céu, a igreja passará sete anos que corresponde a uma semana profética. A lição desta semana nos abre a oportunidade de entender que no Tribunal de Cristo haverá um julgamento de obras diferenciado. a) o julgamento das obras dos crentes que se dará mediante o que ele fez na terra por meio do corpo e, b) o julgamento das obras dos ministros que exercem a liderança na igreja que será mais rigoroso. Comentarei sobre isso nessa lição.

I – O TRIBUNAL DE CRISTO E OS CRENTES.

1. O julgamento. "Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente;"(Salmos 9 : 4).

No tribunal de Cristo o julgamento não será por causa de nossos pecados. Esse juízo aconteceu na cruz, quando Jesus foi condenado em nosso lugar, pois pelo pecado, estávamos condenados a morte. (Romanos 6 : 23). Jesus tomou essa condenação morrendo em nosso lugar (Romanos 5 : 8).

Quando se fala em tribunal, a ideia que se tem é de um lugar com juiz, júri e o reú que será julgado. Mas não será assim no Tribunal de Cristo. O termo Tribunal tem duas definições no original grego. A primeira é “Helieia” (Ήλιαία) que era o tribunal supremo da antiga Atenas. Esse tribunal era realizado em uma área aberta, ao sol (helios). A “Helieia” também era chamada de “Grande Eclésia” (grande assembleia) e inicialmente designava o local onde as audiências eram convocadas. Os juízes que a integravam eram chamados de “heliastas” (Ήλιασταί). O tribunal era composto de 6.000 membros, escolhidos localmente por sorteio entre todos os cidadãos com mais de 30 anos de idade. Neste tribunal os réus eram julgados, sendo condenados ou absolvidos.

A segunda definição de tribunal em grego é “bema”. Diferente da “Helieia”, “Bema” era uma espécie de plataforma elevada, onde o juiz sentava-se num assento chamado “bema”. Este ficava na linha de chegada da competição. O objetivo do juiz era determinar em que lugar os corredores tinham chegado (primeiro lugar, segundo lugar, etc.), para depois entregar os respetivos prêmios aos vencedores. O conceito “bema” vem das Olimpíadas antigas que Paulo conhecia muito bem. "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis." (1Coríntios 9 : 24). Foi essa definição (bema) que Paulo usou para designar o Tribunal de Cristo, onde serão galardoados ou premiados os crentes que realizaram as obras conforme a vontade de Deus. Alí, alguns serão recompensados, mas muitos não.

2. Quando se dará? "Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro." (Apocalipse 22 : 7).

Acredita-se que o Tribunal de Cristo acontecerá logo após a vinda de Cristo para arrebatar a Sua igreja. Como já foi dito acima, esse tribunal será instaurado, não para condenar os crentes, mas para premiá-los conforme as obras que aqui realizaram ou não. Neste tribunal, os crentes serão julgados por aquilo que fizeram aqui neste mundo por intermédio do corpo, ou bem ou mal (2Corintios 5 : 10). Observe a ênfase que Paulo dá “por meio do corpo”. O que isso significa?

Paulo nos ensina e até roga pela compaixão de Deus que nossos corpos devam ser apresentados a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, como um culto racional (Romanos 12 : 1). Certamente que seremos cobrados se fizemos assim ou não. Paulo também ensina que nosso corpo hoje é o templo vivo de Deus, onde Ele habita por meio do Espírito Santo (1Corintios 6 : 19). Sendo nosso corpo a morada de Deus, temos que ter o cuidado de não profaná-lo ou manchá-lo. Como pode acontecer isso? Uma das maneiras é pelo pecado da lascívia que provém do uso de vestes indecorosas, bem como marcas feitas no corpo, como tatuagens, piercings e outras coisas que podem descaracterizar a imagem de Deus em nós. Mas, sobretudo, devemos ter o zelo e a vigilância de não expormos nossos corpos a prostituição. Paulo diz: Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Corintios 6 : 18 , 19). Isto quer dizer que qualquer forma de prostituição que é o pecado cometido pelo corpo, é um pecado cometido contra a casa de Deus. Por isso, seremos julgados se não levarmos em conta essa grande advertência.

Alguém pode pensar que esse tipo de pecado poder ser mais freqüente entre os jovens que são solteiros e que os adultos e casados podem estar isentos de cometer esse pecado. Mas veja o que escritor aos hebreus nos exorta: "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará."  (Hebreus 13 : 4). O pecado contra o corpo que é a prostituição e o adultério é tão grave, que Paulo chegou a entregar um jovem que cometeu esse delito nas mãos do diabo, para que sua carne fosse destruída, a fim de que o espírito fosse salvo no Dia do Senhor (1Coríntios 5 : 5). Jovens que não se guardam puros para o casamento, serão julgados por isso, uma vez que a Palavra já os advertira sobre isso (1Corintios 7 : 8 , 9). Jesus vem buscar uma igreja que se purificou no corpo, na alma e no espírito (1Tessaloniceses  5 : 23). Paulo, como um excelente obreiro, teve muito zelo quanto esse cuidado na igreja. "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo." (2Coríntios 11 : 2). Infelizmente muitos crentes não atentam para isso e acham que o que fazem ou deixam de fazer com seus corpos não terá nenhuma implicância quanto a salvação. Mas o Senhor cobrara-nos quanto a isso no seu Tribunal.

Além do que fizermos no corpo, também prestaremos contas de nossas ações, principalmente pela maneira como tratamos nossos semelhantes. "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo." (Romanos 14 : 10). A base do julgamento em relação ao próximo será o amor que Jesus nos deixou como o maior dos mandamentos (João 15 : 12). Amor esse que precisa ser imparcial e sem exibicionismos, como muitos gostam de fazer (Lucas 6 : 31 – 36 ; Romanos 14 : 10). A omissão em poder fazer algo pelo próximo aqui nesta vida, será levado em conta neste Tribunal. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas."(Efésios 2 : 10).

3. Quem será o Juiz? “Ó Deus, dá ao rei os teus juízos, e a tua justiça ao filho do rei.Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo”.  (Salmo 72 : 1 , 2).

O juiz será o próprio Senhor Jesus, pois a Ele foi concedido pelo pai exercer todo o juízo (João 5 : 22). Jesus julgará a Sua igreja (2Corintios 5 : 10 ; Romanos 14 : 10); julgará as nações, separando os bodes das ovelhas por ocasião da sua vinda em glória (Mateus 25 : 31 – 46 ; 2Timóteo 4 : 1); e julgará o mundo no juízo final assentado no Trono Branco (1Pedro 4 : 5 ; Apocalipse 20 : 11 – 15). No julgamento dos crentes, após o arrebatamento, Seu julgamento será com justiça e sem parcialidade, pois Ele reconhecerá e recompensará ou não todo o serviço que foi feito em favor de Seu reino. "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor." (1Coríntios 15 : 58).

II – AS OBRAS DO CRENTE E O JULGAMENTO DE CRISTO

1. A precisão do julgamento.

Na introdução deste estudo eu salientei que no Tribunal de Cristo o julgamento será diferenciado para crentes e obreiros (ministros). Neste tópico estarei explicando o motivo, usando a exegese bíblica.

Para o entendimento sobre esse tema, é necessário atentar para o contexto da leitura em classe, começando no capítulo 2 e indo até o capítulo 4 da primeira carta que Paulo escreveu aos Coríntios. A leitura em classe, como base desta lição está na primeira carta aos Coríntios capítulo 3 e versos 11 a 15, que diz:

11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
12 E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
14 Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.
15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Analisando cuidadosamente este texto com o seu contexto, vamos ver que Paulo está falando com aqueles que exercem posições eclesiásticas na igreja, como: apóstolos, bispos, pastores, presbíteros, etc. Como foi dito acima, os crentes como membros da igreja serão julgados pelo que fizerem por meio do corpo e sobre suas ações para com o próximo (2Corintios 5 : 10). Mas com aqueles que exercem liderança na igreja o julgamento será diferenciado e mais rigoroso. Jesus fala sobre isso: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lucas 12 : 47 , 48).

No segundo sub-tópico da lição que consta na revista, o comentarista explica o significado do ouro, da prata e das jóias preciosas que são obras que permanecerão, bem como da madeira, do feno e da palha que são obras que não passarão pelo fogo de Deus (1Corintios 3 : 12 – 15). Ensina-se que estas são as obras de todos crentes que serão julgadas. Mas estas obras não são realizadas pelos crentes comuns e sim por àqueles que foram constituídos sobre a casa de Deus como mordomos, responsáveis pela edificação da igreja (Mateus 24 : 45 ; Lucas 12 : 42).

No texto de 1Corintios 3, Paulo está falando a igreja de Corinto, sobre a responsabilidade do obreiro em relação a igreja do Senhor. Ele, inclusive alude a sua própria pessoa e seu companheiro Apolo que o ajudou a edificar a igreja naquela cidade. “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1Corintios 3 : 6). Nos versos que seguem, Paulo exclui qualquer tipo de pretensão quanto a ter fundado o trabalho do Senhor alí. Ao contrário de muitos hoje, ele atribuiu toda a glória a Deus. “Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (verso 7). Mas em seguida, Ele fala da recompensa daquele que faz o trabalho como o Senhor ordenou. “Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho”(Verso 8). Observe que o galardão (prêmio, recompensa) será dado ao obreiro segundo o seu trabalho realizado em favor da igreja. Ressalto que este galardão não se refere aos crentes como membros, mas a obreiros. No verso 9, Paulo fala de sí e de Apolo como cooperadores de Deus, com responsabilidades sobre a igreja. “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (verso 9). Agora, observe com atenção como Paulo se expressa no verso 10. “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele” (verso 10).

Paulo havia recebido de Deus uma missão especial que foi trabalhar com os incircuncisos gentios, pregando a salvação pela graça e pela fé, sem as obras da lei (Atos 20 : 24 ; Efésios 3 : 8). Pelas cidades por onde passou, Paulo deixou uma comunidade de crentes alicerçada na fé em Jesus. E o fundamento das igrejas locais que ele plantou era o próprio Senhor que nos trouxe a salvação pela graça. (Efésios 2 : 5 ; 8). Paulo, como desbravador não poderia ficar nas igrejas que plantou, por isso, aconselhou àqueles que presidiriam essas igrejas que ele iniciou na maneira como tratar a eleita de Deus. Paulo teve o cuidado de ensinar que “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Corintios 3 : 11). Saliento que a igreja, ou igrejas aqui no contexto não se refere a prédios erguidos, porque os crentes naquela ocasião sofriam perseguição por parte de Roma e também dos judaizantes. Por isso, a igreja não se reunia em templos, visto ser este um costume do judaísmo de onde a igreja saiu. Eles se reuniam nas casas uns dos outros e às vezes, devido as circunstancias, nas cavernas e em outros lugares. Os templos só vieram a ser construído depois da era apostólica, com o surgimento da igreja romana no seculo III.

2. Ouro, prata e pedras preciosas. 3. As obras que perecerão. “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.”  (1Coríntios 3 : 12 , 13).

Aqueles que substituiriam Paulo na direção do rebanho deveriam tomar o cuidado de edificar um edifício (igreja/pessoas) sobre o fundamento fixado por ele (verso 12). E, ressalto mais uma vez que edifício aqui não se refere a um templo feito por mãos humanas, mas de pedras vivas que é a igreja como templo vivo de Deus. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Efésios 2 : 20 – 22). Veja o testemunho de Pedro sobre a mesma doutrina ensinada por Paulo. "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo." (1Pedro 2 : 5).

As obras como ouro, prata e pedras preciosas se referem ao trabalho exercido na edificação da igreja de acordo com a vontade de Deus. Nenhum pastor foi autorizado mudar o fundamento que é Jesus. É certo que a igreja Católica Romana fez isso, quando colocou Pedro como esse fundamento interpretando erroneamente Mateus 16 : 18. Mas os ministros de Cristo não devem seguir a doutrina romana, pois a igreja do Senhor precisa ser edificada na doutrina neotestamentária que valoriza o sacrifício de Cristo feito no Calvário, onde Ele cumpriu toda a lei, pagando todas as dívidas que tínhamos com ela (Colossenses 2 : 14 - 17). Infelizmente assim como a igreja Católica, vemos muitas igrejas evangélicas sendo edificadas sobre outro fundamento, como nos ensinos de Moisés, dos profetas e nas obras da lei. Jesus foi bem claro, quando disse: "A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele." (Lucas 16 : 16). Mesmo assim, muitos líderes estão substituindo o fundamento da nova aliança pela antiga. Algumas igrejas trocaram o fundamento Jesus por ritos do judaísmo, por campanhas diversas e até objetos ungidos, como forma de obterem bênçãos e proteção. Estas são algumas das obras de madeira, feno e palha que não resistirão ao fogo e que deixará muitos líderes envergonhados naquele Dia. Todo aquele que faz a obra de Deus a troco de recompensas materiais, ou para serem visto pelos homens, seja obreiro, seja cantor, já recebeu aqui o seu galardão (Mateus 6 : 2).

“...na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” (1Corintios 3 : 13). O fogo aqui representa a justiça divina da qual ninguém escapará, "Porque o nosso Deus é um fogo consumidor." (Hebreus 12 : 29). Infelizmente, as obras de muitos líderes não serão aprovadas, contudo, estes serão salvos como que pelo fogo. Segundo o comentário de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal, “salvo como que pelo fogo”, significa: “como que por um triz”. Muitos hoje brigam por ocuparem uma posição eclesiástica, principalmente a de pastor, sem se preocuparem que o julgamento pra eles será mais severo, como Tiago nos exorta. "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo." (Tiago 3 : 1).

Continuando esse ensino tão profundo e sério sobre a recompensa ou não do obreiro, veja o que Paulo diz nos versos 16 e 17 de 1Corintios 3: 16  Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17  Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”. Aqui mais uma vez Paulo mostra que a igreja e não os templos é a casa de Deus. Muitos líderes estão mais preocupados com a arquitetura e a aparência de seus templos do que com a verdadeira casa de Deus. Gastam enormes fortunas em construções, reformas e revitalizações destes edifícios e, como se não bastasse, ainda jogam para a igreja as despesas destes empreendimentos. Mas dificilmente se preocupam com a necessidade de um membro, como os apóstolos faziam no inicio da igreja (Atos 4 : 34).

Mas, voltando aos textos, como um líder pode destruir o templo de Deus? Agindo da mesma maneira que os sacerdotes do tempo de Oséias. Naquele tempo, o povo de Deus que era Israel foi destruído porque lhes faltou o conhecimento (Oséias 4 : 6). Os sacerdotes deixaram de passar o conhecimento da Palavra de Deus ao povo, pois descobriram que manter o povo na ignorância lhes rendia um bom lucro (Oséias 4 : 8). Assim, enquanto eles enriqueciam, o povo era destruído pelo pecado, por não conhecerem a vontade de Deus, que era da responsabilidade dos sacerdotes lhes ensinar (Malaquias 2 : 7). Da mesma forma hoje, se um líder de igreja, seja apóstolo, pastor, bispo ou presbítero, não ensinar ao povo as verdades divinas, o mesmo será julgado e suas obras não passarão pelo fogo de Deus.

Concluindo este tema, Paulo ensina que a base do julgamento para o ministro do evangelho será a fidelidade. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Corintios 4 : 1 , 2). No que consiste essa fidelidade? No sustento dado a igreja no devido tempo (Mateus 24 : 45 ; Lucas 12 : 42 – 48). 

"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus."  (1Pedro 4 : 10). Os mistérios de Deus são os ensinos sacros, que é a doutrina que alimenta, sustenta e fortalece a igreja. Neste texto, Paulo usa a figura do despenseiro para ilustrar a pessoa do ministro (pastor). Quem era o despenseiro? Na antiga aliança era o que cuidava da despensa do templo responsável pela distribuição do mantimento àqueles que trabalhavam nele e para os necessitados. O despenseiro era o mesmo que tesoureiro ou mordomo (Isaías 22 : 15). A despensa no caso, era a casa do tesouro, também chamado de câmaras, donde eram levados os dízimos e as ofertas como mantimento na Casa do Senhor (2Crônicas 31 : 11 , 12 ; Malaquias 3 : 10). O despenseiro que alí administrava precisava ser fiel, pois tratava com algo que não lhe pertencia. No livro de Neemias 13 vemos o caso do sacerdote Eliasibe que como despenseiro presidia a casa do tesouro. Ele não fiel a sua função e acabou por se apossar daquilo que não lhe pertencia, deixando os levitas e os que faziam a obra sem o sustento diário que provinha dos dízimos e das ofertas. Por isso que Deus se sentiu roubado (Malaquias 3 : 8).

Neemias ao retornar da Babilônia restaura a ordem em Judá e ordena trazer de volta os levitas e pede ao povo a voltar a dizimar e ofertar. Ele destituiu Eliasibe do cargo e colocou no lugar dele quatro despenseiros que foram achados fiéis. Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros. E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus irmãos (Neemias 13 : 12 , 13). Você pastor, como ministro e despenseiro de Deus, está sendo fiel na ministração da palavra e na distribuição dos recursos da igreja para os irmãos? Lembre-se que no Tribunal de Cristo isto será julgado.

III – A PRESTAÇÃO DE CONTAS DO CRENTE E OS GALARDÕES

1. Os pastores darão conta dos seus rebanhos. "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13 : 17).

Justiça seja feita. Aos que são verdadeiramente pastores que cumprem suas chamadas com responsabilidade e de acordo com os padrões divinos estabelecidos, receberão de Deus a devida recompensa, "Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis." (Hebreus 6 : 10). O escritor aos hebreus exorta aos crentes à obediência a seus pastores, lembrando que eles haverão de dar contas das ovelhas que lhes foram confiadas. Aquele que é verdadeiramente pastor sabe disso e cuida do rebanho de Deus com o mesmo amor com o qual Jesus amou os seus. Pedro exorta-os também cuidarem das ovelhas do Senhor, na promessa de que quando o Senhor vier, os tais receberão a incorruptível coroa de glória. “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória” (1Pedro 5 : 2 – 4). Esse é o padrão divino dado aos pastores, como exemplo do próprio Senhor – o Bom Pastor (João 10 : 1). Porém, uma grande maioria, sem exagero, segue o exemplo dos pastores de Ezequiel 34.

2. Crentes darão conta de seu talento. Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe” (Mateus 25 : 14 , 15).

Caro aluno, professor e mestre. Se você pode perceber nesta lição, os textos relativos a julgamento e recompensa dos crentes no Tribunal de Cristo dão mais ênfase àqueles que lideram as igrejas do que aos próprios crentes. Isto porque, como bem enfatizou Jesus. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lucas 12 : 48b). Assim, este último tópico também irá abordar este assunto. Leia com carinho a parábola dos talentos em Mateus 25 do verso 14 a 30 e descubra que nesta parábola, Jesus está mais uma vez tratando com os que exercem funções eclesiásticas.

Na parábola que Jesus ensina, os talentos foram dados a três tipos de servos, conforme a capacidade que cada um tinha de administrá-los. Isso mostra que Deus não nos dá responsabilidades que não tenhamos condições de cumpri-las. Os três servos da parábola representam os pastores e os talentos representam os membros de Sua igreja. O talento era a maior das unidades hebraicas de peso e de valor monetário. Era valioso por ser de ouro puro ou prata, os metais mais caros (Êxodo 38 : 29; 2Samuel 12 :3 0; 1Reis 10 : 10). Jesus certamente usou a figura do talento de sua época, por ser a moeda mais valiosa, pois naquele tempo, um talento pesava 58,9 Kg, o equivalente a 130Lbs. O valor do talento é uma figura do valor que temos para Deus, que por seu filho nos comprou com um preço muito mais valioso (1Pedro 1 : 8).

Os talentos aqui na parábola não se referem a dons, qualidades ou a boas obras dos crentes, mais a valores. Não valores monetários, mas valores humanos, pois para Deus uma vida vale mais que todo ouro ou prata. Por isso, aqueles que receberam os talentos deveriam negociá-los a fim de ganharem mais talentos para apresentarem ao seu dono quando este voltasse de viagem. Observe o que Jesus disse: Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens...” (Mateus 25 : 15a). Jesus ao ascender aos céus partiu literalmente para “fora da terra”, mas prometeu voltar outra vez. Os bens que Ele entregou ao cuidado de seus servos são as suas ovelhas. Compare com o servo fiel e prudente de Mateus 24 : 45 e com o mordomo fiel de Lucas 12 : 42. Todos se referem a lideres com responsabilidades para com o rebanho.

No ato de sua iminente volta, Jesus tratará com todos os crentes indistintamente. Porém, tratará diferenciadamente com os pastores e mestres a requerer aquilo que de fato lhe pertence – nós, as suas ovelhas. Dois dos servos souberam a vontade de seu Senhor e trabalharam e multiplicando os talentos. Mas um deles não fez caso e acabou por enterrar o único talento que recebeu para cuidar. Quantos talentos não estão sendo enterrados por causa da administração de pastores irresponsáveis que só valorizam o membro por aquilo que ele tem e pode dar-lhes. Quantos talentos de Deus não estão sendo tratados com indiferença nas igrejas e outros até expulsos das congregações?

Pastor, atente para o fato que seu trabalho frente ao rebanho do Senhor não é julgar, não é condenar e muito menos expulsar a ovelha do redil, mas amar e protegê-la. O seu trabalho é multiplicar os talentos ganhando almas para o reino de Deus. Se por exemplo, Deus lhe confiou um rebanho com dez ovelhas, seu papel será apresentar a este quando voltar pelo menos vinte. É dito que na matemática de Deus não é aceita a divisão e nem subtração. Seu papel como obreiro fiel é a multiplicação, mas multiplicação com responsabilidade.

CONCLUSÃO

No Tribunal de Cristo todos, indistintamente seremos julgados. Os crentes o serão por meio do que fizeram pelo corpo, ou bem ou mal. Mas os ministros, responsáveis pela obra de Obra de Deus, serão pelo que fizeram a igreja e com os recursos desta.

Que o Senhor nos ajude a ser fiéis para não sermos envergonhados naquele Dia.

“Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá” (Lucas 12 : 43 , 44).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.



6 comentários:

  1. Cada dia que passa vejo a casa de Deus mais cheia 1cor10;32 , 14;33 , 1tm3;15

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E é pra ser mesmo. Por isso os ministros irão prestar contas diante de Deus, conforme enfatizei aqui.

      Abraços.

      Excluir
  2. A paz irmão,

    Assisti seu vídeo no Facebook e que benção!
    Creia que o alcance é muito maior do que se estivesse no púlpito, como fazem os religiosos, que falam sobre coisas vãs e não ensinam o Evangelho e a volta do Senhor.
    Me alegro muito em ter conhecido o irmão fazer parte desta família que será resgate pelo Senhor da IGREJA brevemente!

    Em Cristo,
    ***Lucy Jorge***

    P.S. Estou sentindo falta de suas visitas no "meu" espaço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita.

      Perdoe-me pela ausência. Me aguarde.

      Abraços.

      Excluir
  3. Olá irmão Reinaldo , eu acho que vi um texto seu a respeito de ungido , anti cristo. essas coisas ,mas não consigo mais encontra , se você tem esse estudo pode mandar pra mim , queria mostra a uma amiga . gosto muito de ler seus estudo e de extrema importância e sabedora para nossas vidas. Obrigada.

    ResponderExcluir

Todos os comentários são liberados e publicados automaticamente. Porém, serão excluidos se houver falta de respeito ou palavras obscenas